Assunto dominante entre os advogados que passam horas nos corredores do Fórum de Cuiabá ou no Tribunal de Justiça de Mato Grosso à espera de audiências, a delação premiada é vista com reservas, pela maioria. Oriunda do Império Romano, em que os monarcas utilizavam para encontrar supostos traidores; e popularizada na extinta União Soviética, de Stálin, na busca por “espiões”, a delação fazia pais entregarem filhos e irmãos contra irmãos, em denúncias quase sempre obtidas com tortura ou ameaças veladas de privação da liberdade. Entre os operadores do direito dos corredores do Fórum de Cuiabá, não são poucos os que comparam o regime utilizado hoje no Brasil ao de Stálin. Curiosamente, fica claro que, sem a delação premiada, a Operação Lava Jato teria sucumbido e, no caso específico de Mato Grosso, as prisões do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e seus secretários, dificilmente teriam sido viáveis. Sem dúvida, um punhal de dois gumes.