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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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'Está completamente arrependido', diz defesa de autor de cotovelada

Defesa quer reverter prisão temporária do comerciante de São Roque.

Mulher teve traumatismo craniano e segue internada em Sorocaba.

Os advogados de defesa do comerciante Anderson Lúcio de Oliveira, de 35 anos, preso temporariamente por 30 dias desde o dia 19 de agosto por agredir com uma cotovelada a auxiliar de produção Fernanda Regina Cézar Santiago na madrugada do dia 16, em São Roque (SP), enviaram uma nota ao G1 na manhã desta quarta-feira (27) onde dizem que seu cliente está "completamente arrependido". "A defesa informa que acompanha atentamente a colheita das provas e que Anderson está completamente arrependido do ato que praticou e que jamais quis atentar contra a vida de Fernanda", diz a nota.

A auxiliar de produção, de 30 anos, sofreu traumatismo craniano após ser atingida pelo comerciante. Segundo informações divulgadas pela Secretaria de Saúde do Estado nesta quarta-feira, Fernanda permanece na enfermaria neurológica do Hospital Regional de Sorocaba, sem previsão de alta.

De acordo com Eduardo Cézar, irmão da vítima, Fernanda e Anderson são conhecidos e se encontraram ocasionalmente na festa realizada por uma casa noturna naquele fim de semana. Ele alega que os dois não tinham uma relação próxima.

Anderson está preso na cadeia pública da cidade e vai responder por tentativa de homicídio qualificado, já que a vítima não teve chance de defesa, segundo a polícia.

A defesa do comerciante afirma que foi "surpreendida" pelo pedido de prisão temporária, já que ele "se apresentou espontaneamente à polícia na manhã de terça-feira (19) e relatou o fato às autoridades". Os advogados também dizem que não concordam com o indiciamento por tentativa de homicídio qualificado, pois acreditam "tratar-se de um caso de lesão corporal grave".

A nota, assinada pelos advogados Carlos Alberto Alves, Vinícius Bastos e Ariovaldo Souza Barros, diz que eles trabalham para obter a revogação da prisão temporária, mas não esclarece se já entraram com o pedido de habeas corpus. Em contato por telefone com a reportagem, Carlos Alberto afirmou que não daria informações além das que constam na nota oficial.

Discussão e cotovelada

As imagens da agressão foram registradas por uma câmera de segurança de uma loja de motocicletas do outro lado da avenida onde está localizada a casa noturna onde os dois estavam horas antes na avenida Antonio Dias Bastos, no centro de São Roque.

O vídeo, que foi solicitado pela própria família da vítima ao dono do comércio, mostra Fernanda discutindo primeiro com uma pessoa vestindo uma blusa branca. Depois, ela fala com Anderson, que está de terno e com uma lata de cerveja na mão. Na sequência, o rapaz desfere uma cotovelada contra ela. Pessoas que estavam no local chamaram o resgate, que chegou pouco tempo depois. Anderson permaneceu no local, impassível.

Em entrevista ao G1, o advogado da família de Fernanda, Ademar Gomes, afirmou que vai entrar com pedido de prisão preventiva, por acreditar que Anderson apresenta um risco para a segurança de sua cliente. “Fica claro pelo vídeo que ele é uma pessoa violenta. A nossa intenção tem o objetivo de proteger a Fernanda já que ele é um risco para a sua vida. Nas imagens, dá para ver que ele teve a intenção de matá-la, pois em nenhum momento ele se prontificou em ajudar no socorro”, afirma.

Investigações

A Polícia Civil de São Roque (SP) começou a convocar nesta quarta-feira (27) as testemunhas da agressão. Segundo informações da delegada responsável pelas investigações do caso, Priscila de Oliveira, pelo menos três pessoas serão chamadas para depor até a sexta-feira.

