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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Repasse de R$ 1 milhão do MDA fortalece cooperativa de viticultura

Merlot, Riesling, Tannat, dentre outras uvas viníferas. Todas cultivadas no Rio Grande do Sul por agricultores familiares. Da fruta, fazem-se vinhos distintos e sucos naturais. Além dos benefícios à saúde e o sabor das bebidas, a produção gera renda e inclusão social. Na Serra Gaúcha, as previsões para os viticultores da cooperativa Nova Aliança são otimistas. Com auxílio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), os cooperados começam a operar uma nova planta industrial em 2013. A mudança significa mais competitividade, tecnologia e rentabilidade para os trabalhadores serranos.

O incentivo do ministério veio a partir de um convênio firmado há dois anos com a Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho), da qual a Nova Aliança é filiada. O MDA repassou R$ 1 milhão à federação. O estímulo foi utilizado para diversos trabalhos. Um deles era a estruturação da Nova Aliança, que nasceu da fusão de cinco cooperativas singulares. A união começou a ser estudada em 2009 e em 2011 foi concretizada. Os resultados já aparecem.

O diretor da Fecovinho, José Paulo Silva, afirma que o processo de fusão entre os cooperados da Nova Aliança ganhou velocidade. No total, as mais de 800 famílias associadas da cooperativa serão beneficiadas com o emprego do recurso. “Os associados também tiveram a oportunidade de realizar compras conjuntas, reduzindo seus custos”, apontou Silva.
Outro benefício que a injeção de recursos vai proporcionar à Central Nova Aliança é a implantação de uma unidade industrial. Vinhos finos e de mesa, sucos integrais e espumantes serão produzidos com mais valor agregado. “A ideia é focar na qualidade do produto e assim ampliar a receita, pois a base da matéria-prima (área plantada) se manterá”, destaca o representante da Fecovinho.

Desenvolvimento no Parreiral

Aos 45 anos, o agricultor familiar e diretor-presidente da Nova Aliança, Alceu Dalle Molle, acompanha as mudanças tecnológicas nos parreirais. Criado em meio a vinhedos, ele perpetuou o trabalho dos pais e do avô, e há mais de 20 anos trabalha com a produção de uvas. “Antigamente, famílias de 10 pessoas só conseguiam cuidar em média de três hectares de parreiras”, conta. Hoje, o cenário é diferente. Sua família produz em parceria com mais duas, totalizando cinco pessoas responsáveis por 13 hectares de vinhedos. A área total da propriedade do viticultor é de dois módulos fiscais, o que corresponde a 24 hectares no município de Caxias do Sul, onde fica o parreiral.

Alceu agora participa diretamente da inovação no trabalho da Nova Aliança. A entidade agrupou tradicionais cooperativas vitivinícolas da Serra Gaúcha: Aliança, São Victor, Linha Jacinto, Santo Antônio e São Pedro. Todas com mais de 80 anos de história e localizadas em três regiões produtoras com distintas características, chamadas de terroir. Juntas, elas produzem 35 mil toneladas de uva por ano. Para esse resultado, utilizam cerca de 135 hectares de vinhedos. “Vamos finalizar um estudo detalhado em breve, mas estimamos que nossa área venha de uma média de 20 hectares por associado”, explicou o diretor-presidente da cooperativa.

Os próximos passos ganham boas perspectivas com a ampliação de técnicas a partir da planta industrial. Os associados apostam no aumento da competitividade. Para isso, devem iniciar em 2014 a venda dos sucos naturais de uva em novas embalagens, incluindo a pet e a cartonada (caixinha de suco).

“A planta será um grande salto tecnológico. Vamos ter condições de produzir cada vez mais com a menor incidência de conservantes. Estamos buscando também outras culturas que não interfiram na produção de uva e futuramente podemos fazer parcerias com cooperativas de outras regiões para a troca de matéria prima”, afirma Alceu.

Políticas públicas para a viticultura

Alceu Dalle Molle acredita que as políticas públicas são imprescindíveis para o desenvolvimento da viticultura familiar. O diretor-presidente da Nova Aliança destaca que os associados da cooperativa são beneficiados por diversas iniciativas do governo federal. “Já vendemos inclusive nosso suco integral orgânico de uva para a merenda escolar por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae)”.

Além do Pnae, a Nova Aliança participa do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e seus associados acessaram linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Outro ponto ressaltado por Alceu Dalle é a importância da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater). Segundo ele, o serviço, aplicado pelo MDA, contribui para a potencialização dos trabalhos e organização das atividades no campo e aumento da produtividade.

Incentivo à produção

A parceria do ministério com a Fecovinho faz parte de uma ação do Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat). O recurso, não reembolsável e originário do Orçamento Geral da União (OGU), foi disponibilizado em três parcelas, que começaram a ser pagas no final de 2010.

O ex-delegado do MDA no Rio Grande do Sul e assessor especial do ministro Pepe Vargas, Nilton Pinho de Bem, acompanhou de perto o trabalho conjunto com a federação. Segundo Nilton, em termos de agregação de valor, a viticultura é uma das atividades mais vantajosas da agricultura familiar. “Ela alia pouca terra à muita produção. No segmento de frutas, a uva é uma das que demanda o maior número de produtores no Brasil e temos ainda a possibilidade de ampliação”, explicou.

A atual delegada do MDA no estado, Dalva Schreiner, ressalta que o propósito das cooperativas é de inclusão social. “A parceria com a Fecovinho é valorosa, já que atende a um grupo de agricultores familiares e potencializa a força das políticas públicas do ministério”, finaliza.
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