Voz corrente entre técnicos e produtores, a produção da pecuária leiteira depende da qualidade do alimento que as vacas consomem. Ou a quantidade do leite entra pela boca. O mote foi repetido no Famato em Campo, em São José dos Quatro Marcos, no sábado (21).
A pesquisadora da Embrapa Agrossilvipastoril, engenheira agrônoma Roberta Carnevalli, compara duas situações de alimentação e produtividade de animais na produção de leite. Ela defende que animais mais produtivos tenha melhor alimentação.
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A pesquisadora da Embrapa explica os detalhes, com
silagem e capim. “Será que todo mundo vai comer capim? E depois, bota todo mundo para comer silagem?”, questiona.
Depois, recomenda. “Acabou a pastagem na
época das águas, pego as vacas de melhor produção e ponho na silagem. Acabou a silagem, vai comer o que? Cana-de-açúcar. É alimento excelente, se bem trabalhada”.
Carnevalli sugere o trabalho com cana-de-açúcar corrigida, com ureia, com sulfato de amônia, pois há tecnologia para tanto. É excelente alimento, fácil de produzir”.
E compara. “Silagem de cana não é ótima para vaca de 20 litros, 25 litros. No Estado, o diagnóstico mostrou que a média de produção é de três litros por animal. Para vaca de três a cinco litros, cana é bom demais”.
Por fim, recomenda que o tamanho da partícula da cana deve ser pequena, bem triturada, porque a qualidade da fibra dela é ruim. “E se parar no rúmen do animal, a vaca come menos”.
Ela conta o histórico desse tipo de alimentação. “O pessoal corta tolete como se a vaca fosse chupar a cana. A cana tem que ser triturada a menos de meio centímetro, para passar rápido no rúmen do animal”.
Duas realidades
Para Guto Zanata, médico veterinário e analista de pecuária da Famato, o diagnóstico realizado mostrou que a nutrição animal e alguma tecnologia são as bases para aumentar a produtividade do leite em Mato Grosso.
Ele cita dois produtores que produzem 150 litros dia de leite em propriedades entre Cuiabá e Chapada do Guimarães. No primeiro caso, informa, tinha 40 hectares de pasto, uma só ordenha e tinha 40 vacas para conseguir produzir. O segundo, 2,2 hectares de pasto, piqueteado, irrigado e adubado e 16 vacas.
O resultado da produtividade é perceptível na comparação. “Isso mostra que quando você consegue colocar um pouco de tecnologia na produção, melhora a renda e produtividade”, afirma Guto Zanata.
“O melhor é o segundo produtor, que com menos área, menos quantidade de animais, menos mão-de-obra, duas ordenhas, tem leite de melhor qualidade”.
Qualidade
Guto Zanata afirma que quando a nutrição das vacas tem pasto adubado e irrigado, se tem uma excelente comida para o rebanho leiteiro de qualidade o ano todo.
“O outro é só pasto, que pode estar degradado, o capim não cresce sem água e pouca luz, caso do inverno. Você não consegue pasto nutricional”.
Ele diz que sem um estudo apurado é possível detectar que “se tiver a mesma quantidade de vaca leiteira e ter pasto bom e programa nutricional para a seca, o produtor aumentaria seu leite em 50% só com parte nutricional”. Esse programa de nutrição poderia incluir na seca, capineira ou silagem de cana.
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