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Tensão no Araguaia

Suiá Missú: Motoristas são liberados após ameaça de queimar caminhões

11 Dez 2012 - 19:20

Da Reportagem local - Lucas Bólico e Renê Dióz - enviados especiais a Estrela do Araguaia

Foto: José Medeiros / Olhar Direto

Suiá Missú: Motoristas são liberados após ameaça de queimar caminhões
O bloqueio das rodovias BR-158 e MT-242, no distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata) acaba de ganhar uma trégua. A ação dos moradores que se recusam a sair das terras e tentam chamar a atenção das autoridades fechando as estradas gerou uma animosidade com os motoristas e após troca de acusações, o tráfego voltou a ser liberado.


Os motoristas denunciaram que estavam sofrendo ameaças e acreditavam ser ‘reféns’ em uma espécie de ‘cárcere privado’ em plena estrada. Após assembleia dos moradores em piquete deliberar que o tráfego não será liberado, os motoristas resolveram dar meia volta e deixar a região em conflito pelo caminho que vieram.

“Eles escutaram nós falar que nós íamos sair daqui e eles, com um galão de gasolina, falaram que quem tentar sair vão ‘tocar’ fogo no caminhão. Então nós estamos de reféns deles aqui”, declarou um dos caminhoneiros quando o clima esquentou.

José Medeiros/ Olhar Direto


“Por que é que a Polícia Rodoviária Federal não está aqui na rodovia?”, questiona o motorista João Ferreira da Silva. “O caminhoneiro toda a vida é massacrado, qualquer coisinha estão bloqueando os caminhoneiros, então nós queremos a presença da polícia aqui. Os assentados aqui, eles querem conflito, não querem diminuir conflito e nós não queremos conflito”, completou.

Por outro lado, uma das líderes do movimento de resistência à desintrusão, Sandra Rocha, nega qualquer tipo de ameaça ou supressão de direitos contra os caminhoneiros. “Em nenhum momento queremos briga, estamos aguardado o resultado da reunião em Brasília, da bancada mato-grossense com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Se o resultado for favorável abrimos [a rodovia], senão faremos outra assembleia para decidir”, assegurou.

Sobre as supostas ameaças de destruir pontes e queimar caminhões, Sandra declarou que ninguém tem essa intenção, mas afirmou que não pode se responsabilizar por atitudes que terceiros possam vir a tomar. O mesmo vale para os caminhoneiros, segundo ela. Se houver qualquer tumulto provocado por eles, “ai eu tiro meu time de campo”, declarou, antes da rodovia ser liberada.

A liberação do tráfego aconteceu após intervenção de políticos que estão em Brasília, em reunião para tentar resolver a questão. "Olhem para os caminhoneiros com o mesmo carinho que nós estamos olhando para vocês", teriam dito as autoridades por telefone, seguindo Sandra Rocha.

  Foto: José Medeiros/ Olhar Direto


Até esta terça-feira (11), os motoristas se mostravam em acordo com a forma de protesto dos moradores de Suiá Missú, uma vez que aberturas periódicas permitiam o fluxo das cargas. Porém, o diálogo com os líderes da resistência ficou mais complicado e as informações sobre a possibilidade de novas aberturas das pistas são vagas.

A última liberação das pistas por parte dos manifestantes tinha sido no sábado das 16h às 20h.

Neste ínterim, caminhões de gado desistiram de esperar por uma abertura e retornaram para seus pontos de partida para não maltratar os animais. Houve pelo menos uma morte de vaca, avaliada em R$ 1,2 mil, desde a última abertura permitida nas rodovias.

Os caminhoneiros desconfiavam que os manifestantes estivessem, de fato, querendo que eles perdessem a cabeça para que, assim, tivessem motivo para incendiarem algum veículo e chamar ainda mais atenção das autoridades em Brasília para a pendenga de Suiá Missú, cujas terras estão sendo agora devolvidas aos xavantes após um processo judicial com mais de década.

 Foto:José Medeiros/ Olhar Direto


“Mas nós não vamos partir para a briga. Somos trabalhadores”, garante o motorista Moisés Rodrigues Munhoz, 49, parado com sua carreta desde a noite de domingo.

Só de um lado da BR-158 hvia pelo menos 6 caminhões do frigorífico JBS Friboi parados com cargas de, no mínimo, 28 toneladas de carne (R$ 172 mil) cada.

“Eles estão tirando sarro da gente”, revoltou-se Vagner Rudi de Oliveira, 29 anos, ansioso para poder passar pelo bloqueio para poder ver sua esposa, que deu à luz num hospital em Cuiabá e, por saber que o marido estava em zona de confronto, ficou nervosa e ainda não saiu dos cuidados médicos.

“Nós entendemos o que está acontecendo, mas não temos nada a ver com isso!”, desabafou o condutor Rogério Luis Batista, 34 anos, que saiu de Confresa e teria de estar ainda nesta terça-feira descarregando os produtos no Rio de Janeiro.

 Foto: José Medeiros/ Olhar Direto


Ele se preocupava com a disponibilidade de óleo diesel em Posto da Mata para manter o sistema de refrigeração funcionando no caminhão. E se irritou ao lembrar que o bloqueio em Suiá Missú já havia o deixado no limite do prazo concedido pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura.

Este prazo venceris amanhã e toda a mercadoria seria descartada. “Não é assim que as coisas funcionam, gente! Não se resolve um problema criando outro em cima dele porque aí são dois problemas”. 

Atualizada às 20h00.
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