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Identidade e narcisismo

Em Cuiabá, Colapso faz surgir força que movimenta a cena audiovisual

11 Abr 2010 - 14:45

Da Redação - Lucas Bólico e Jardel Arruda

"Ninguém é aquilo que vê no espelho"



Felippy Damian é o oposto de Maurício Falchetti. O primeiro faz Publicidade e Propaganda na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). O segundo se formou em Radio e TV há pouco tempo e agora cursa o Mestrado em Cultura Contemporânea na mesma universidade. Uma das poucas semelhanças entre os dois é a Comunicação Social no currículo.

Damian tem um ar juvenil de despreocupação e criatividade, sua fala é carregada em gírias e volta e meia 'termina' as frases pela metade. Falchetti já é mais articulado e, ao menos, parece ser mais concentrado. Apesar das evidentes diferenças, ambos se juntaram em um projeto que trabalha justamente a questão da identidade: Colapso Narciso.

Antes que fique difícil de explicar, Colapso Narciso é um curta-metragem e nasceu na cabeça de Felippy, que contou a ideia para Falchetti e que, por sua vez, a adaptou. “Fazia tempo que ele (Felippy) queria filmar alguma coisa. Ai ele fez um roteiro e me mostrou. Eu olhei e disse que aquilo não era o final da estória, mas sim o começo”, relembra o mais articulado entre os dois. A partir daí, Colapso Narciso começou a ganhar corpo.

O protagonista do curta, Raul Narciso, tem uma vida infeliz e monótona, até descobrir sofrer um problema de identidade. “Um dia ele olha para o espelho e vê que ele não é ele”, resume Damian. Assim, o curta-metragem trata com autenticidade uma temática complexa: a formação da individualidade do homem social e a interferência dos outros na composição do conjunto de características que definem as pessoas.

Tamanho é o colapso que o roteirista e o diretor – respectivamente Felippy e Mauricio – definem o curta como um filme sem interpretação definida. Fala de egoísmo, de individualidade, de medo, da vida em sociedade, do cotidiano. Tudo isso encaixado em aproximadamente 12 minutos de audiovisual.

Mas ao contrário do que possa parecer, a produção não é difícil de digerir. Palavras de Falchetti, que já tem mais 70 curtas no currículo. Ele tem preferência por blockbusters, uma vertente mais voltada ao entretenimento, e pretende deixar o lado complexo e cult - natural das criações de Damian - com uma fácil compreensão. São os opostos trabalhando em conjunto para criar algo equilibrado. “Vamos além de vender pipocas, mas sem ser cult demais”, sintetizaram juntos.

E depois de comporem a frase em conjunto, uma revelação, há mais uma coisa em comum entre ambos: os dois são músicos frustrados. Cada qual com algumas composições e ou algumas bandas independentes na história. A música talvez seja o ponto em comum que reune o terceiro membro do projeto, a Caju.

Giulia Medeiros, que se apresenta como Caju, é a produtora do curta. Vinda do circuito de música independente e agora atuando no audiovisual, ela afirma que a importância de Colapso Narciso transcende a produção do curta. Para ela, o projeto está fomentando uma cena audiovisual local.

Prova disso é a união que o projeto ocasionou. Caju lembra que vários coletivos se uniram para executar o projeto. “Tem muita gente envolvida, cada um ajuda com o que sabe fazer.” A benevolência do ambiente universitário ajudou o projeto evoluir a passos largos. No boca a boca a ideia se espalhou e o que não faltou foram voluntários para ajudar. “Se me perguntarem as facilidades em se produzir um curta em Cuiabá fica mais fácil de responder, é a colaboração das pessoas”, frisa Falchetti. 

A produção do curta-metragem já está na sua reta final. A estreia deve acontecer ainda neste mês de abril. Mas os frutos do colapso de identidade entre Felippy Damian e Maurício Falchetti, pelo visto, não acabam por ai...
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