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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Agricultura

Egito usa tecnologia dos anos 50 para aumentar produtividade agrícola

Os agricultores da província egípcia de Ao Sharquiya (norte) estão descobrindo como aumentar a produtividade de suas lavouras em até 30%, graças à tecnologia de irrigação mecanizada de camas elevadas, que data dos anos 1950, mas que começou a ser implantada recentemente.

Nessa região do delta do Nilo foi realizada recentemente uma oficina dada por várias organizações internacionais e regionais para informar os agricultores e autoridades dos benefícios deste sistema.

As camas elevadas são uma forma de cultivo no qual são instalados sulcos estreitos, mas amplamente espaçados, entre os quais se plantam as sementes em tiras elevadas, o que assegura uma distribuição adequada de água na terra para satisfazer as necessidades das plantas.

Esta tecnologia, junto à introdução de novas variedades de sementes e outras práticas agrônomas, pretende acabar com os problemas gerados pela escassez de água no Egito.

Além de ajudar na efetividade do uso de água em 75% em comparação com as superfícies irrigadas pelo sistema tradicional, esta combinação de técnicas representa a redução dos custos de irrigação e o aumento da produtividade do cultivo.

“O objetivo deste projeto é reduzir o uso de água de irrigação e ao mesmo tempo melhorar a colheita”, afirmou à EFE o analista de gestão de água e irrigação do Centro Internacional para a pesquisa Agrícola em Áreas Secas (ICARDA, na sigla em inglês), Atef Suilam.

Com esta tecnologia se alcança, segundo Suilam, “a combinação perfeita: o que os agricultores precisam, que é aumentar o faturamento por seus cultivos, e o que é preciso como meta nacional, que é economizar água”.

Nas áreas onde já se instalou, os estudos demonstraram que o uso de água foi reduzido “em um 20 ou 25% ” e a produtividade da colheita elevada “em um 20 ou 30%”.

“Além disso, economizamos 25% nas despesas dos agricultores”, especificou Suilam.

Já o responsável de recursos hídricos e de irrigação na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Fawzi Karayeh, precisou à EFE que a implantação deste sistema produz também benefícios ambientais.

“Ao usar menos água, usa-se menos fertilizantes, por isso é uma situação onde todos ganham: agricultores, governo e meio ambiente”, afirmou.

À parte da instalação da tecnologia de camas elevadas, o projeto inclui a incorporação de novas sementes.

“As novas variedades de sementes modificadas são resistentes a doenças e altamente eficientes em termos de uso de água e de alta produtividade”, acrescentou Karayeh, que esteve presente na oficina organizada por ICARDA, FAO, Universidade de Zagazig e o Centro egípcio de Pesquisa Agrícola.

Graças a esta combinação de fatores, o objetivo é que os agricultores consigam aumentar sua produção “em 1,5 toneladas de produto por hectare” e que “utilizem 30% menos de água”, indicou o especialista da FAO.

Desde que foi iniciado em 2013, os agricultores que utilizaram este sistema mostraram sua satisfação com os resultados.

“Economizamos exatamente a metade das sementes e a metade dos adubos. Estou muito convencida deste projeto porque sempre busquei o melhor e o mais moderno, e também mais produção e mais economia de dinheiro”, disse à agência EFE Mahasin Ibrahim, uma agricultora de 49 anos e com três filhos.

Acrescentou, que lhes permitiu economizar na contratação de mão de obra, graças à maior produtividade do sistema.

Segundo Karayeh, esta foi a principal razão pela que a técnica, que data dos anos 50 e presente no Egito “entre os 80 e 90″, não foi verdadeiramente implantada até agora no país.

“Antes era muito barato trazer trabalhadores ao campo. Já não o é e por isso agora veem a mecanização com melhores olhos”, afirmou o especialista da FAO.

“Se (o sistema) não tem um impacto direto em seu bolso, o agricultor não vai a adotar nunca a tecnologia”, indicou.

Uma vez conseguido esse objetivo, o papel da FAO, que se incorporou ao projeto em 2015 com um investimento de 500 mil dólares, é fazer com que chegue ao máximo de agricultores possível.

Este sistema já foi instalado em 147 mil hectares em todo Egito, 10% da área de trigo cultivada no país, segundo Karayeh.

O objetivo é alcançar 420 mil hectares – um terço da superfície de trigo no Egito – nos próximos três anos, concluiu.
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