A polícia decidiu retomar os depoimentos porque as testemunhas ouvidas na última sexta-feira (22) disseram que não viram o golpe e sim ouviram um barulho. "Mas as imagens mostram claramente que houve testemunhas do golpe”, afirmou a delegada. Segundo a polícia, as pessoas ouvidas poderão responder criminalmente por falso testemunho se confirmado que elas omitiram informações na primeira versão. Um inquérito foi aberto para apurar o motivo da agressão.

A delegada informou nesta quarta que recebeu os prontuários médicos da vítima e que vai pedir ao Instituto Médico Legal um laudo indireto, já que não há previsão de alta para Fernanda.

O laudo indireto é aquele em que o legista, com base nos documentos, aponta a gravidade da lesão. As informações, então são enviadas para a delegada e o inquérito pode ser concluído sem a necessidade de esperar pela recuperação total da vítima.

Ainda de acordo com a polícia, o depoimento da vítima não será determinante para a conclusão do inquérito. “As imagens dizem tudo, foi quase um nocaute”, destaca a delegada, ressaltando que não vai divulgar detalhes do depoimento do agressor.

A polícia confirmou que Anderson Lúcio de Oliveira tem passagem por contravenção penal por envolvimento com máquinas caça-níqueis. O comerciante também tem registro de um roubo no qual matou o ladrão, mas a Polícia Civil ressaltou que ele não respondeu por homicídio, já que foi considerado legítima defesa.

Amarrada durante a noite

O pai de Fernanda, Geraldo Cézar, disse em entrevista ao G1 na terça-feira (26) que a filha apresenta melhoras, mas o sofrimento maior é durante a noite. “Ela precisa ser amarrada na cama para passar a noite, porque se debate por causa das fortes dores de cabeça”, diz.

Geraldo ressalta que ela está se recuperando aos poucos. “É muito bom ver que ela melhora, conseguimos até conversar um pouco, mas as dores de cabeça não passam nem com remédio. Alguém tem que passar a noite com ela. Está sendo muito difícil, mas minha filha está melhorando”, complementa.

A auxiliar de produção é mãe de um menino, que não teve sua idade ou nome divulgados. Segundo a família, o menino não viu a mãe depois da agressão. “Não queremos que ele veja a mãe nestas condições. Estamos preservando ele”, afirma Geraldo.

Família do agressor está chocada

Em entrevista ao TEM Notícias na segunda-feira (25), Amilton de Oliveira, irmão do comerciante, afirmou que a família toda está chocada com o que aconteceu: "Ele chora muito. Pediu para gente ver com a família dela tudo o que precisar, porque ele não é esse monstro que estão falando que ele é. É um trabalhador".

A cunhada de Anderson, Cristiane da Cunha, esposa de Amilton, acha que, naquele momento, ele não pensou no que estava fazendo. "Ele é uma pessoa calma. Foi um choque para nós e, pelas informações dos advogados, ele também está muito chocado e arrependido do que fez", disse Cristiane.

Família da vítima está indignada

Em entrevista ao G1 na sexta-feira (22), Eduardo Cézar, irmão de Fernanda, disse que a família não consegue entender o que aconteceu. "Nós estamos indignados pelo que houve com a minha irmã. Foi uma atitude bruta, totalmente ignorante. Ninguém esperava que ele fosse reagir daquela forma e ninguém sabe ao certo qual o motivo da agressão", afirmou.

Protesto em redes sociais

Indignados com a agressão sofrida pela auxiliar de produção, moradores de São Roque resolveram protestar em redes sociais contra Anderson, proprietário de um bar na cidade, que está fechado desde sua prisão. Os usuários se manifestaram em uma página de recomendações e avaliações de bares e lanchonetes.

Entre as publicações, os internautas dizem: "Covarde! Vai pagar criminalmente e seu Bar vai falir por falta de clientes! Mesmo que a moça estivesse alterada, não justifica a violência", diz uma das publicações. E também: "Inconsequente e covarde: tomara que tenha a vida inteira vendo sol nascer quadrado pra pensar no que fez".​

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