28 Dez 2014 - 20:30
O Globo
Foto: Reprodução
Odila conta que lança 40 bonecas por ano, dez a cada coleção:
— O artesanato mexicano é muito rico, mas pouco requintado. Os acabamentos não são o forte. Comecei a fazer bonecas porque queria ter uma versão melhorada da que trouxe de lá.
As imitações de Frida demoraram a fazer sucesso. Para Odila, só hoje a personagem, cujo aniversário de morte completou seis décadas este ano, ficou mais pop.
— Hoje está na moda, seja em projetos de decoração ou em roupas — diz a artista, que cuida de todas as etapas da produção, como costurar as roupas, pintar as cabeças de gesso e enfeitá-las com acessórios.
A teoria de Odila faz sentido. Frida está em todas. De canecas a ventiladores de teto. Seu colorido e bordado são padronagem de sofás, almofadas e rolos de revestimentos. E sua mistura de tons é aplicada em projetos de decoração, ora em paredes, ora em móveis.
— A cor abraça e diferencia uma casa. No momento em que a aplicamos, a casa passa a ter cara própria — comenta o arquiteto Chicô Gouvêa, admirador da cultura mexicana. — Uma ida ao México é uma injeção de energia. Tanto os arquitetos mais antigos quanto os contemporâneos não dispensam a cor.
Num projeto assinado por ele em Itaipava, o laranja e o verde sobressaem no mobiliário, enquanto capas de almofadas e cúpulas de luminárias com fundo branco ganharam estampas de flores.
Também fã do colorido de Frida Kahlo, o arquiteto Maurício Nóbrega prefere aplicar o recurso em áreas de passagem da casa, “para não ficar cansativo”:
— Para misturar cores muito fortes, tem que fazer de maneira dosada. A cor dá personalidade ao ambiente, então, funciona melhor em varandas e halls de entrada. Para o quarto, anula a função de relaxamento.
A estratégia de Maurício para lidar com a overdose de cores foi escolher um único tom, no caso bem forte, para pintar uma sala inteira:
— Todo mundo fala em “azul Klein” e esquece do “azul Frida”. Pintei uma sala inteira num projeto em São Paulo e peguei mais leve no restante.