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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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'NEGÓCIO SUJO'

Operação da PF ‘escancara’ conluio de políticos com grileiros de terra

Os ex-gestores municipais são suspeitos de participar de uma quadrilha acusada de fraudar a concessão de lotes da reforma agrária na região. A Polícia Federal ainda não repassou a função de cada um na trama, mas aduz que o esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão.

Foto: Imagem ilustrativa

Grileiros invadem terras e vendem lotes posteriormente

Grileiros invadem terras e vendem lotes posteriormente

A Operação Terra Prometida, desencadeada nesta quinta-feira pela Polícia Federal em Mato Grosso, está trazendo à tona um conluio tácito de longa data em Mato Grosso, entre ocupantes de cargos eletivos – sobretudo prefeitos e vereadores - e grileiros de terras disfarçados de integrantes de movimentos sociais que supostamente buscam um pedaço de terra.

 
Na operação de hoje, a PF cumpre mandados contra três ex-prefeitos: Marino Franz, de Lucas do Rio Verde, Milton Geller, de Tapurah, e Vanderlei Proenço Ribeiro, de Itanhangá – todos municípios da região Médio-Norte de Mato Grosso. 

Outros políticos na mira da investigação são: o atual vice-prefeito de Itanhangá, Rui Schenkel, o "Rui do Cerradão"; o vereador em Itanhangá, Silvestre Caminski; e os ex-vereadores Gentil Piana, de Itanhangá, Joelson Nicoletti, de Ipiranga do Norte, e Valdir Sbabo, de Lucas do Rio Verde. 
 
Os políticos são suspeitos de participar de uma quadrilha acusada de fraudar a concessão de lotes da reforma agrária na região. A Polícia Federal ainda não detalhou a função de cada um na trama, mas aduz que o esquema movimentou mais de R$ 1 bilhão.

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Quem conhece os processos de invasão de terras na região Norte de Mato Grosso sabe que, no final, muitas áreas ocupadas acabam nas mãos de ‘gente graúda’. Em alguns assentamentos realizados há cerca de dez anos no Nortão, atualmente não há mais assentados e as terras estão sob o comando de fazendeiros – incluindo políticos.
 
Há quem aponte que muitas invasões são apoiadas – nos bastidores – por quem tem interesse em comprar a terra a preços irrisórios. Depois que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) legaliza o assentamento, surgem grandes produtores comprando os lotes individualmente – muitas vezes usando ‘laranjas’. Assim, adquirem dezenas de lotes, um ao lado do outro, e formam fazenda.
 
E o conluio vai além. Muitas áreas invadidas por ditos ‘sem terras’ ainda possuem reserva florestal. Os ‘assentados’ vendem a madeira com valor comercial e depois derrubam a mata e ateiam fogo, fazendo o ‘serviço sujo’ para os verdadeiros interessados. Assim, em um esquema de formiguinha (cada um derruba um pedaço), fica difícil para os órgãos ambientais identificarem os responsáveis pelo desmatamento e punirem os culpados.
 
Nessa trama, fazendas de cerca de 500 a até mil hectares são formadas ilegalmente. O crime ambiental, quando detectado, não é punido, pois as terras do Incra estão em nome dos assentados – e não de quem está cultivando agricultura mecanizada. O ponto final é dado ao ‘esquentar’ a produção agrícola com documentação de outras fazendas devidamente legalizadas. 

‘Máfia dos sindicatos’
 
Outra vertente desse conluio tácito está nos sindicatos e associações de trabalhadores rurais sem terra. ‘Grileiros profissionais’ lideram entidades e cobram mensalidades de pessoas interessadas em obter um pedaço de terra. A área a ser invadida é previamente identificada com apoio das lideranças políticas, que possuem informações privilegiadas junto aos órgãos estaduais e federais.
 
Depois da invasão, os políticos fazem ‘lobby’ no Incra para regularização do assentamento. Após a titulação, os mesmos chefes dos sindicatos começam a fazer contato com os posseiros para que vendam suas parcelas de terras e partam para outra invasão, às vezes, até dentro do mesmo município. 
 
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