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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Ditadura militar

Forjada em Cuba, guerrilha comunista ensaiou iniciar revolução por Cuiabá mas descartou por ‘irrelevância’ da região

Foto: Estadão

Carlos Marighella foi morto antes de conseguir iniciar a guerrilha rural no país

Carlos Marighella foi morto antes de conseguir iniciar a guerrilha rural no país

Comunistas brasileiros e cubanos ensaiaram na segunda metade da década de 1960 iniciar o projeto de derrubada do regime militar instaurado em 1964 e dar o start na guerrilha no Brasil a partir de Mato Grosso. O estado chegou a servir de incubadora para as ambições de luta armada, mas foi descartado por sua “irrelevância” política na época.


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“Podemos até ocupar Cuiabá, e a ditadura se dar o luxo de nem noticiar”, sacramentou o professor de matemática e física Elio Ferreira Rego, ao por fim ao projeto iniciado por 12 militares ligados a Leonel Brizola que se instalaram em Paranatinga para dar início à guerrilha rural brasileira, à exemplo do que aconteceu na revolução cubana, em 1959.

Apesar do “desprezo” à relevância política da região, a instalação serviu de base logística para o que ainda viria a ser a coluna de Che Guevara, revolucionário cubano que após a vitória sobre o ditador Fulgencio Batista na ilha caribenha encampou tentativas de guerrilha na Bolívia e em outros países de terceiro mundo, sob o ideário trotskista da revolução permanente.

Á época, Cuba era referência em treinamento de latino-americanos para a guerrilha rural. O primeiro líder nacional a manter relação intensa com o regime castrista para estes fins foi Leonel Brizola, que depois foi substituído por Carlos Marighella, baiano inimigo número um do regime militar.

Na biografia definitiva do inimigo número um do regime (Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo – Companhia das letras 2012), o jornalista Mário Magalhães relata essas tramas e as intensas negociações e estratégias travadas entre a Aliança Libertadora Nacional e os dirigentes de Havana. Após viagem à ilha caribenha, Marighella tomou conhecimento do minucioso levantamento que os cubanos haviam feito sobre as fronteiras do Brasil.

A ideia de Fidel castro era enviar guerrilheiros cubanos para a luta armada no Brasil, mas foi recusada por Marighella, segundo relata Magalhães, devido a um nacionalismo resultante do cansaço do líder baiano com a subserviência histórica do Partido Comunista Brasileiro frente à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que dava as cartas nas diretrizes partidárias e já havia liderado golpes frustrados à ditadura de Getúlio Vargas.

Com a opção de Marighella, a guerrilha rural da Aliança Libertadora Nacional nunca saiu do papel. O envio de brasileiros para treinamento em Cuba sangrava as economias da organização, que obtinha recursos em assaltos a bancos. As ações urbanas não tinham efeito prático em enfraquecer o regime militar.

O maior “êxito” da ALN foi em uma estratégia desenvolvida sem o conhecimento de Marighella: o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, que foi libertado após a leitura de uma carta denunciando o regime em cadeia nacional, furando o implacável bloqueio da censura, além da libertação de 13 presos políticos.

O sequestro também acelerou a derrocada da organização. A caçada a Marighella após o episódio que desmoralizou o regime foi mais implacável e o líder da ALN foi morto em uma emboscada policial naquele mesmo ano, em que planejava ser o ano da guerrilha rural.
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