Olhar Direto

Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Notícias | Cidades

povo na rua

Várzea Grande “também acorda” e dá trabalho para policiais militares

Quase como um flashback da manifestação de quarta-feira (18) em Cuiabá, o primeiro ato realizado em Várzea Grande, na sexta-feira (22), como forma de apoio a onda de protestos que começou em São Paulo e se espalhou por todo o Brasil, reuniu cerca de quatro mil pessoas. Praticamente todos eram estudantes secundaristas reivindicando melhorias no transporte público e protestando contra a corrupção.

Foto: Jardel P. Arruda/OD

Várzea Grande “também acorda” e dá trabalho para policiais militares

Várzea Grande “também acorda” e dá trabalho para policiais militares

Quase como um flashback da manifestação de quarta-feira (18) em Cuiabá, o primeiro ato realizado em Várzea Grande, na sexta-feira (22), como forma de apoio a onda de protestos que começou em São Paulo e se espalhou por todo o Brasil, reuniu cerca de quatro mil pessoas. Praticamente todos eram estudantes secundaristas reivindicando melhorias no transporte público e protestando contra a corrupção.


Bombas de fabricação caseira e fogos de artifícios são armas de vândalos em manifestação de Várzea Grande

Riva, Juarez e vereadores são alvos de manifestantes em Sinop; veja fotos

Apesar de a caminhada ter acontecido sem problemas na maior parte do tempo, o manifesto saiu do controle durante alguns dos momentos da parada em frente a prefeitura da cidade e também na caminhada rumo ao terminal de ônibus. Alguns vidros da sede da administração municipal foram alvos de pedras, bem como pelo menos quatro ônibus foram apedrejados.

Também houve confusão dentro do terminal, onde o ato foi encerrado “oficialmente”. Lá alguns manifestantes mais exaltadas arrancaram uma das portas do banheiro público e a polícia teve problemas para dispersá-los. Depois vários grupos de estudantes se separaram e seguiram para direções diferentes da área central da cidade, onde vários estabelecimentos comerciais foram depredados.

Depois de mais de uma hora tentando dispersar os adolescentes a Polícia Militar ainda tinha dificuldades em desbaratar de vez o movimento sem ter de recorrer a força. E apesar de nenhum tiro ser disparado pelos PMs, vários manifestantes reclamaram de agressões físicas por parte dos policiais.

A Crônica do ato


Por volta das 17h já haviam cerca de mil pessoas reunidas em frente ao Ginásio de esportes Fiotão, ao lado do terminal Adré Maggi, na região central de Várzea Grande. Praticamente todos ali eram adolescentes estudantes secundaristas. Muitos pela primeira vez em uma manifestação.

Na organização membros de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), da Alternativa Sindical Socialista, do Movimento Rumo ao Socialismo (MRS) e da União da Juventude Socialista, davam um toque de experiência ao protesto. Com um megafone, algumas das lideranças se revezavam puxando palavras de ordens e tentando manter os adolescentes longe de confusões.

Antes mesmo de iniciarem a caminhada até a Prefeitura de Várzea Grande e depois de volta ao terminal André Maggi, os organizadores, através de um jogral, fizeram questão de lembrar que o ato tinha a intenção de ser pacífico. Aviso dado, começaram a marchar rumo a Avenida Filinto Müller em direção a Alzira Santana.

A caminhada seguiu em ritmo acelerado. Os manifestantes entoavam o tradicional “vem para rua!”, chamando os populares a participar do ato, cantavam trechos do hino nacional brasileiro e cobravam o passe livre para Várzea Grande, uma promessa de campanha do prefeito Wallace Guimarães (PMDB).



Enquanto os adolescentes caminhavam, cantavam e reivindicavam, um grupo de 100 policiais militares, entre os equipados com motos e os que caminhavam a pé, faziam a segurança. A frente da manifestação seguia um cordão de PMs e, mais a frente, três viaturas da Guarda Municipal de Várzea Grande para fazer as vezes de agente de trânsito.

Pouco a pouco mais pessoas iam incorporando a massa do manifesto. Rapidamente foi possível perceber que o número de pessoas havia se multiplicado. Muito mais força o protesto ganhou após passar pela Escola Fernando Leite, já na Avenida Alzira Santana. De lá, muitos adolescentes se juntaram ao ato, atendendo ao chamado das ruas.

Quando chegaram a frente ao Pronto Socorro da cidade, um dos símbolos do problema do setor da Saúde em todo Mato Grosso, os adolescentes se sentaram em silêncio. Depois iniciaram a oração de um “Pai Nosso”, seguida por palmas deles mesmos e de vários funcionários da unidade de saúde que observavam pela porta.

