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SANGUE JÁ NÃO TÃO NOVO

Suposto 'jogo duplo' de prefeitos pró Taques afasta Jaime da disputa ao Senado, mas nota do DEM não deve atacar ninguém

22 Jul 2014 - 08:46

Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco e Jardel Patrício Arruda

Foto: José Luiz Medeiros / Assessoria

Pedro Taques com Jayme Campos (d) e Luciane Bezerra (e), durante o registro da candidatura no TRE: visível desconforto

Pedro Taques com Jayme Campos (d) e Luciane Bezerra (e), durante o registro da candidatura no TRE: visível desconforto

Governador de Mato Grosso, senador da República, três vezes prefeito de Várzea Grande e maior criador individual de gado do Estado, Jaime Veríssimo de Campos (DEM) nasceu, cresceu e sempre se deu bem na vida pública por conhecer muito bem seus aliados, seus adversários e, também, os atalhos da política desde 1982. O que Jaime não aprendeu foi conviver com as nuances da chamada ‘nova política’ e, principalmente, com a dubiedade dos prefeitos Mauro Mendes (PSB), de Cuiabá, e Percival Muniz (PPS), de Rondonópolis, principais apoiadores do senador José Pedro Taques (PDT), candidato ao governo de Mato Grosso pela coligação ‘Coragem e Atitude para Mudar’.


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E ele divulga nota oficial, nesta terça-feira (22), sem revelar que deixou a batalha à reeleição por não aceitar ser rejeitado pelos prefeitos de Cuiabá e Rondonópolis. Em tese, para reduzir os estragos de sua desistência, na candidatura de Taques.

Mendes negou para a reportagem do Olhar Direto  que tenha se negado a apoiar Jaime e, em eventos públicos, como na noite desta segunda-feira (21),no Hotel Fazenda, durante o lançamento de Fábio Garcia para deputado federal, pediu votos para Campos.

Jaime estava aborrecido desde que o secretário geral do PSB, Suelme Fernandes, o ‘Biela’, teria proibido a sua equipe de adesivar carros e distribuir material do candidato à reeleição ao Senado pelo DEM. A briga que começou há semanas, ganhou contornos de confronto no domingo (20), em evento na Praça Áurea Braz, no Cristo Rei, em Várzea Grande, reduto histórico de Campos.

De quebra, para agravar o descontentamento, Pedro Taques chegou num carro todo ‘plotado’ com seu marketing para governador, sem qualquer adesivo de Jaime. Isso foi considerado uma afronta inominável, pelos seguidores do senador pelo DEM.

Jaime Campos lembrou a aliados de confiança que, em 2006, quando disputou o Senado ao lado do então governador Blairo Maggi (PR), que disputava a reeleição, fazia a agenda e seguiam para os municípios, no mesmo avião. Já com Taques, na maioria das vezes, Jaime não podia opinar sobre as andanças e houve casos em que soube da agenda a ser cumprida através a imprensa.

A decisão de renunciar ao direito de disputar a reeleição ao Senado, até então vista como medida extrema, foi tomada por Jaime Campos no final da tarde desta segunda-feira (21/07), quando sua equipe teria enfrentado dificuldades para colocar material no salão Arara Azul do Hotel Fazenda Mato Grosso (Homat Coxipó), onde aconteceu a cerimônia de lançamento da candidatura do ex-secretário Fábio Garcia (PSB) à Câmara dos Deputados, perante mais de quatro mil pessoas.

Interessante – ou lamentável – é que Campos comunicou a desistência a Taques, no final da tarde, na presença do primeiro suplente Marcelo Maluf (PSDB). Todavia, durante todo o evento de lançamento de Fábio Garcia, no Homat Coxipó, embora demonstrasse inquietação, Taques trator de fazer de conta que estava tudo normal e não respondeu aos questionamentos da reportagem do Olhar Direto, sobre o tema.

