Os resultados dispares dos últimos levantamentos de intenção de voto coletados por distintos institutos de pesquisa revelam em Cuiabá um quadro imprevisível, confirmando a elevada volatilidade do eleitor na hora de decidir o voto e a atipicidade do pleito, que vem sendo marcado pela polarização desde meados do primeiro turno entre os candidatos Mauro Mendes (PSB) e Lúdio Cabral (PT).
Estigma do PT e migração em massa de indecisos beneficiaram Mendes
Pesquisas confirmam uma polarização extrema em Cuiabá
Analistas da Globo News, um dos mais importantes canais noticiosos da TV fechada do país, avaliam que a Cuiabá “é uma zona de alta imprevisibilidade”, com base nos resultados das três últimas pesquisas do Ibope (uma antes da eleição, uma boca de urna e agora outra ma primeira semana do 2º turno), cujos resultados demonstram alternância na liderança dos levantamentos, ou seja, fato que evidencia o quão atípico transcorre o processo sucessório na capital mato-grossense.
Mas nem é preciso ser um analista global para verificar a atipicidade da eleição em Cuiabá. No primeiro turno, conforme avaliou o Olhar Direto, a polarização começou quando Lúdio ultrapassou Guilherme Maluf (PSDB) nas pesquisas numa performance impensável naquela conjuntura. Aliás, o petista chegou sim a ultrapassar Mendes nas últimas pesquisas do primeiro turno, embora o candidato socialista afirme que isso não foi observado nas suas estatísticas internas.
Tanto assim que líderes do PMDB e do PT arrotavam que Lúdio Cabral iria vencer no primeiro turno, na última semana antes do dia 7. O mesmo se ouvia dos “conselheiros e cardiais” políticos de Mauro Mendes, os quais também previam uma vitória do socialista no primeiro turno.
Tanto os comissários petistas quanto os otimistas da aliança Cuiabá Melhor Pra Você observaram suas expectativas frustradas já na noite do dia sete de outubro, após o anuncio da totalização da apuração de votos.
A despeito de frustrações, ilações, previsões descabidas e elucubrações, o fato é que quem continuar arriscando palpites insanos ou sem base científica corre risco de queimar a língua.
Mauro Mendes foi um crítico das pesquisas ao término do primeiro turno e colocou em xeque a credibilidade dos institutos que apontaram Lúdio Cabral a frente dele na primeira etapa do pleito, apesar da inegável ascensão do petista, que iniciou a disputa com cerca de 8% das intenções de voto e fechou as urnas com 42,27% (131,877 votos).
Os três levantamentos feitos até agora no primeiro turno revelam números díspares. Divulgada no último dia 15, pesquisa Gazeta Dados (MT-00672/2012) aponta Lúdio na liderança com 47% das intenções de voto contra 41% de Mauro Mendes. Pesquisa Access (MT-00674/2012) divulgada dia 19 mostra o vereador com 45,94% e o empresário com 42,7%.
O instituto Mark (00675/2012) publicou no dia 18 Mauro Mendes à frente com 46,4% e Lúdio Cabral com 43%. Já o levantamento Ibope (MT-00647/2012), publicado na noite de ontem, mostra Mendes com 48% e Lúdio com 43%, ou seja, o peessebista soma 53% dos votos válidos e Lúdio 47%.
A volatilidade eleitoral não é privilégio de Cuiabá. O exemplo de São Paulo salta aos olhos. Há poucas semanas antes do dia 7, o candidato Celso Russomano (PRB) liderava as pesquisas de intenção de voto com possibilidades reais de vitória no primeiro turno, mas acabou ficando de fora da disputa.
Agora José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) disputam o segundo turno com vantagem petista. O número de indecisos, no entanto, é o maio registrado em 10 anos de disputas eleitorais em segundo turno na maior capital do país.
