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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Prêmio de incentivo à leitura deve ocorrer apenas no 3º trimestre

Promovido anualmente desde 2005 pelo Ministério da Cultura, o Prêmio Vivaleitura beneficia iniciativas de disseminação de hábitos literários. A indefinição sobre a realização ou não da edição de 2012 do concurso, no entanto, vinha preocupando líderes de projetos na área. Segundo a organização do evento, ele deve acontecer no terceiro semestre, mas ainda não tem data definida.


Josessandro Batista de Andrade, idealizador do Festival Literário do Sertão (Flis), ganhou a quantia de R$ 30 mil ao conquistar o Prêmio Vivaleitura na categoria Escolas Públicas e Privadas, em 2009, dinheiro que usou para expandir seu projeto. Em meio à paisagem semiárida da cidade de Sertânia, no sertão do Moxotó, região com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) de Pernambuco, o festival promove atividades de incentivo à leitura. O projeto ocorre em uma comunidade onde quase 27% da população acima de 15 anos é analfabeta.

No caso do Flis, mais de 3 mil pessoas foram beneficiadas. No ano passado, o projeto não saiu do papel devido à falta de recursos. Em 2012, no entanto, a iniciativa retorna. Entre as atividades, estão seminários, oficinas, recitais, saraus, exposições, cantorias, debates, lançamentos de livros, shows musicais e caminhadas poéticas. "A gente tenta levar a literatura às pessoas para que sirva como instrumento de reflexão, humanização e educação da sensibilidade, apuração da consciência crítica, resgate dos nossos valores e da nossa literatura", afirma Andrade, também professor de português e literatura do Colégio Estadual Olavo Bilac, onde o Flis acontecia até 2010.

Em uma cidade onde 55% dos 34 mil habitantes é pobre, o festival promovido pelo professor ajudou a triplicar o acesso à biblioteca da escola na primeira edição e a proliferar recitais e encontros poéticos no município. Neste ano, Andrade explica que a festa vai ocorrer dividida em quatro segmentos: Infantil, Prosa e Verso, Cordel e Memória. Cada parte será feita em uma escola diferente e, para expandir as ações, outros dois municípios receberão as atividades. Haverá novidades como intervenções urbanas e recitais na cadeia pública e em instituições de amparo aos idosos. O organizador do Flis planeja que, no ano que vem, o evento chegue a Manari - cidade próxima a Sertânia e com um dos piores IDHs do Brasil.

Multiplicação de livros
Finalista do Vivaleitura em 2009, o promotor de leitura Otávio Cesar Santiago de Souza Júnior segue à frente do Ler é 10 - Leia Favela, que, desde 2006, já atendeu a mais de 4 mil jovens moradores dos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A fim de instigar os jovens, Souza Júnior faz palestras em escolas públicas, leituras nas comunidades, atividades lúdicas e empresta títulos de uma biblioteca criada na comunidade do Caracol - chamada de "barracoteca" - e de uma itinerante que roda as favelas. No início, havia entre 30 a 40 títulos, hoje, já existem 3 mil livros no Caracol e cerca de 1,7 mil no acervo móvel.

Para introduzir as crianças às atividades, Souza Júnior começa os trabalhos com travalínguas, charadas ou leitura de poesias infantojuvenis. "A gente tenta mesclar teatro, cinema, mímica, circo e outras linguagens artísticas para chamar a atenção para a leitura", explica o coordenador, que estudou teatro.

Desde 2006, não raro, os habitantes das comunidades abriam as portas para as atividades, ou organizações não governamentais e associações de moradores liberavam o espaço físico para cafés literários. "Nossa proposta para a casa dos moradores era fazer com que as crianças do entorno participassem das atividades lúdicas de promoção à leitura. Nas ONGs e associações, a gente oferecia um lanche simples, mas que funcionava para fazer contação de histórias e performances literárias, sempre acompanhadas de diversos títulos da literatura infantil brasileira", explica Souza Júnior. Ele diz que uma das funções sociais do Ler é 10 é fazer com que as crianças das favelas sonhem mais alto. "É importantíssimo ter despertada a imaginação e a criatividade, para que elas se interessem pelos estudos", declara.

A poeta e artista plástica Andreia Donadon Leal, vencedora da categoria Sociedade do Vivaleitura de 2009, coordena o Poesia Viva - Poesia Bate à sua Porta na cidade de Mariana (MG). O início dos trabalhos teve tudo a ver com o nome do projeto: após publicar um livro de poesias, a escritora saiu a bater na porta das casas de sua rua para distribuir os títulos restantes, ler poesias, contos, crônicas e edições do jornal Aldrava Cultural, escrito por ela e por outros poetas. Da vizinhança, ela passou a ir a outros bairros, e o projeto agora visita cidades vizinhas. Graças às doações oriundas da internet e da comunidade, o Poesia Viva já recebeu e distribuiu mais de 10 mil livros. Outra ação capitaneada por Andreia e pelos amigos do jornal são oficinas de haikai (poesia japonesa) e leituras em praças e outros espaços públicos.

"O Poesia Viva é o livro na mão da comunidade. Claro que a biblioteca tem que ter títulos, mas a comunidade tem que ter uma biblioteca em casa. A leitura é tudo: se você lê, você é uma pessoa informada, que pode discutir diversos assuntos. A leitura humaniza o ser e o leva à alteridade", reflete a coordenadora. Ela cita alguns benefícios que o projeto já trouxe à cidade de Mariana, como a alfabetização de famílias, a circulação de livros e o desenvolvimento de senso crítico graças ao hábito de leitura.

Hoje, ela diz que o projeto está de vento em popa. O que a move? Amor e vício. "Tem pessoas que são viciadas por drogas ou por comprar bolsas. Eu tenho vício por leitura e quero distribuir livros pelas casas das pessoas. O livro é a porta para sabedoria e para o mundo", reflete.
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