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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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De 10 a 12 anos

Investimento de R€ 500 mi mantém dois laboratórios de multinacional de defensivos em MT; entenda procedimentos

Foto: Reprodução

Investimento de R€ 500 mi mantém dois laboratórios de multinacional de defensivos em MT; entenda procedimentos
Com duas de suas 14 “mini-farms” instaladas em Mato Grosso, a multinacional de defensivos agrícolas Basf investiu no último ano pelo menos R€ 500 milhões no combate a pragas e doenças que assolam os produtores rurais. Em Primavera do Leste (240 km de Cuiabá) e Lucas do Rio Verde (320 km de Cuiabá), as instalações estão alinhadas com a proposta da empresa no mundo e desenvolvem pesquisas de moléculas que mais tarde serão registradas e comercializadas como defensivos agrícolas. É o que explica o gerente de cultivos de algodão, Fernando Straioto.

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O trabalho, que resulta no lançamento anual de novos produtos, é fruto de um procedimento demorado, que envolve pesquisa, anos de testes, registro e comercialização. De acordo com Fernando todo o processo leva de 10 a 12 anos. “Às vezes acontece uma situação emergencial, como uma praga em todo o país, aí pode ser que o Ministério antecipe o procedimento", explicou ao Agro Olhar durante o 11º Congresso do Algodão, em Maceió - AL.
 
O gerente de cultivos de algodão, Fernando Straioto 
Assim, de um universo de 160 mil moléculas os cientistas descobrem uma. A partir daí passam a investigar o que ela controla, um fungo por exemplo. Depois o material é testado em praticamente todas as variações de planta e segue para as estações experimentais, onde é feito com registro temporário fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A cultura submetida à molécula é então destruída e não pode ser comercializada.

Cada molécula vira um produto diferente, que ganha um nome. Com uma mesma molécula de um grupo químico eu posso ter três ou quatro produtos diferentes. “Depois são feitos os laudos com pesquisadores, junto às universidades, pra validar e submeter o registro. É liberada então uma licença pra testar em áreas maiores, como se fosse um pré-marketing pra ser lançado nos anos seguintes. É um trabalho que não cessa, um fluxo contínuo de novas moléculas. Todo ano tem, mas tudo começou há 10/12 anos. ”

Ele lembra que o Brasil é um país tropical o que potencializa a multiplicação de pragas e ervas daninha, que sofrem mutações e apresentam muita resistência. Diante disso e da sensibilidade do algodão, maior que a da soja e do milho, por exemplo, a Basf tem buscado focar na cultura. Com relação às doenças, hoje a principal preocupação é com a ramulária, que pode causar perdas de 35% de produtividade nas lavouras.  Outro caso que preocupa é o dos nematóides, que são vermes de solo e tem se multiplicado no cerrado. “Também estamos trabalhando com produtos biológicos, que vão ser lançado nos próximos anos, estamos nos testes finais.”

Embora seja lento e burocrático, Fernando avalia como necessário o procedimento adotado pelo Mapa e órgãos responsáveis pela inspeção dos produtos químicos. Questionado se este seria um “mal necessário”, ele elenca os benefícios da espera. “Não é um mal porque é uma forma de o consumidor estar resguardado de resíduos de produtos químicos nos alimentos e não contaminação do meio-ambiente. A Basf, como empresa de inovação também tem essa preocupação com saúde, segurança e meio-ambiente. Então é muito válido você ter essa garantia.”

Ele conclui que, embora não seja possível abrir mão desse procedimento, o trâmite poderia ser mais eficiente depois da entrada no Ministério. “Sabemos que há submissão muito grande de todas as empresas e o Ministério não tem gente o suficiente pra dar conta disso tudo. Tem uma fila de prioridades, a medida que os processos vão sendo liberados, a fila vai andando. Se o ministério fosse um pouco mais dinâmico, seria mais rápido.”
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