Pelo menos o valor global, o cronograma de execução e a data de entrega deveriam ser respeitados e, por consequência, reduzir o custo do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ligando Várzea Grande às regiões Norte e Sul de Cuiabá, que deveria ser inaugurado no primeiro semestre do ano passado, cujas obras estão paralisadas. A constatação partiu da Revista Exame, uma das mais conceituadas do Brasil na cobertura de economia e política, em reportagem publicada nesta semana abordando a obra do VLT e mostrando alguns de seus principais defeitos – quase todos sobejamente conhecidos pelos mato-grossenses, inclusive em diversas reportagens do
Olhar Direto.
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O que deveria ser o maior legado para Mato Grosso pós-Copa do Pantanal Fifa 2014 em Cuiabá, segundo a Exame, se transformou num dos maiores pesadelos. A reportagem é ilustrada com vagões do VLT expostos às intempéries, nos fundos do Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande.
“A um custo de R$ 1,5 bilhão, seria o maior investimento em mobilidade urbana da história de Mato Grosso. A linha deveria começar a operar no início do ano passado, com 22 quilômetros de extensão e 33 estações. Mas até agora, tudo o que ficou pronto, foram 800 metros de trilhos. Há 40 vagões estacionados num pátio nos arredores de Cuiabá, expostos ao clima quente e úmido da cidade e acumulando a poeira vermelha da região”, diz um dos trechos na primeira metade da reportagem.
“Os projetos eram incompletos e o pouco que saiu do papel foi mal executado. Acessos às avenidas que circundam a linha do VLT seguem interditados por causa da obra inacabada, causando congestionamentos no horário de pico”, detona trecho publicado por Exame.
Ouvido pela revista, o empresário Eduardo José Magalhães, presidente do Sindicato dos Bares e Hotéis de Mato Grosso, lamenta a situação da Grande Cuiabá. “Há regiões da cidade parecendo canteiro de obras, o que deixa Cuiabá feia e inóspita”, afirmou Magalhães, em entrevista à publicação nacional.
O governo de Mato Grosso, já sob o comando do governador José Pedro Taques (PDT), projetou que, para terminar a obra, necessita de mais R$ 700 milhões, citando estudo da Controladoria Geral do Estado (CGE). “As obras estão paradas desde dezembro, porque não há dinheiro para tirar o do orçamento”, diz a revista.
O fisco do VLT é utilizado pela revista para demonstrar que as obras, no ‘
país do futebol’, são executadas sem planejamento. Exame aponta estudos da Fundação Dom Cabral que dão conta de que, no Japão, 40% do tempo de uma obra é gasto em planejamento e, na Alemanha, quase 50%, enquanto no Brasil consome menos de 20%.
Nesse contexto, as obras do VLT são comparadas com o Metrô de São Paulo e até mesmo a transposição do rio São Francisco, no Nordeste, além de outras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Como resultado final, a Exame coloca em xeque a competência e a idoneidade do governo anterior em Mato Grosso.