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Após 'boom' com lei das domésticas, franquias de limpeza perdem embalo

G1

Os novos direitos garantidos para as empregadas domésticas a partir de 2013, com a aprovação da chamada “PEC das Domésticas”, também significaram lucros para o setor de franquias de serviços de limpeza. Com o aumento de custos para ter uma empregada em casa, muita gente passou a recorrer a esse tipo de serviço e ajudou a expandir o mercado.

Um ano e meio depois da aprovação da lei, no entanto, o crescimento do setor perdeu o “embalo”, e as franquias vivenciam um período morno: alguns franqueadores pararam de vender unidades com receio de aumentar a taxa de evasão, e franqueados temem perder clientes, que estão cortando os gastos para fazer frente à inflação.

Já em 2013, depois da "explosão" do setor, o segmento não teve um desempenho excepcional. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor de limpeza foi o que segundo que menos cresceu em faturamento no ramo de franchising (1,6%), atrás apenas do setor de serviços financeiros e negócios como um todo, que teve retração de 4,6%. Para se ter uma ideia, o setor de beleza avançou 23,9% no mesmo período.

Segundo Edson Ramuth, diretor de microfranquias da ABF, a pesquisa já indicou o começo da desaceleração do setor. "Ainda não fechamos os dados de 2014, mas certamente teremos um resultado ainda mais fraco porque, para piorar, o ano começou depois da Copa", prevê.

Além do endividamento da população, Ramuth cita a falta de mão de obra entre os fatores que prejudicaram as franquias de limpeza nestes dois anos. "Muitas unidades foram abertas e o mercado de trabalho não acompanhou essa tendência", explica o diretor.

Renato Ticoulat, proprietário da rede Limpeza com Zelo, está no mercado há 25 anos e sentiu que o mercado acelerou em 2012 e no começo de 2013. A partir do 2º semestre de 2014, contudo, o segmento "mudou drasticamente", analisa ele.
"Paramos de vender franquias. Não queremos que os franqueadores comprem unidades e depois desistam delas", afirma. Nos últimos três anos, foram fechadas 17 unidades.

Para o empresário, a realidade do setor mudou com a crise econômica. "A população tem menos dinheiro para gastar. Com a inflação alta, os consumidores tendem a cortar serviços básicos", explica ele.
Segundo o franqueador, a estratégia da empresa a partir de agora vai ser focar a energia nas franquias já existentes — atualmente há 30 franquias da Limpeza com Zelo no Brasil.

Na rede Maria Brasileira, a realidade foi um pouco mais amena. De acordo com Felipe Buranello, sócio-fundador da marca, houve queda nas vendas de franquias e serviços em junho e julho. Nos meses seguintes, "houve recuperação", analisa o executivo.

Com 100 unidades no país, a rede afirma que a PEC das domésticas foi uma mola propulsora, apesar de 2014 não ser tão otimista. "A gente não tinha tanta visibilidade antes da lei", argumenta ele.
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