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Notícias / Cidades

Pracinha da Mandioca está sem as serestas cuiabanas

Da Redação/Thalita Araújo

Uma das praças mais antigas e tradicionais da cuiabania tem estado silenciosa nas últimas semanas. É a Praça da Mandioca, no Centro Histórico de Cuiabá. O local, conhecido por animadas serestas cheias de musicalidade e cultura, está proibido de ser palco para as festas de sempre, por conta do volume da música.

No início do mês, em uma comemoração julina na praça, um desentendimento levou uma freqüentadora do local, que nem mora nos arredores, a chamar o órgão municipal que faz a fiscalização do som, medindo a quantidade de decibéis do ambiente. A fiscalização verificou que a música na praça estava com o dobro de decibéis permitidos para o ambiente e horário.

A festa teve que acabar. E, desde então, as famosas serestas de sexta-feira não ocorreram mais, já que os realizadores das noites musicais dizem não ser possível colocar um equipamento e fazer um som ao vivo, dançante, com apenas metade do volume. Além do receio de organizar toda uma estrutura e a festa acabar logo adiante.

Os vizinhos da praça, no entanto, nunca reclamaram do barulho, e divertiam-se com a música. Os moradores do entorno da Praça, além de freqüentadores das festas, estão formulando um abaixo assinado, pedindo para tudo voltar a ser como era antes.

Mário Costa Leite, que trabalha em um bar na frente da praça, diz que aquilo ali é um pedacinho da Cuiabá antiga que permanece hoje. “Nunca teve briga, violência. É uma festa de confraternização, na qual vêm crianças e gente de toda idade”, conta.

Histórias num banco de Praça

Passando pela praça, com um chapeuzinho protegendo a cabeça do sol e sorrisos e acenos para todos com quem cruzava, estava o “seo” Benedito Ramiro de Cerqueiro, conhecido por Ramiro. Aos 82 anos, disposição não lhe falta, e nem memória para contar as intermináveis histórias sobre a Praça da Mandioca.

Ramiro é um grande curioso e conhecedor da cultura cuiabana. Ele nasceu ali, em uma casa ao lado da praça, onde seus avós moraram, e onde seu pai nasceu e morreu. Sentado no banco da praça, ele conta que no período colonial o local era chamado de “Largo do Sebo”. Depois, foi denominado de “Largo da Mandioca”, até ser chamado, simplesmente, de “Praça da Mandioca”.

“Mas, o nome oficial é Praça Conde de Azambuja, em homenagem ao primeiro governador geral de Mato Grosso, quando elevado a capitania”, conta Ramiro. Dentre outros dados históricos, ele diz que, desde que se entende por gente, sempre viu festas e muitas música na praça. “Se não puder ter mais, vai suprimir uma diversão e uma tradição do povo”, prevê.
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