“Não tenho opinião formada, porque não sei de nada [da renúncia]. Só vou falar após conversar com o senador Jaime”, afiançou Taques, à saída do Hotel Fazenda. O problema, no quesito honestidade em declaração, é que Taques já tinha se reunido com Jaime Campos, mas manteve aceso o ‘jogo do faz de conta’, dando a impressão de que ainda convenceria Campos a se manter no páreo.

Mas os seguidores de Campos estavam furiosos, a essa altura, em especial com Suelme Fernandes ‘Biela’, secretário municipal das Cidades e homem de confiança da administração Mauro Mendes. “Ele disse ao nosso pessoal: ‘quem muito abaixa, mostra a bunda’, recorrendo a um velho ditado de seo Fiote, seu pai, para não continuar aceitando o pouco caso dos seguidores de Pedro Taques, que agiam como se Jaime não existisse”, revelou um parente do senador Democrata.

“Maldita traição! Há tempos a ‘trairagem’ era imensa [desde antes da convenção] e se tornou insuportável, quando proibiram até mesmo uma simples adesivagem em carros deles [Mendes e Muniz], durante eventos de campanha”, disse um importante interlocutor de Jaime, sem autorizar que seu nome seja revelado.

Jaime Campos tinha programado inicialmente uma entrevista coletiva, provavelmente na tarde desta terça-feira (22)). No entanto, depois de conversar até tarde da noite com o Presidente do DEM, deputado federal Júlio Campos; o marqueteiro Lúcio Sorge, o advogado Ronimárcio Naves, o jornalista Gustavo Capilé de Oliveira, dono do Diário de Cuiabá, além do próprio senador José Pedro Taques, desistiu da entrevista coletiva e optou por divulgar uma ‘Nota à Imprensa’.

Já no final da noite, a conversa com o candidato do PDT foi a mais rápida. Durou menos de meia hora. Pedro Taques deixou a residência de Campos às 23h09, no carro de Gustavo de Oliveira, sem falar com os jornalistas que aguardavam até uma resposta até altas horas.

A equipe de marketing de Jaime Campos não sabia de nada até por volta das 18 horas, porque enviou a agenda do candidato à reeleição para esta terça-feira, com previsão de visitas a Cáceres e Tangará da Serra, com Pedro Taques. O material enviado pela equipe demonstra que Jaime desejava continuar na disputa para senador e até às 17h não pensava em renunciar ou não tinha comunicado sua equipe.




Entenda o caso

A chapa da coligação “Coragem e atitude para Mudar”, com Pedro Taques e Jaime Campos, desde o início passou por sobressaltos. Houve uma seqüência de desentendimentos entre os líderes de partidos e os candidatos. Mesmo antes das convenções, Jaime chegou a ser hostilizado por parcela considerável dos seguidores de Pedro Taques, com críticas veladas de lado a lado.

Durante as primeiras semanas, Jaime Campos insistiu ao máximo em ‘colar’ a sua imagem à de Pedro Taques. , que provocou a reação do prefeito Mauro Mendes (PSB), um dos mais influentes simpatizantes e incentivadores do senador pedetista. Certa ocasião, direto, Mendes qualificou Jaime de antigo, velho e tradicional, mas teve a réplica imediata de Jaime, que afirmou que não dependeria de Taques para se reeleger, e chegando a ameaçar com a formação de uma terceira via para as eleições deste ano, para encabeçar uma candidatura ao governo.

No entendimento de alguns líderes da coligação ‘Coragem e Atitude para Mudar’, a dobradinha Taques e Jaime não deu liga e as reações contrárias, que começaram tímidas, foram crescendo até se tornarem insustentáveis, refletidas nas ruas.

A coligação, liderada por PDT e PP, tem também DEM, PSDB, PSB, PPS, PV, PTB, PSDC, PSC, PRP, PSL e PRB, todos divididos em grupelhos, nunca falou a mesma língua sobre o apoio a Jaime Campos. Deu no que deu. (Colaborou Lucas Bólico)
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