Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Política BR

Dilma evita falar em reforma, mas defende redução de imposto

Para grupo de empresários, a presidente falou da dificuldade em aprovar algumas medidas, ironizou a redução de ministérios e recuperou ações feitas no seu mandato


Em sabatina promovida pela indústria nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff, candidata pelo PT à reeleição, evitou prometer uma reforma tributária, mas defendeu uma redução parcial de impostos. O tom difere do de seus principais adversários – Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) –, que prometeram envio de uma proposta de reforma nos primeiros dias de um eventual mandato.

“Se a reforma não ensejar acordo, nós iremos por parte”, disse a presidente. “Sem reduzir o custo tributário, sem torna-lo mais próximo dos custos tributários dos países que concorrem conosco, não seremos competitivos”, explicou.

Em entrevista após o diálogo com os empresários, Dilma disse que no primeiro ano de mandato há mais capital político para articular uma reforma tributária, mas ressaltou que aprovar um projeto complexo tende a ser mais difícil.

“É uma questão que não envolve só Congresso, mas a federação: governadores e prefeitos. É uma discussão sobre repartição tributária, além de ser uma discussão sobre a incidência de impostos sobre indivíduos e sobre empresa”, disse. “É muito mais difícil você passar uma reforma integral porque o processo negocial é complexo”, acrescentou.

Última participante do “Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dilma dedicou a maior parte das suas intervenções para resgatar o que fez em seu mandato. À plateia empresarial, a presidente e candidata destacou que as desonerações feitas não comprometeram a robustez fiscal e que o subsídio do crédito o tornou mais competitivo.

Dilma também se comprometeu a combater a burocracia, mas rechaçou a ideia de presença mínima do Estado. “Nenhum país chegou a tornar-se uma nação desenvolvida sem acabar com as amarras do Estado anterior”, disse. Em seguida ela negou que estivesse defendendo o Estado mínimo, que ela classifica como “uma loucura”. “O dia que contarem sobre o Estado mínimo, vou contar sobre a NSA (Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, na sigla em inglês)”. A presidente se referia à agência americana que, mesmo lidando com informações confidenciais, conta com um expediente de funcionários terceirizados.

Ao ser indagada sobre a infraestrutura, Dilma Rousseff reconheceu que o cenário não é dos mais satisfatórios. “Também não estou feliz com a questão do ritmo dos investimentos em infraestrutura”, disse. Ela, no entanto, usou a retórica da “herança maldita” para justificar o ritmo lento de investimentos no setor, estimado em 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

“Nós somos herdeiros de uma situação ruim do ponto de vista público e privado”, justificou. Ela explicou que o País, por muito tempo, perdeu a cultura de fazer projetos e planejamento e também que essa realidade desmobilizou empresas e profissionais da área de engenharia. Também afirmou que foi nos governos do PT que o crédito de longo prazo voltou. Antes, segundo ela, o máximo de parcelamento era de sete anos, que é incompatível para financiamento de grandes obras.

Dilma ironiza tucanos sobre número de ministérios
A presidente também ironizou as críticas da oposição aos números de ministérios. O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, fala em cortar pela metade as 39 pastas, mas evita afirmar quais seriam extintas.

“Querem acabar com o quê? Com o status de ministério que tem a Secretaria de Políticas para as Mulheres? Por quê? Por que o status permite o empoeiramento das mulheres quando se trata no combate da violência contra a mulher? A de Direitos Humanos? Estão querendo acabar com o status de ministério da Secretaria de Direitos Humanos? Então não vamos dar tanto respaldo de criar um programa de combate à tortura no Brasil?”, questionou. “Eu gostaria de saber. não pode ser o da Educação, não pode ser o da Cultura. Me digam qual é que eu respondo concretamente”, concluiu.

Ao responder a pergunta sobre a quantidade do número de ministérios, Dilma citou o episódio de quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sentou na cadeira de prefeito na véspera da eleição para a prefeitura de São Paulo em 1985, quando foi derrotado pelo ex-presidente Jânio Quadros. O eleito desinfetou o assento quando tomou posse.

"Eu tenho algumas superstições, eu não sento na cadeira de presidente no segundo mandato antes de ser eleita. Igual fizeram em outros tempos sentando na cadeira de prefeito antes de ser eleito”, afirmou, em tom irônico.

Dilma nega ideia de flexibilizar direitos trabalhistas

A presidente jogou um balde de água fria nos empresários interessados na flexibilização das leis trabalhistas sob argumento de melhorar a competitividade. Apesar de se mostrar favorável à terceirização, ela disse que o retrocesso em parte da legislação do trabalho não é de interesse do governo.

“Eu acredito que não se fará reforma trabalhista se não se fizer um diálogo muito próximo entre empresários, trabalhadores e Congresso Nacional. Não há condição política se a gente não partir dessa premissa. Tem de ter processo negocial”, afirmou a presidente.

“As garantias que as leis trabalhistas deram no Brasil em nenhum momento alguém tem condição de rasgar, como o 13º salário e as horas extras. E, do ponto de vista do governo, não queremos fazer (reforma), não”, acrescentou Dilma.

A presidente e candidata afirmou que o governo não tem visão preconceituosa sobre a terceirização do trabalho, mas reiterou que ela é contrária à precarização das condições de trabalho.

Hipótese de “tarifaço” é pessimismo pré-eleitoral

A presidente também respondeu a afirmação do candidato do PSB, Eduardo Campos, de que o governo vai aumentar preços da energia e dos combustíveis após as eleições de outubro. Dilma atribuiu os ajustes previstos para tarifas de energia à falta de chuvas no Sudeste.

“Essa historia do ‘tarifaço’ é mais um movimento de instaurar pessimismo, comprometendo o crescimento do País”, disse a presidente, que comparou a hipótese com outras profecias. “Sem sombra de dúvida, (o tarifaço) é um primo irmão da tempestade perfeita e do racionamento que são profecias que não se realizaram e não se realizarão”, disse.

Dilma estoura tempo de exposição
Apesar das regras de tempo claramente definidas entre a CNI e os comitês de campanha dos três candidatos sabatinados nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff estourou em quase cinco minutos o tempo estabelecido para exposição de propostas – de meia hora. Ao ser interpelada pela mediadora, Dilma pediu tratamento distinto. “Minha situação é diferenciada. Eu tenho que dizer o que eu fiz”, afirmou.

A presidente falou cerca de 4 minutos e 40 segundos além do tempo estabelecido. Além da exposição, houve 15 minutos de apresentação, por parte da CNI, das prioridades da indústria. Quatro empresários também fizeram perguntas à presidente, que teve cinco minutos para responder a cada indagação. Em uma delas, Dilma respondeu abaixo do tempo – com 1 minuto e 18 segundos de crédito. Por fim, Dilma teve 10 minutos de tempo para considerações finais.

Além do acordo conjunto entre os coordenadores de cada comitê de campanha envolvido, as regras de sabatinas e debates com candidatos passam ainda pelo crivo da Justiça eleitoral.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet