A Fundação Abrigo Bom Jesus de Cuiabá, localizada na capital mato-grossense, se transformou nos últimos seis anos. De acordo com a presidente do local, Ana Maria Bezerra, “agora os idosos têm qualidade de vida e um lugar limpo, onde vivem bem”. Ao todo, são 100 pessoas que usufruem do espaço, que conta com praça, sala de fisioterapia, ala de medicamentos, espaço para lazer, refeitório, dormitórios, entre outras coisas. A principal necessidade da casa, são pessoas para conversar com os idosos.

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“Nós mudamos tudo. Cozinha, banheiro, telhado, lavanderia e salão de beleza. Antes, aqui tinha um odor horrível, hoje as roupas são individualizadas. Quando eu cheguei aqui, os idosos tinham surto de sarna humana, carrapato e piolho. Tivemos de fazer uma visita a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para saber como tratar as doenças. Descobrimos que todo o ambiente tem que ser tratado e isso trouxe um ganho muito grande na vida dos idosos”, disse ao Olhar Direto a presidente do Abrigo, Ana Maria.
 
Segundo ela, “a instituição ficou 20 anos no total abandono, sem nenhum investimento. Quando as pessoas vinham aqui, elas não entendiam porque havia tanto grito e violência. Tínhamos entre 30 e 40 idosos portadores de doença mental aqui dentro, sem tratamento e em surto. Já houve um caso de um idoso que matou o outro porque ele havia sentado na sua cama. Hoje, graças a uma parceria com a Unimed, esses idosos recebem tratamento de qualidade. A empresa nos manda R$ 3 mil em medicamentos ”.
 
Ana Maria ainda explica que, neste momento, o abrigo não necessita de mais doações e que até auxilia outros locais: “Quando eu entrei, no primeiro dia. Quem mandou a comida do almoço foi a Terezinha Maggi, a pedido do Fernando Baracat, e ela mandou uma caminhonete cheia de alimentos. Depois disto, nunca mais faltou o essencial. Temos seis dispensas e estão lotadas, sem faltar nada. Medicamentos, nós doamos para unidades de saúde, já que não deixamos vencer. Passamos de ser pedintes e agora atendemos mais de 20 instituições com o nosso excedente”.
 
Antes, faltava segurança no abrigo, que chegou a sofrer 10 assaltos em apenas seis meses: Eles entravam aqui e roubavam medicamentos, alimentos e até documentos. Por conta disto, colocamos grades com cadeados reforçados. Depois disto, não tivemos maiores problemas”. Ela ainda acrescenta que: “Os recursos que mantem a fundação vem do seu patrimônio (aluguéis), recurso dos idosos e o restante é parceria com empresas, convênio com o governo, entre outros pontos”.
 
O espaço conta com 100 idosos, que desfrutam das instalações, que mais parece um recanto. No fim da tarde da última quarta-feira (19), vários deles desceram sorridentes de um dos ônibus do abrigo. Eles tinham ido tomar banho de rio: “A gente estava no Coxipó do Ouro”, disse uma das senhoras. Ao todo, são quase 60 colaboradores que auxiliam nos cuidados dentro da Fundação.
 
A presidente conta ainda que é preciso ter um perfil para o idoso entrar no abrigo: “Tem de ser abandonado, indigente, não ter família e não ter patrimônio”. Uma das idosas está no lugar com a filha, que também já tem idade avançada. Com um sorriso no rosto, ao ter alguém para conversar, Dona Francisca revela não saber a própria idade e acrescenta que: “Não consigo enxergar nada, nem vulto”, disse, enquanto segurava as mãos de quem falava com ela.
 
O fisioterapeuta Paulo Henrique de Oliveira, que trabalha há dez anos no local, disse que: “Todos os idosos precisam de fisioterapia. Eles já se acostumaram com a gente. Todos os dias da semana e finais de semana nós fazemos o atendimento. Grande parte das patologias é crônica, por isso trabalhamos um pouco com diminuição de dor, mobilidade, força muscular e equilíbrio. O principal objetivo é fazer com que o idoso possa tomar banho sozinho, se alimentar e fazer suas necessidades”.