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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Negócios e trabalho com “alma”

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Recente artigo que escrevi sobre sustentabilidade corporativa fez constar a percepção positiva que o próprio mercado sucroenergético possui para que tenha um futuro promissor no que tange à sua potencialidade de expansão. Disse também que isso equivale à abertura de largas oportunidades para a evolução setorial e que as empresas que estiverem mais preparadas e organizadas para os desafios futuros serão as que obterão sucesso com a progressão do setor. É certo que não basta possuir planos de gestão e estratégico se eles não forem colocados em prática. Isso requer austeridade e transparência.

Aliado a esta expectativa de gestão e estratégia, hoje, não iremos tratar de agronegócios. Porém tentaremos mostrar o que pode acontecer quando uma empresa tem estigma para ser empreendedora.

Dias atrás, tive uma grande oportunidade de assistir a uma entrevista (bate-papo) de duas grandes empresárias: Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, e Chieko Aoki, do Grupo Blue Tree Hotels. Percebi diferenças significativas entre uma e outra, a começar pelo ramo de atividade, sendo uma do setor varejista, e a outra da área hoteleira. Pensam diferente, assim como um médico, um advogado, um engenheiro, e assim por diante, de maneira que ninguém acaba vendo o mundo da mesma forma.

Óbvio. Todos são diferentes. Porém, a única coisa que realmente em que somos iguais é que temos um DNA peculiar. E isso vem de encontro ao que se pode chamar de atitudes e personalidades diferenciadas.
Essas duas grandes empresárias, certamente, no amadurecimento de suas atitudes, conseguem explicar ou dar soluções, fazer perguntas coerentes e dar apoio para que seus executivos possam descobrir, por si só, as soluções e decisões a serem tomadas no dia-a-dia. Elas sabiam onde queriam chegar.

Certo é que ambas empresárias buscaram uma maneira útil e simples para concentrar as suas atenções nos seus colaboradores, clientes, e, concomitantemente, focar nas atitudes e nas condutas que as levaram a atingir seus objetivos.

Percebe-se que o grande desafio de ambas as organizações, Magazine Luiza e Blue Tree, foi focado não em apenas em sua sobrevivência, mas principalmente, na criação de um ambiente alinhado ao futuro. Afinal, ambas empresárias nos mostram que uma organização que aprende a dominar certas disciplinas dispõe de um projeto para uma vida toda. É o que chamamos de princípio da continuidade empresarial.

Nota-se claramente em ambas executivas uma preocupação “extrema” em relação ao estímulo oferecido a seus trabalhadores e ao desenvolvimento e satisfação dos clientes. A competitividade é cada vez mais acirrada. Isso exige uma forte sensibilização de todos os seus executivos, sendo que, cada um à sua maneira, acabará alcançando melhores resultados.

Na contramão disso, alguns administradores, sem generalizar, não conhecem a realidade de seu mercado e tampouco sabem onde suas empresas atuam, desconhecem o perfil dos seus colaboradores e clientes, e por muitas vezes acabam tomando decisões inadequadas nas mais diversas situações de complexidade.

A característica das nossas afinidades com as pessoas necessita, em grande parte, da nossa competência de alcançar adequadamente o comportamento e a experiência do outro. É por isso que as nossas características individuais podem promover ou bloquear o processo perceptivo. Gestores com problemas de relacionamento apresentam dificuldade em perceber os outros e o mundo a sua volta de maneira acurada, sem deformações.
A forma como percorremos o mundo empreendedor deriva dos nossos valores. Eles são componentes de nossos exemplos intelectuais. Valores virtuosos encontram guarida na disciplina, perseverança, respeito, lealdade e honestidade. Se tivermos exemplo de boa qualidade, teremos uma melhor representação da realidade profissional; se estes são de má qualidade, teremos uma visão truncada e deturpada de tudo o que fazemos.
É nesse contexto que acredito que ambas as empresárias, na pujança e manutenção do sucesso, são pessoas que valorizam a integridade e a competência de seus colaboradores. Eles são executivos escolhidos “a dedo” que tomam decisões e as implementam amparados por esses valores. Afinal, as disciplinas relacionadas ao comportamento humano no trabalho são decisivas para o sucesso profissional.

Voltando às gigantes do ramo, percebe-se na entrevista das executivas Luiza Helena e Chieko Aoki, uma nítida preocupação na questão da responsabilidade social. Eles lideram empresas abertas para o “diferente”, para o novo. Por esta razão, têm muito mais possibilidade de gerar bons resultados. Luiza enfatiza que é preciso trabalhar com a “alma”, olhar, sentir, ver o que as pessoas, colaboradores e clientes esperam. Percebe-se na sua fala, ainda que implicitamente, que não basta vender, ter uma clientela diversificada. Há de ter diversidade que estimule os colaboradores a trabalhar com a “alma”, respeito, ética, enfim, na busca do trabalho inovador. Tudo isso exige habilidades que em outros tempos não eram imaginadas e que agora são consideradas essenciais.

Afinal de contas, a influência emocional, a empatia, a sociabilidade, o saber ouvir, dar e receber é o que faz dessas corporações gigantes manter suas equipes cada vez mais estimuladas e comprometidas com um único propósito: alcançar de modo responsável as metas estabelecidas na confiança individual e na capacidade do grupo que lhes permite superar conflitos e alcançar os melhores resultados.

Esta flexibilidade de conduta empresarial demonstrada pelas organizações do Magazine Luiza e do Grupo Blue Tree está cada vez mais baseada em trabalhos em equipe, na interação, na inovação e no aprendizado contínuo.

Voltando à questão da “alma”, sobre a qual Luiza fala com muita propriedade, temos a impressão de que não faz mais sentido planejar a carreira tomando como referência os níveis hierárquicos da empresa. Ela mostra, de forma bem coerente, que a tendência agora é mostrar ao colaborador, a exemplo do que ocorrera em sua vida empreendedora, outras oportunidades de contribuir significativamente para uma vida melhor e um mundo organizacional mais humano para ser vivido.

Fato é que as companhias necessitam se orientar no mercado global, conduzir surpresas e aprender com os próprios desacertos. Para isto, precisam aprender continuamente. Aprender não deve ser misturado com juntar informações, mas implica relacionar elementos com o mundo corporativo de maneira a compreendê-lo e ser capaz de entender nossa relação com ele, de desenvolver novas competências, de inventar e se reinventar. É esta visão e aptidão que nos vai permitir lidar com a mudança. Este é o desafio de todos que não se contentam em serem meramente espectadores, mas ambicionam serem atores do empreendimento.

E isso é o que as grandes executivas fizeram e muito bem. Não só criaram um ambiente capaz de atrair clientes e mais clientes, como também foram capazes de criar um clima organizacional empresarial que pudesse prestar aos seus colaboradores forte incentivo no sentido da busca incessante pelo aprendizado, sem medo de errar. A “alma” agradece, pois quanto mais próximos estivermos da realidade, dos colaboradores e dos clientes, mais competentes seremos para tomar caminhos que nos dirijam aos objetivos estabelecidos.

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