23 Nov 2014 - 03:52
O Globo
Nas simulações, almofadas ligadas a um dispositivo são colocadas acima do abdômen e dão choques que induzem dores. As cobaias se retorcem de agonia durante até cinco minutos enquanto uma enfermeira aumenta a intensidade gradualmente em uma escala de um a dez.
Song Siling, que está tentando ter um filho com a namorada, fechou os olhos e fez caretas enquanto a agulha no monitor dos eletrodos saltava.
— Parecia que meu coração e meus pulmões estavam sendo arrancados — disse Song, que chegou ao nível sete antes de gesticular freneticamente para que a enfermeira desligasse o aparelho.
Outros se retiraram depois de alguns minutos por não suportarem a dor.
Apesar do constrangimento evidente, a enfermeira de plantão afirmou que as simulações jamais equivalem ao tormento de um verdadeiro parto.
— Mesmo assim, se os homens puderem experimentar esta dor, serão mais amorosos e cuidadosos com suas esposas — disse Lou Dezhu.
Wu Jianlong, que aguentou o suplício até o nível dez, diz que a experiência mudou radicalmente sua visão sobre o parto.
— Como todas as mulheres têm filhos e normalmente leva bastante tempo, pensava que era algo natural, algo normal que elas conseguem aguentar — afirmou.
Jianlong, cuja esposa está grávida de três meses, gritou de dor e cerrou os punhos antes de ceder e pedir à enfermeira que parasse.
Ao contrário do que acontece no Ocidente, é menos comum para os chineses estarem na sala de parto quando suas mulheres dão à luz. Alguns hospitais públicos nem permitem a sua entrada, mesmo que eles queiram.