O motorista J. de A. A., 30 anos, teve um revólver apontado para seu pescoço e relata ter vivido momentos de horror até que conseguisse deixar o ônibus da Expresso Norte Sul Transportes Urbanos, que minutos depois foi incendiado no bairro Pedra 90, no final da noite de segunda-feira (26), em Cuiabá. Em nenhum momento os criminosos deram indicativos quanto à motivação do ato. Também não argumentaram pertencer a nenhuma facção criminosa.

Leia Mais:
Ônibus é queimado no Pedra 90 e há suspeita de represália por aumento da tarifa

Ao Olhar Direto, J.relatou que estava em sua última corrida, por volta das 23h50 de segunda-feira, 26, e ao estacionar para o desembarque de passageiros percebeu a aproximação de três homens. Toda ação foi muita rápida, mas suficiente para causar pânico.

“Dois deles pareciam ser mais velhos, eram maiores e um deles, é possível que seja menor de idade. Eles estavam com a camisa na cara e um deles colocou a arma  no meu pescoço”, diz.

Aterrorizado, o motorista recebeu indicações dos bandidos: Eles dissera nós não queremos nada de ninguém e depois eles mandaram todo mundo descer. Disseram ainda que não era pra olhar pra eles. Eu só pensei em sair dali. Mandaram a gente sair vazado dali”.

Apesar do susto, o motorista contou que acionou a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e também telefonou para sede da empresa avisando do que estava ocorrendo.

Apesar da ação criminosa ter sido muito rápida, ele conta que os bandidos deixaram a cena do crime a pé.
Eles estavam munidos com uma garrafa de cinco litros de combustível. Apenas o aparelho celular do motorista de ônibus que está trabalhando há três meses na capital foi roubado pelos criminosos.

J.- que  é pai de quatro crianças na faixa etária de 11 a 1 ano de vida  – já viveu outro episódio de medo durante o trabalho, mas na mesma proporção. Ele foi atacado no dia 23 de dezembro de 2014 por um bandido com uma faca e teve um outro aparelho celular roubado.

Nesta manhã, uma equipe da 3ª Delegacia de Polícia do Coxipó, deu início às investigações do crime. O delegado Simael Ferreira, titular da unidade, informou que irá tomar o depoimento do proprietário da empresa. Ele não descarta nenhuma hipótese como motivação para ação. Há suspeitas de que o ato possa ser uma represália à majoração da tarifa do transporte público na capital. Desde a segunda-feira, 26,  o valor da tarifa passou a R$ 3,10.