Enquanto o clima de festa tomava conta da plateia que participava do lançamento da candidatura a deputado federal de Fábio Garcia (PSB), em volta do palanque os principais assessores de todos os políticos que discursavam só sabiam falar sobre uma coisa: a suposta desistência do senador Jaime Campos (DEM) à reeleição.
Lançamento de Fábio Garcia arrasta milhares a auditório de hotel e surpreende Taques; Mendes diz que ‘é o novo’
Jayme Campos desiste de disputar a reeleição e expõe crise em grupo de oposição
Em cima do palanque, o líder da coligação, senador Pedro Taques (PDT), o prefeito Mauro Mendes (PSB) e uma série de candidatos a deputado estadual pediam voto para Fábio Garcia enquanto discursavam. Mas, assim que paravam, recebiam um novo assessor com mais informações sobre a suposta desistência. Jaime deveria estar ali, mas apenas alguns cartazes e uma tímida quantia de “santinhos” com seu número, “251”.
Ligações eram feitas de minuto a minuto e, a cada instante, avisavam alguém mais sobre o ocorrido, com o cuidado de não deixar a informação vazar para os cabos eleitorais e estragar a comemoração. “É verdade, o Jaime desistiu?”, perguntavam as lideranças que estavam no palanque, tão logo avistavam um jornalista por perto.
Ainda no meio dos discursos e da festa, alguns jornalistas conseguiram contatar pessoas próximas ao senador Jaime e descobriram que o motivo da suposta renúncia de candidatura seria o isolamento político do Democrata dentro da coligação “Coragem e Atitude Para Mudar”. Ele sentia-se preterido por importantes lideranças do grupo, as quais declaram apoio ao candidato ao senado rival, o deputado federal Wellington Fagundes (PR). Entre elas, o prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz (PPS).
Contudo, o maior problema de grupo seria causado por alguém que estava naquele momento em cima do palanque e fez o mais discurso da noite, o prefeito Mauro Mendes. O peessebista, durante o período de pré-campanha, tentou emplacar Wellington como candidato do grupo em detrimento de Jaime Campos. Após a oficialização da candidatura do republicano como rival de Jaime, o próprio Fagundes disse, em discursos públicos, que teria o apoio de Mauro Mendes.
Dono do maior discurso da noite, Mauro falou por 37 minutos, a maior parte do tempo rasgou elogios para Fábio Garcia, seu ex-secretário de governo e braço direito na Prefeitura de Cuiabá, além de pedir, insistentemente, votos para Pedro Taques e fazer uma breve apresentação do presidenciável Eduardo Campos (PSB). Ao senador Jaime Campos, Mendes, que já havia sido informado da desistência, reservou uma frase. “E o nosso senador é Jaime Campos, que por algum motivo não pode estar presente”.
Nos bastidores, comenta-se que o prefeito de Cuiabá teria trocado Jaime por Wellington devido a promessa de o republicano abrir as bases eleitorais para Fábio Garcia no interior de Mato Grosso. O candidato a federal, conhecido por ser o preferido de Mendes, já havia sido citado em outros momentos como motivo de descontentamento dentro da coligação em virtude de supostas manobras feitas para beneficiá-lo em detrimento dos outros candidatos.
Ao fim do evento, Mendes, cercado de jornalistas, foi cauteloso e afirmou que Jaime Campos precisava dar mais detalhes sobre o acontecido. Ele ainda se disse surpreso, que estava sabendo naquele momento da desistência de Jaime e negou tê-lo boicotado. “Eu pedi voto para ele, hoje. Quem estava viu. Colocamos material para divulgar a campanha dele. Contra fatos não há argumentos. Nós estamos dentro de uma coligação e eu já declarei publicamente que sou um homem de respeitar os compromissos que assumo. Isso tudo é fofoca política, o que vale é aquilo que combinei”, disse.