Em vários trechos da avenida a população local se reunia nas calçadas para aplaudir os jovens e gritas frases de apoio.

Quando chegaram a Prefeitura de Várzea Grande já havia um contingente de PMs a espera, além de tropas da Guarda Municipal protegendo a porta de entrada da sede da administração municipal. Considerado pela Polícia Militar como o ápice do protesto, ali estariam reunidos cera de quatro mil pessoas.



Ficaram por lá cerca de quarenta minutos. Wallace foi um dos principais alvos das críticas, mas também sobrou para o deputado José Riva (PSD) e ao vereador João Madureira (PSC). Um dia antes do protesto o social-cristão afirmou que a polícia deveria “sentar o sarrafo” nos manifestantes. Agora eles gritavam em coro: “Madureira, vândalo aqui é você”.

Mas quanto mais tempo ficavam lá, mais difícil era conter os ânimos e logo alguns manifestantes mais exaltados atiraram pedras contra as vidraças da prefeitura. Os vidros apenas racharam. Outra coisa recorrente durante todo o ato foi a explosão de rojões constantemente. Até mesmo os adolescentes se irritaram e gritaram obscenidades contra o quem “explodia as bombas”.

Foi então que os organizadores decidiram que era hora de deixar o Paço Couto Magalhães e rumar de volta ao terminal. Muitos manifestantes dispersaram por ali mesmo e seguiram outras direções. Alguns outros aceleraram e foram a frente de qualquer liderança e iniciaram algumas confusões.

Primeiro um grupo de manifestantes encontrou ônibus da empresa União Transportes sendo recolhidos a garagem e começaram a atacar o veículo com pedradas. Praticamente todos os vidros de dois ônibus foram quebrados. Um dos adolescentes envolvidos foi detido e algemado por um guarda municipal, que gerou revolta entre os outros manifestantes.

Gritando “sem violência” eles cercaram o guarda municipal, que estava acompanhado somente de outro agente, e exigiam a libertação do colega. Mesmo com a arma taser – uma pistola de choque – em mão e pedindo para os manifestantes se afastarem, o guarda se viu obrigado a ceder e a libertar o detido.



Com a soltura os outros manifestantes começaram a comemorar. A essa altura chegavam policiais militares em motocicletas e os organizadores do protesto que passariam a dispensar um esforço muito maior para manter a o ato pacífico. Foi então que pediram para todos voltarem a se concentrar em frente ao Fiotão para uma última reunião.

Contudo, os manifestantes seguiram além do ginásio e invadiram o terminal. Tão logo eles entravam por um lado os ônibus saiam por outro para evitar depredações. A PM já havia informado que além dos primeiros, outros dois já aviam sido apedrejados também.

Lá houve, novamente, confusão. A polícia e os organizadores precisaram agir rápido para impedir os manifestantes exaltados de começarem um quebra-quebra. Mesmo assim vários danos foram anotados no local. Outro adolescente quase foi detido, mas novamente ficou no “deixa disso”.

Após acalmar os exaltados a organização iniciou um novo jogral e deliberou sobre quando será o próximo ato na Cidade Industrial: segunda-feira (22). “Segunda vai ser maior!”, gritavam, repetidamente, em uma adaptação do já tradicional “Amanhã vai ser maior!”. E então o ato foi encerrado oficialmente.

Entretanto, sem a liderança dos mais experientes, um grande número de manifestantes se dirigiu rumo ao Centro de Várzea Grande, divididos em vários grupos, onde começaram diversos focos de depredação. Quebraram vidraças, entortaram portas de ferro, rasgaram sacos de lixo e pararam parcialmente o trânsito na Avenida Filinto Müller até depois das 21h30.

A PM tinha grande dificuldade em dispersar o grupo devido a decisão de não usar nenhum tipo de arma, nem mesmo as não-letais, contra os adolescentes. Para diminuir o grupo, a polícia usava as motos e uma viatura fazendo manobras na tentativa de assustar os adolescentes. Um contingente adicional de policiais foi levado ao local para poder cobrir os vários pontos por onde os manifestantes se dividiram.



Em meio a toda confusão, pelo menos um adolescente foi detido após ter supostamente quebrado o vidro de uma viatura da PM. Muitos manifestantes reclamaram de agressões da polícia e mesmo depois da detenção do colega continuaram a paralisar o trânsito. Gritavam “Várzea Grande acordou” até, pouco a pouco, todos irem embora.

Agora, é esperar por segunda-feira.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet