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Notícias / Ciência & Saúde

Pacientes com anemia falciforme enfrentam falta de leitos na PB

G1

 A falta de leitos para internação, além da triagem neonatal e a falta de disponibilização de vacinas que não constam no calendário regular são alguns dos principais problemas que as pessoas acometidas por anemia falciforme enfrentam na Paraíba, segundo o presidente da Associação Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias (Asppah), Zuma Alves.

A dificuldade em conseguir leito para internar o filho, Antônio Ferreira da Cruz, é uma realidade vivida pela dona de casa, Severina Ferreira da Cruz, há 27 anos, quando houve a confirmação do diagnóstico de anemia falciforme.

No último dia 15, ela se dirigiu ao Hemocentro da Paraíba para atendimento e encaminhamento para internação, mas não conseguiu leito disponível. “O atendimento no Hemocentro é muito bom. A dificuldade mesmo é conseguir leito para internar meu filho. Ele estava com duas feridas, uma em cada perna, muita dor de cabeça e com plaquetas muito baixas, mas não tinha vaga para internação”, disse. Antônio tomou uma bolsa de sangue e foi medicado, mas teve que retornar para casa, no bairro de Tibiri, em Santa Rita, a 12km de João Pessoa.
Conforme a Secretaria de Estado de Saúde (SES), para as situações de portadores de anemia falciforme, em crise, as referências na Paraíba são o Hospital Universitário Lauro Wanderlei e o Complexo Hospitalar Mangabeira Governador Tarcísio Burity (Ortotrauma de Mangabeira) . Já para crianças, com o mesmo problema, a referência é o Hospital Arlinda Marques.
Na capital, a técnica em Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa, Perla Figueiredo, reforçou que as capacitações ampliam a melhora do atendimento na rede pública, apesar de reconhecer a dificuldade em toda a rede pública de conseguir leitos.
Perla Figueiredo reforçou que a formação continuada garante mais sensibilidade das equipes para compreenderem o significado da dor para uma pessoa portadora de anemia falciforme. "Os profissionais de saúde precisam entender que a dor para uma pessoa com anemia falciforme pode representar risco de morte. Estamos buscando ampliar essa sensibilização e a otimização do serviço na oferta de leitos porque uma pessoa com anemia falciforme tem prioridade na internação", frisou.

Uma série de cuidados e monitoramentos do quadro de saúde das pessoas com anemia falciforme é necessária, segundo Zuma Alves, para evitar o agravamento do quadro clínico. “Os principais problemas que percebemos no dia a dia é que depois do diagnóstico os pacientes precisariam de mais cuidado e acompanhamento do que a rede pública tem oferecido”, frisou.

Zuma Alves reforça que até o primeiro ano de vida um criança com anemia falciforme precisa de uma série de vacinas que não estão no calendário convencional de vacinação”, explicou. Segundo ele, no dia 30 de julho de 2010 foi criado um setor responsável pela atenção integral ao paciente de anemia falciforme em João Pessoa, no entanto, três anos depois muitas medidas ainda precisam ser adotadas na avaliação de Zuma Alves.
“Um dos gargalos é a triagem neonatal com mais de três anos porque até 2010 o teste do pezinho não identificava a anemia falciforme. Nem sempre esse exame chega às famílias rapidamente e em alguns casos quando chega a criança já está sentindo os sintomas da doença”, disse.
Com relação ao oferecimento de vacinas, a SES informou, por meio da assessoria de imprensa, que todas as vacinas necessárias estão disponíveis nas Unidades de Saúde da Família. Quanto à indentificação da doença, a orientação da SES é que as pessoas que possuem os sintomas da doença e ainda não tiveram o diagnóstico confirmado para a anemia falciforme, deverão fazer agendamento prévio no setor ambulatorial do Hemocentro, por meio do telefone 3218-7681.
No local, um médico hematologista deverá realizar exames laboratoriais específicos. Em caso positivo, o paciente terá acompanhamento e orientação genética com a equipe multiprofissional do próprio Hemocentro.

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