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Concurso para delegado segue "travado" e à espera de defesa do Cebraspe

Da Redação - Wesley Santiago

O imbróglio envolvendo uma possível fraude no concurso para delegado da Polícia Civil continua. O titular da Gerência de Combate do Crime Organizado (GCCO), delegado Diogo Santana, informou que aguarda ainda a defesa do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) para finalizar o inquérito. A reportagem apurou que uma reunião teria sido realizada nesta sexta-feira (12), com membros do Ministério Público Estadual (MPE), da Polícia Judiciária Civil (PJC), Ordem dos Advogados de Mato Grosso (OAB), entre outros órgãos, para discutir a validade do certame.

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Segundo o delegado Diogo Santana, o concurso foi suspenso por prazo determinado, para que o Cebraspe apresentasse documentação comprovando a idoneidade do certame: “Só estávamos dependendo disso pra finalizar o inquérito. Creio que até a próxima semana, já estará relatado e encaminhado ao Ministério Público”.
 
A assessoria de imprensa da Polícia Judiciária Civil (PJC) informou ao Olhar Direto que ainda não há nenhum posicionamento sobre o que acontecerá com o concurso. Até a semana que vem, o laudo do Cebraspe deverá ser entregue, já que o prazo pedido pela empresa era de 30 dias. Uma nova reunião deverá acontecer entre os órgãos e quem se posicionará sobre a continuidade ou não é o MPE.
 
Por enquanto, a nova reunião é aguardada para a semana que vem. Como o promotor Ezequiel Borges, da 6ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania e do Consumidor de Cuiabá, deve analisar todo o material, ainda serão necessários alguns dias uma decisão. A assessoria de imprensa da Secretaria de Gestão (Seges) disse que os membros da comissão que acompanha o caso estão de recesso e que não foi informada do encontro.
 
Fontes ouvidas pelo Olhar Direto e que tiveram acesso à reunião disseram que as partes teriam concordado durante a reunião que a tendência é que o concurso tenha continuidade, já que não teria sido comprovada a fraude. Caso isto se confirme, o edital deverá ser publicado na próxima semana. O que não foi confirmado oficialmente.
 
Já a assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual (MPE) informou à reportagem que não foi abordado nada sobre o concurso durante reunião nesta sexta-feira. Por enquanto, novidades concretas sobre o caso devem começar a surgir apenas na próxima semana.
 
Violação de envelopes
 
O laudo feito pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) comprovou que o envelope em que estavam as provas do concurso para delegado substituto da Polícia Civil de Mato Grosso teve o seu lacre rompido, antes da aplicação do exame. O certame aconteceu no dia 08 de outubro. Ao todo, mais de 13 mil pessoas participaram.
 
O documento é assinado pelo perito Flávio Yuudi Kubota e tem 28 páginas. Para determinar que houve violação, o envelope foi confrontado com outro, que estava intacto. "Como padrões de confrontos, foram utilizados 10 envelopes de segurança, sendo cinco do tipo opaco (externo) e cinco do tipo transparente (interno), os mesmos envelopes utilizados no concurso citado anteriormente, e, ainda, cinco etiquetas de segurança, ambos fornecidos pela Gerência de Combate ao Crime Organizado".
 
O concurso para delegado da Polícia Civil foi suspenso por 60 dias, até a conclusão do inquérito policial presidido pela Gerência de Combate do Crime Organizado (GCCO) e o inquérito civil do Ministério Público Estadual (MPE), que apuram suspeita de violação dos lacres de envelopes contendo provas.
 
Em nota, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção  e de Promoção de Eventos (Cebraspe), responsável por aplicar a prova, afirma "que todo envelope de prova é acondicionado em malotes, fechados com lacre de aço e cuja inviolabilidade foi atestada por candidatos presentes ao local de aplicação. A inviolabilidade do malote assegura a integridade dos envelopes de prova que estavam em seu interior".
 
Além disto, ressalta que "nenhum envelope de prova foi violado, o que garante a lisura de todo o processo. O Centro está colaborando com as investigações e com o Ministério Público, e aguarda o fim das apurações para que tudo seja esclarecido".
 
Concurso
 
Conforme noticiado pelo Olhar Direto, candidatos pediram a anulação do concurso, alegando fraude na aplicação das provas. Uma das principais irregularidades denunciadas foi quanto ao vazamento de fotos da folha de respostas da prova. O concurso estava marcado para as 15h, no entanto, por volta das 14h diversas imagens do gabarito já circulavam em grupos de whatsapp. O uso de aparelhos eletrônicos no local das provas era proibido.
 
Em um dos locais onde a prova deveria ser aplicada, um delegado precisou entrar na sala para acalmar os ânimos dos candidatos que causaram tumulto após perceber que os pacotes haviam sido abertos. Ele alegou que o erro teria sido ocasionado pela gráfica responsável pela impressão das provas, mas que tal fato não implicaria no andamento do concurso.
 
No total, mais de 13 mil candidatos estavam inscritos no concurso, cujo salário inicial era de R$ 19.316,49 com jornada de trabalho de 40 horas semanais.

Colaborou Arthur Santos da Silva.
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