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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Mantega deixa Fazenda com bons dados de emprego, mas PIB baixo

Mantega deixa Fazenda com bons dados de emprego, mas PIB baixo

Ministro também vai 'entregar' inflação maior que em seu 1º ano no cargo.

Contas públicas devem ter em 2014 o pior resultado em 11 anos

Ministro da Fazenda que mais tempo permaneceu no cargo em governos democráticos, Guido Mantega vai deixar o posto para dar lugar ao economista Joaquim Levy. Mantega assumiu oMinistério da Fazenda em 27 de março de 2006 após a demissão de Antonio Palocci, envolvido no escândalo da quebra de sigilo ilegal do caseiro Francenildo dos Santos.

Depois de mais de oito anos no comando da pasta, Guido Mantega vai entregar ao sucessor números que mostram êxito na criação de empregos, mas crescimento econômico baixo, inflação próxima ao teto da meta do governo e, possivelmente, contas públicas com seu pior resultado em 11 anos.

Quadro histórico do Partido dos Trabalhadores, ele nasceu em Gênova (Itália) e sempre defendeu uma filosofia econômica mais voltada ao desenvolvimento da economia, com juros mais baixos. Formado em economia pela USP, intitula-se “keynesiano”, corrente que defende que o mercado não se autorregula e, também, por uma intervenção maior do Estado na economia. É casado e pai de quatro filhos.

De fácil trato, Mantega é considerado educado por sua equipe. Também é conhecido por manter o bom humor em meio a recorrentes críticas e situações adversas, mas também é lembrado por cometer gafes e dar declarações pouco usuais.

Contas públicas e desonerações
Ao assumir o Ministério da Fazenda, em 2006, Mantega encontrou uma administração das contas públicas – uma das principais atribuições do cargo – centrada em produzir superávits primários, a economia feita para pagar juros da dívida pública e tentar manter sua trajetória de queda, mais altos.

Em 2004 e 2005, ainda sob a orientação de Palocci, o setor público registrou superávits primários próximos de 4% do PIB. Nos últimos anos, a economia para pagar juros da dívida pública continuou caindo, chegando à marca de 1,9% do PIB em 2013 – apesar das manobras contáveis – e, neste ano, a previsão é que fique próxima de zero, o que fez o governo enviar ao Congresso uma proposta de lei para abandonar completamente a meta fiscal definida anteriormente.

Críticas                                                      
O ministro da Fazenda tem sido criticado por economistas do mercado e publicações estrangeiras, que chegaram a pedir sua demissão, como a revista britânica “The Economist”, e por agências de classificação de risco, por introduzir a chamada "contabilidade criativa" – caracterizada pelo aparecimento de "receitas" não recorrentes para aumentar a esforço fiscal.

Para estimular a economia, Mantega optou por lançar mão das desonerações de tributos. Entretanto, na maior parte das vezes, escolheu beneficiar apenas alguns setores da economia em detrimento de reduções "lineares" – com impacto em toda economia.

Um dos setores mais beneficiados foi o de automóveis, assim como da linha branca (eletrodomésticos) e móveis. Ele também desonerou a folha de pagamento - antigo pleito do empresariado nacional – mas falhou, em mais de uma ocasião, em levar adiante a reforma tributária. Mesmo com as desonerações, a carga tributária continuou crescendo nos últimos anos.

Inflação
Como consequência dos superávits primários menores adotados na gestão Guido Mantega, a dívida pública recuou menos que anteriormente, mas os gastos públicos ganharam fôlego e ajudaram a impulsionar a economia – ou a desacelerar menos, especialmente durante a crise financeira internacional – embora também tenham contribuído para o crescimento da inflação.

A alta dos preços, por sua vez, é uma das principais críticas à gestão econômica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Desde 2010, o IPCA oscila ao redor de 6% – muito acima do centro da meta, de 4,5%, embora ainda esteja dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Para este ano, a previsão de analistas é de que a barreira dos 6% seja novamente superada.

PIB e emprego
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), por sua vez, tem mostrado desempenho mais modesto nos anos recentes. Em 2006, cresceu cerca de 4%, passando para uma alta de 6,09% em 2007 e recuando um pouco para uma expansão de 5,17% em 2008.

Em 2009, com a crise financeira internacional, teve queda de 0,33%. No ano seguinte, cresceu 7,5%. A expansão foi menor em 2011 (+2,7%) e 2012 (1%). No ano passado, avançou 2,3% e a expectativa do mercado, para este ano, é de uma alta de apenas 0,2%.

Se os números do PIB não mostram um crescimento contínuo, o ministro da Fazenda pode comemorar os resultados do emprego – a grande marca do governo Dilma Rousseff na área econômica. Nos últimos anos, embora o emprego formal tenha crescido menos, o índice de desemprego, calculado pelo IBGE, tem estado muito próximo, e várias vezes chegando, na mínima histórica da economia brasileira.

Em outubro, a taxa de desemprego caiu para 4,7% no conjunto das seis regiões metropolitanas, depois de marcar 5% no mês anterior. O índice é o menor para meses de outubro desde o início da série histórica do IBGE, em 2002.

Atuação externa
No mercado internacional, Guido Mantega ficou conhecido mundialmente, em 2010, por chamar a atenção para a chamada "guerra cambial" – que é a desvalorização controlada de moedas ao redor do mundo em busca de melhores condições de comércio pelos países. Segundo sua avaliação naquele momento, a guerra cambial era uma forma de "protecionismo disfarçado".

Para "defender" a economia brasileira da profusão de dólares no mercado, ele subiu o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) no passado. Nos últimos anos, quando a moeda estrangeira começou a escassear novamente, retirou as restrições ao ingresso de divisas no país.

Durante a crise financeira internacional, também assumiu uma postura mais voltada para o desenvolvimento. Enquanto algumas nações pregavam austeridade fiscal para colocar as contas públicas em dia e honrar seus compromissos, o ministro da Fazenda brasileiro, assim como a presidente Dilma Rousseff, defendiam outro caminho: menos restrições como forma de estimular a atividade e combater o desemprego (a chamada "política fiscal anticíclica").

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