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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Economia

HSBC anuncia venda de subsidiária brasileira ao Bradesco por R$ 17,6 bilhões

O HSBC anunciou nesta segunda-feira a venda de sua subsidiária brasileira ao Bradesco, segundo maior banco privado do país, que reportou lucro de R$ 8,7 bilhões no primeiro semestre do ano. O banco britânico divulgou os resultados do segundo trimestre do ano e, com o anúncio, quis mostrar aos acionistas que está cumprindo seu plano estratégico para se tornar mais eficiente e lucrativo.

Para ficar com as 853 agências espalhadas em 531 municípios brasileiros, o Bradesco desembolsou R$ 17,6 bilhões (US$ 5,2 bilhões). Analistas avaliaram a operação do HSBC no Brasil entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões. O Bradesco tinha especial interesse na carteira de clientes de alta renda do banco britânico, e, com a aquisição, queria reduzir a distância que o separa de seu principal concorrente, o Itaú Unibanco.

Com os R$ 168 bilhões em ativos do HSBC, o Bradesco encosta no Itaú, maior banco privado do país com R$ 1,20 trilhão em ativos. O Bradesco informou, durante a divulgação de seu balanço, na semana passada, que seus ativos, em junho, atingiram R$ 1,030 trilhão, um crescimento de 10,6% em relação ao saldo de junho de 2014. Com a compra, chegam a R$ 1,19 trilhão.

O banco de negócios Goldman Sachs intermediou a venda, e foi chamado pelo HSBC exatamente para conseguir uma oferta mais generosa pela operação ao propor uma espécie de leilão. O Bradesco acabou fazendo a melhor oferta financeira e ganhou exclusividade nas negociações. Na primeira fase do processo, antes de ter acesso aos dados do HSBC, o Bradesco também tinha feito o maior lance para se qualificar à segunda fase, oferecendo R$ 10,4 bilhões. O prazo estabelecido pelo Goldman para fechar a operação era o início de mês de agosto.

OPERAÇÃO NO PAÍS TEVE PREJUÍZO EM 2014

A venda da subsidiária brasileira do HSBC foi divulgada em comunicado assinado pelo CEO do grupo HSBC, Stuart Gulliver, que afirmou que a operação trará valor aos acionistas e vai na direção das metas estabelecidas pelo banco em junho passado para ganhar eficiência e se tornar mais lucrativo globalmente.

A operação brasileira do banco deu prejuízo de R$ 549 milhões no ano passado. No comunicado, divulgado junto com o resultado global do banco no segundo trimestre do ano, o HSBC reportou um lucro antes de impostos de US$ 13,6 bilhões frente aos US$ 12,3 bilhões no mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre, o lucro cresceu 10%.

“Como nós dissemos anteriormente, pretendemos manter no Brasil uma pequena operação para atender os clientes coorporativos no país”, diz o comunicado.


Também em fato relevante divulgado ao mercado, o Bradesco informou que aquisição fortalece a presença do banco na região Sul e Sudeste do país e nos segmentos de alta renda. Também incrementa a base de negócios nos segmentos de seguros, private banking e gestão de recursos. No Brasil, o HSBC tem 5 milhões de correntistas e R$ 61 bilhões em depósitos.

O Bradesco diz que tem disponibilidade de capital para fechar o negócio sem precisar emitir novas ações. O pagamento será feito à vista depois da aprovação dos órgãos reguladores. O valor de R$ 17,6 bilhões será reajustado de acordo com a variação patrimonial do HSBC e pago no dia em que a operação for concluída.

O patrimônio líquido do Bradesco, que era de R$ 9,5 bilhões, sobe a R$ 11,2 bilhões, após a compra, já que o patrimônio líquido do HSBC era de R$ 1,7 bilhão, informa o comunicado do Bradesco. Os ativos totais do Bradesco saltam para R$ 1,19 trilhão com o negócio e o total de correntistas chega a 31,5 milhões.

No negócio, o Bradesco comprou o banco de varejo, o segmento de alta renda, e a operação comercial e de atacado. Também ficou com a operação da financeira Losango, que o banco havia tentado comprar anteriormente, sem sucesso, com mais de 6 mil pontos de atendimento no país. A Losango tem 4 milhão de clientes. Entraram ainda na operação, as áreas de previdência, seguros e capitalização do HSBC.

“A aquisição proporcionará vários benefícios para os clientes de ambas as instituições, tais como o aumento da cobertura e da rede de atendimento em todo território nacional e acesso aos produtos distribuídos pelas duas instituições. Para o Bradesco, a aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda. A aquisição permitirá, também, a expansão de suas operações, com a otimização de oportunidades e aumento da gama e do diferencial dos produtos que são oferecidos no Brasil, especialmente nos mercados de seguros, cartão de crédito e administração de fundos (asset management)”, diz o fato relevante.

SANTANDER E ITAÚ TAMBÉM TENTARAM COMPRA

O espanhol Santander também fez um lance pelo HSBC, assim como o Itaú Unibanco. O presidente do Santander no Brasil, Jesús Zalbasa, disse que seu lance era competitivo, mas dentro da 'prudência financeira'. Uma fonte do Santander informou que o banco ficaria feliz em comprar o HSBC, mas mais feliz ainda se não comprasse. No Brasil, a instituição espanhola adquiriu o Banespa e o Real e levou anos para sanar problemas e implantar a cultura Santander nas duas instituições. Isso provocou impacto negativo no resultado do banco durante o processo, atrasando a expansão do Santander no país.

Já o lance do Itaú pelo HSBC, segundo analistas, teria sido dado apenas para acirrar a disputa com o Bradesco. Eles avalariam que o Itaú não teria interesse na operação brasileira do banco britânico, depois da fusão com o Unibanco. Procurado desde o início do processo, o Itaú não confirmou oferta pelo banco. Caso as negociações com o Bradesco não avançassem, o Goldman poderia reiniciar o processo e voltar a conversar com o Santander.

Entre as medidas anunciadas pelo HSBC para melhorar sua performance, estava a venda das filiais no Brasil e na Turquia, além da demissão de 50 mil funcionários em todo o mundo. No Brasil, o banco tem 21 mil funcionários e a maior parte deles deverá ser aproveitada, mesmo com a venda. O banco britânico tem 266 mil funcionários em 73 países e territórios. Entre 2011 e 2014, o banco já havia cortado 40 mil postos de trabalho, para reduzir os custos e concentrar o grupo nas atividades consideradas estratégicas.

Na Turquia, a operação deverá ser vendida ao holandês ING, por cerca de US$ 1 bilhão, mas ainda não foi batido o martelo. O banco também pretende fechar 12% de suas agências em seus principais mercados transferindo mais operações para os canais digitais. Os planos do HSBC são de economizar entre US$ 4,5 bilhões e US$ 5 bilhões até 2017.

O HSBC também informou que entre suas metas está aumentar a participação no mercado asiático, considerado mais promissor. O retorno sobre o capital do HSBC estava em 7,46%, nos dados divulgados pelo banco em março deste ano, muito abaixo do esperado pelos acionistas. Em seu balanço divulgado na semana passada, o Bradesco informou um ROE de 21%.

Segundo o jornal inglês Financial Times, há especulações de que, no ano que vem, Douglas Flint, presidente do conselho do HSBC, anunciará planos de renúncia, e que pela primeira vez o posto poderia vir a ser ocupado por alguém de fora do banco.

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