O empresário Odenir Souza de Almeida, 43, denunciou a ativista de proteção aos animais Michelle Scopel, da Ong Associação da Voz Animal (AVA), de ter invadido sua empresa, um estacionamento em Cuiabá, e arrombado um portão para roubar dois cães. Do outro lado, Michelle sustenta que os cachorros estavam sendo mal tratados pelo dono e precisaram ser resgatados com a ajuda da Polícia Militar.
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A invasão teria acontecido no dia 5 de janeiro. Quando Odenir chegou estacionamento, após o horário de almoço, os dois cachorros, um jovem pitbull preto e um dálmata, haviam desaparecido. Além disso, o cadeado do portão teria sido arrombado, segundo a denúncia. Depois disso, em uma busca na internet, ele encontrou uma foto dos dois cães, na página pessoal do facebook de Michelle e compartilhada pela AVA, em que os animais eram oferecidos para adoção.
Odenir teria entrado em contado com a AVA para tentar reaver os cães, no entanto, o pedido teria sido negado. Dessa forma, ele decidiu registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Roubos e Furtos, no dia 7 de janeiro, e acionar a Ong judicialmente. O advogado do empresário deverá tentar um mandado de Busca e Apreensão para recuperar os cães.
Contudo, a história teria começado cerca de 20 dias antes da ação da ativista, ainda no fim de 2012, quando uma senhora que passava em frente ao estacionamento, localizado na rua Antonio Maria, Centro Sul, fez um alerta sobre o local e as condições supostamente inadequadas sob as quais os cães eram submetidos.
Na manhã do dia 5 de janeiro, o mesmo dia do desaparecimento dos cães, o empresário, que simplesmente teria ignorado o aviso da senhora, recebeu uma carta anônima, escrita a mão em uma folha pautada, cheia de insultos. Entre as injurias, Odenir era chamado de “irracional”, “excrementos de porco”, entre outras coisas, como ofensas proferidas contra a mãe dele. Nesta mesma carta está escrito que a “AVA já abriu um processo” contra ele e que logo haveria a notificação.
No mesmo dia o empresário registrou Boletim de Ocorrência na Central de Ocorrências e dois dias depois repetiu o processo na Delegacia de Roubos e Furtos.
Vida de cão
A mesma história ganha contornos bem diferentes quando narrada por Michelle Scopel. A ativista de proteção aos animais diz ter recebido uma denúncia através do facebook a respeito das condições dos dois cães e foi verificar in loco. Ao chegar ao local, ela teria ficado espantada com a situação dos cachorros, magros, trancados em um cubículo onde pegaria sol maior parte do dia, com pouca comida e água.
Ela então teria pedido ajuda da Polícia Militar, que ao chegar ao local teria confirmado o estado de maus tratos aos cães e decidiram retirá-los dali. Nesse ponto surge uma diferença substancial nas versões distintas. Enquanto Odenir afirma que o cadeado foi arrombado, Michelle garante o contrário. “Não tinha cadeado nenhum. Inclusive, qualquer um podia entrar lá e soltar os cachorros, só de sacanagem. Imagina o perigo, eles saírem na rua e serem atropelados”, disse a ativista.
A ativista afirma que irá solicitar as gravações da câmera de segurança de um banco localizado a frente do estacionamento. Para ela, as acusações de arrombamento são forjadas e deverão causar problemas ao próprio Odenir.
Saindo do estacionamento, Michelle, acompanhada por dois policiais militares, foi até a Delegacia Especializado do Meio Ambiente (Dema) onde foi registrado um Boletim de Ocorrência acusando Odenir de maus tratos aos animais. Posteriormente, ela levou os dois cachorros para um abrigo onde, disse a própria ativista, eles estariam muito melhor cuidados. “Antes dava pra ver a costela deles. O pitbull, que é mestiço, não deixava o dálmata comer a pouca comida que davam. Agora eles estão bem melhores”, afirmou.
A Dema confirma que Michelle chegou a delegacia acompanhada de policiais militares. De acordo com informações de uma agente da Polícia Civil, foi um instaurado um inquérito para apurar os maus tratos, mas o caso não teria sido registrado como flagrante. Sobre a PM ter autorização ou não para tirar os cães de onde estavam a agente despistou. “Isso aí já é outra história”.
