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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Notícias | Ciência & Saúde

Rede social para cientistas passa de 1 milhão de seguidores no mundo

Uma espécie de Facebook acadêmico é a aposta de cientistas e pesquisadores para trocar artigos, informações e experiências. O ResearchGate, criado em 2008 pelo médico alemão Ijad Madisch, ultrapassa 1,3 milhão de usuários em todo o mundo – 40 mil deles brasileiros.


Segundo a responsável pela comunicação da rede social, Lalita Balz, o principal objetivo é oferecer a oportunidade de discutir tópicos específicos em grupos online, baixar publicações e pesquisar em sete diferentes bancos de dados ao mesmo tempo.

“Além disso, os profissionais podem procurar empregos fora do país e se informar sobre conferências internacionais”, diz Lalita.

A ideia surgiu da necessidade de conectar pessoas da mesma área de atuação – a maioria hoje é de medicina e biologia – e saber o que está sendo produzido dentro e fora do país de origem. Para entrar, não é preciso convite, e o cadastro é grátis. O usuário deve informar os dados profissionais, a produção científica e os tópicos de interesse.

“O ResearchGate ainda tem poucos brasileiros porque aqui usamos muito a Plataforma Lattes, que tem perfis sempre atualizados. No exterior, é uma ‘selva’ para achar um pesquisador, e isso só é feito por meio de um site próprio ou da universidade ao qual ele está vinculado”, compara o biólogo e doutorando em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP) Atila Iamarino, de 27 anos.

Ele entrou nessa rede social para cientistas há três meses e diz que funciona como uma vitrine profissional, boa para fazer contato entre os pares. “Minha maior queixa é que o site sugere ‘amigos’ com base na localização do usuário e na área de atuação. Quando criei meu perfil, achei apenas 20 brasileiros”, diz.

Desde a semana passada, quando o serviço foi divulgado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Iamarino tem recebido 15 pedidos por dia para adicionar contatos. “A maioria é da USP, UFSCar, UFMG e UFRJ”, enumera.

Iamarino comenta que profissionais da área biológica são os que têm participado mais ativamente das redes sociais. “Antigamente, eram os físicos. Hoje debatemos muito sobre saúde, biotecnologia e nanotecnologia”, cita. Outro site usado por ele para troca de informações profissionais é o CiteULike.

Wiki, revistas online e blogs
Apesar do crescente número de cientistas online, o biólogo critica a forma como as redes ainda são vistas no país. “Infelizmente, a mentalidade acadêmica no Brasil ainda é muito fechada para a internet”, critica.

O método colaborativo wiki, por exemplo, é extremamente repudiado pela comunidade de pesquisadores, na opinião de Iamarino. Esta semana, a Wikipédia em inglês saiu do ar contra uma lei antipirataria digital nos EUA.

“A Wikipédia é a fonte mais acurada e a menos confiável do mundo. Normalmente, quem entra e escreve lá entende muito daquele assunto específico. Além disso, artigos publicados sobre Aids e outros temas são atualizados rapidamente”, afirma.

Iamarino destaca que o preconceito acadêmico atinge também as revistas digitais e os blogs científicos. “Periódicos online e de acesso aberto ainda são vistos com maus olhos. Muitas pessoas só dão crédito a um estudo se ele saiu numa revista impressa”, diz.

O biólogo é um dos administradores do site Scienceblogs, que foi criado em 2008 e reúne atualmente 40 blogs individuais e coletivos sobre diferentes áreas, como física, química, biologia, meio ambiente e geologia.

“Temos principalmente professores da USP, da UFMT e da UFRJ. Precisamos agora de alguém que escreva sobre matemática e um especialista em humanidades”, aponta Iamarino, que é dono do blog Rainha Vermelha.

"Orkut nerd"
A psicóloga e pós-doutoranda da UFSCar Ana Arantes, autora do blog O Divã de Einstein (sobre psicologia do dia a dia), entrou no ResearchGate há três semanas, a convite de seu orientador. “A gente chamava a Plataforma Lattes de ‘Orkut nerd’, e agora tem um”, brinca.

De acordo com ela, a rede ainda é um pouco confusa e, por ser relativamente nova no Brasil, ainda não dá para saber o que fazer exatamente. “Se eu quiser formar grupos de amigos com quem eu quero, não consigo”, ressalta.

Antes desse site, Ana já era membro da página da Comissão do Futuro na internet, criada pelo neurocientista Miguel Nicolelis para discutir a ciência no país. Lá, há fóruns divididos por áreas como astronomia, inteligência artificial e robótica, entre outras.

“Com as redes sociais, faço contatos com pessoas a quem jamais teria acesso antes. Fui a um congresso sobre autismo em São Carlos este mês, e alguns pesquisadores já estão no meu Facebook”, destaca Ana.
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