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Terça-feira, 23 de abril de 2024

Notícias | Informática & Tecnologia

Rússia anuncia incentivo para pesquisa contra anonimato na internet

Governo oferece R$ 245 mil para identificar internautas do 'Tor'.

País já abriga diversos 'nós de saída' espiões, segundo estudo.

O governo da Rússia criou uma competição para premiar com 3,9 milhões de rublos (cerca de R$ 245 mil) as entidades do país que desenvolverem uma tecnologia capaz de identificar internautas escondidos pela rede de anonimato The Onion Router (Tor).

A rede Tor é usada por internautas que queiram permanecer anônimos na internet e para burlar restrições ou bloqueios impostos pelo governo. A tecnologia foi criada pela marinha dos Estados Unidos, mas o código do programa é aberto e os programas necessários à navegação podem ser obtidos facilmente e de graça.

De acordo com o site "The Moscow Times", o número de usuários de Tor na Rússia saltou de 80 mil para 200 mil em junho, após novas regulamentações do país restringirem a publicação de informações. Uma das novas regras exige que autores de blogs que tenham mais de três mil leitores se registrem junto ao governo. Já a regulamentação contra "extremismo" pode colocar um site na lista negra do governo, bloqueando a página no país.

De acordo com o especialista em segurança Pierluigi Paganini, que questionou um "colega" anônimo sobre o documento da competição, um dos termos usados aponta para o envolvimento da FSB, agência de inteligência russa sucessora da KGB. O e-mail para informações sobre o documento não leva para um endereço do governo, mas pertence ao provedor de internet Yandex, operador do maior site de buscas da Rússia.
As inscrições vão até o dia 13 de agosto e a entidade vencedora será revelada no dia 20.

Motivos

De acordo com um estudo publicado por dois pesquisadores da Universidade de Karlstad, na Suécia, diversos computadores localizados na Rússia são "nós de saída" maliciosos da rede Tor. A rede Tor funciona de tal maneira que uma conexão passa por diversos computadores intermediários e os dados são protegidos no trajeto, mas o último computador, o nó de saída, precisa enviá-los para a internet sem proteção. Uma tática para a espionagem da rede Tor, portanto, é a configuração desses nós de saída, para que os dados que estejam saindo da rede sejam monitorados.

Essa técnica, que é bastante conhecida, não permite identificar a origem dos dados.

O especialista em segurança Bruce Schneier levanta duas possibilidades para a competição russa: a de que o governo realmente não consegue identificar os internautas anônimos, e a de que eles já conseguem identificar os usuários, porém querem divulgar a ideia de que eles não têm essa capacidade.

O especialista em monitoramento Andrei Soldatov afirma ao jornal "The Guardian" que o governo está dando um "recado". "Se o governo pode ou não bloquear o Tor não é importante. O importante é que eles estão dando sinais de que eles estão de olho. As pessoas ficarão mais cuidadosas", disse.
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