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Após morte de ativistas, governo de Honduras diz respeitar direitos humanos

Folha Online

O governo interino de Honduras convidou nesta segunda-feira as organizações internacionais a visitar o país e verificar o "irrestrito respeito" aos direitos humanos em meio à crise causada pela deposição do presidente eleito, Manuel Zelaya, e à notícia de que dois ativistas opositores foram assassinados a tiros no fim de semana.

Segundo o porta-voz presidencial, René Zepeda, o convite é público e vale para "todos os representantes de direitos humanos, tanto nacionais quanto internacionais". O objetivo do convite, continuou, é que os organismos visitem Honduras e comprovem o "irrestrito respeito aos direitos das pessoas".

Vários grupos partidários ao retorno de Zelaya ao poder, assim como grupos de direitos humanos, denunciaram que as forças de segurança hondurenhas abusam da força na contenção dos protestos e violam diversos dos direitos humanos durante a crise política instaurada pelo golpe de Estado de 28 de junho, quando zelaya foi expulso do país.

Ao menos duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em 5 de julho passado, quando os militares reprimiram um protesto de hondurenhos que aguardavam a chegada de Zelaya ao aeroporto de Tegucigalpa. O governo interino acusa os próprios manifestantes pelas mortes e diz que a polícia não fez nenhum disparo.

Dois membros do partido de esquerda Unificação Democrática (UD), do presidente deposto de Honduras, Zelaya, foram assassinados em ações separadas no sábado passado (11). Os crimes foram denunciados pelos partidários de Zelaya como ato de represália do governo interino.

Ambos participaram, nos últimos dias, de manifestações favoráveis ao retorno de Zelaya, deposto por um golpe de Estado orquestrado por Congresso, Suprema Corte e Exército.

Roger Iván Bados, 54, foi morto a tiros em sua residência, na colônia de Rivera Hernández, em San Pedro Sula, norte do país. O presidente da UD, Renán Valdés, afirmou à agência Ansa que Bados sempre participou de manifestações pró-Zelaya.

Ele relatou que uma irmã e a mulher de um sobrinho de Bados também foram feridas na ação. O presidente do partido diz, citando testemunhas, que um homem chegou à casa de Bados perguntando por seu sobrinho, quando Bados afirmou que iria buscá-lo, foi atingido por três tiros. O assassino, ainda segundo Valdés, fugiu de bicicleta.

A outra vítima foi Ramón García, 40, também assassinado por homens armados ao descer de um ônibus no município de Macuelizo, Departamento de Santa Bárbara, oeste de Honduras. Ele era um dos líderes dos protestos em Santa Bárbara, segundo Valdés.

O presidente da UD afirmou que os dois homicídios configuram um "ato de represália" do governo interino, presidido pelo presidente Roberto Micheletti, nomeado pelo Congresso. Ele afirmou ainda que o partido investigará ambos os assassinatos.

Zepeda não comentou os assassinatos e nem as acusações de violação aos direitos humanos. O porta-voz disse apenas que o governo de Roberto Micheletti deve formalizar o convite para a visita de observadores à ONU (Organização das Nações Unidas) e à OEA (Organização dos Estados Americanos).
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