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Preparada para 'guerra', quadrilha ocupa Serra do Caldeirão e Estado pede ajuda da Força Nacional

Da Redação - André Garcia Santana

O Estado solicitou auxílio da Força Nacional de Segurança para retirar o grupo de homens fortemente armado que invadiu uma mineradora na Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda (448 km de Cuaibá). Os invasores expulsaram os policiais a tiros, no último sábado (30). A informação foi repassada ao Olhar Direto pelo secretário de Segurança, Rogers Jarbas, que aguarda o resultado de um pedido feito ao Ministério Público Estado  (MPE-MT) para garantia de intervenção federal. Na tarde desta terça-feira (3), integrantes da cúpula da Segurança se reunirão na cidade para avaliar o caso e viabilizar a desocupação.

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Os suspeitos, que se dizem membros de facções criminosas, estão no local para explorar o ouro encontrado ali e chegaram à Serra logo depois do Natal, rendendo cerca de sete seguranças da empresa de mineração. O delegado do município, Gilson Silveira, conta que os profissionais conseguiram fugir pela mata e acionar a Polícia. Assim, logo depois da denúncia uma equipe de policiais militares e civis esteve no local, sendo recebida a tiros pelos bandidos, que dispõe de armas de grosso calibre.

Durante esta ação, que mobilizou aproximadamente 30 policiais militares e civis, houve confronto e, embora ninguém tenha ficado ferido, as viaturas acabaram sendo atingidas pelos disparos. “É um lugar de difícil acesso principalmente porque eles criaram uma verdadeira preparação de guerrilha, com trincheira e armas pesadas. O que podemos fazer nesse caso é um trabalho de reconhecimento da situação, até mesmo porque se trata de uma área federal. Estamos repassando tudo pra secretaria e esperamos novas orientações.”
 
O secretário de Segurança Pública Rogers Jarbas
O Secretário reforça que a atuação da Força Nacional é considerada uma vez que a área invadida pertence à União e não ao estado de Mato Grosso. “Existe essa possibilidade, mas ainda não foi definido. O Ministério Público de Cáceres já representou pela presença deles e estamos aguardamos o resultado. Hoje é que decidiremos como se dará a ação, que, a exemplo do que já foi registrado na última ocupação, aconteceu em conjunto entre os diversos setores da Segurança Pública”, explica.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Segurança (Sesp), informou que está adotando medidas repressivas e preventivas em relação a nova invasão na Serra da Borda, por meio das ações integradas entre as polícias Civil e Militar. A cúpula contará com om o secretário adjunto de Proteção e Defesa Civil, coronel Abadio Cunha, representantes da Corregedoria da Polícia Militar (PM), da diretoria da Polícia Judiciária Civil, da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Ministério Público.

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De acordo com o delegado, ainda não foi possível contabilizar quantos homens ocupam o garimpo. Os suspeitos já teriam alegado que só sairão de lá mortos, e que qualquer instituição ou pessoa que tentar retirá-los do local serão recebidos “debaixo de bala”. "O que podemos fazer por enquanto é auxiliar o trabalho da Polícia Federal. Estamos prontos ajudar com as informações que já temos, com o conhecimento do local e com equipes de apoio", ressalta Silveira.

Serra do Caldeirão 

A ação criminosa se assemelha a outras invasões na região, que ficou conhecida em setembro de 2015 quando milhares de pessoas de todo o país descobriram a existência de ouro ali, dando início a uma corrida pelo metal. Desde então o local é alvo de ocupações de garimpeiros que insistem na exploração, declarada como ilegal. Para impedí-los, as forças de Segurança estiveram mobilizadas na Serra por meses, sendo retiradas em março de 2016. 


Durante uma dos trabalhos de desocupação foram recolhidas 14 bombas de fabricação caseira prontas para explodir o solo. Outras duas estavam em fase de preparação. Em outra ação, realizada em abril do ano passado, um total de 45 pessoas que invadiram a área foram presas em uma ação conjunta da Polícia Judiciária Civil com apoio da Polícia Militar. Essa foi a terceira vez que as forças de segurança atuaram para retirar garimpeiros de lá ao longo dos primeiros meses após a determinação da Justiça que obrigava sua retirada. 

As invasões também tiveram sequência em julho, quando outro grupo descobriu uma nova área com ouro no município. À época, cerca de 200 pessoas voltaram ao local para garimpar ilegalmente, resultando em 23 prisões por exploração ilegal em apenas um final de semana. 



 
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