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Mais 19 corpos de vítimas de naufrágio na Coreia são localizados

O Globo

 Depois de quatro dias de tentativas fracassadas devido às fortes correntes marítimas, mergulhadores recuperaram mais 19 corpos na balsa naufragada na Coreia do Sul, na última quarta-feira. Com o resgate, o número de mortos confirmados sobe para 58. Segundo as equipes de busca, os corpos recuperados estavam dentro da embarcação.

Pouco antes da meia-noite (horário local), os três primeiros corpos foram resgatados, marcando o início do difícil processo de recuperar os restos mortais das centenas de pessoas que ficaram presas quando a balsa Sewol, de 6.825 toneladas, adernou e naufragou. Os três cadáveres estavam com coletes salva-vidas e dois eram homens, segundo a Guarda Costeira. Outros corpos foram recuperados nas horas seguintes e as equipes de emergência continuam trabalhando na área da tragédia. A balsa naufragou na quarta-feira na altura da costa meridional coreana.

Mais de 244 pessoas, a maioria delas estudantes do ensino médio que estavam em uma viagem de férias, estão desaparecidas. Apenas 174 sobreviveram ao acidente, que revoltou e deixou em desespero milhares de parentes e amigos do grupo de alunos. O capitão da balsa segue preso acusado de negligência e abandono de pessoas em perigo. Dois outros membros da tripulação também foram detidos.

Em uma última ligação telefônica para a irmã mais velha, Kim Dong-Hyup, um aluno de 16 anos, prometeu que sairia com vida da balsa. Quatro dias após o acidente, a família acredita que Kim continua vivo.

— Sempre foi um garoto voluntarioso. Estou convencido de que se salvará de um jeito ou outro — disse o pai, Kim Chang-Gu, de 46 anos.

A recuperação do navio vai levar pelo menos dois meses. Segundo as autoridades do país, as condições no local são muito ruins, dificultando o trabalho dos mergulhadores. Enquanto isso, o capitão do navio, Lee Joon-seok, defendeu sua decisão de adiar a saída dos passageiros da embarcação. Lee ordenou que todos permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos depois que a barca ficou imobilizada por causas ainda desconhecidas. Quando o navio começou a afundar, porém, já era muito tarde e os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo que a água tomava a embarcação.

Segundo Lee, detido neste sábado junto com outros dois integrantes da tripulação sob acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros — uma violação do código marítimo —, as condições do mar estavam muito ruins e não havia navios próximos que poderiam resgatar os passageiros.

— Naquele momento (durante os 40 minutos posteriores ao possível choque com o fundo do mar ou um objeto submerso), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar — declarou o capitão às redes de TV locais com a cabeça abaixada e coberta por um capuz. — As correntezas eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam problemas se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas. E teria acontecido o mesmo se estivessem com coletes.

O capitão, de 69 anos, tem sido muito criticado por ter abandonado o navio enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem escolar, permaneciam presas a bordo. A terceira imediata do navio, Park Han-gyeol, de 26 anos, e timoneiro Cho Joon-ki, de 55, também foram detidos, e cada um enfrentará três acusações, de acordo com a agência de notícias Yonhap.

O acidente ocorreu quando a tripulação manobrava. O promotor Yang Jung-jin disse que os investigadores tentam descobrir se a terceira imediata ordenou um movimento tão forte que levou o navio a tombar. Yang acrescentou que Lee não estava na ponte quando o Sewol passava por uma área com muitas ilhas próximas, mesmo com a lei exigindo que o capitão esteja na ponte em tais situações para ajudar a tripulação.
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