Poucas horas após o anúncio da possível retirada da taxação sobre o etanol importado dos EUA, a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), classificou a movimentação liderada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, como “descabida”. A entidade denuncia que a ação trata-se de uma visível manobra de moeda de troca para tentar negociar com o governo estadunidenses o fim da suspensão pelos EUA de importações de carne do Brasil, iniciada desde o ano passado após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
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A Feplana, que representa 70 mil produtores no país também classifica os argumentos do ministro como falacioso e aponta para retrocesso e prejuízos ao setor nacional. "É flagrante essa intenção de prejudicar o etanol do Brasil para talvez conseguir restabelecer a entrada da carne brasileira nos EUA", diz o presidente da Federação, Alexandre Andrade Lima.
Ele ressalta que o produto tem sido usado como “moeda de troca” e entende que não é o papel de ministro de Estado prejudicar um segmento da agropecuário nacional em benefício de outro, atendendo ainda o interesse de países/produtores estrangeiros em prejuízo aos produtores brasileiros, sobretudo porque a solução para a questão diz respeito à sanidade da carne e à diplomacia.
De acordo com Federação, o ministro disse hoje à imprensa de que não faz muito sentido à proteção ao etanol brasileiro devido os preços da gasolina que ficaram maiores, sendo acompanhados pelo etanol. Contudo, a questão do preço da gasolina está ligada à variação do mercado global do petróleo, não tendo relação com o etanol, cujo também sofre quando o preço cai. Atualmente, o barril do petróleo voltou a ser vendido por quase US$ 70, elevado nível praticado antes do colapso em 2014.
Lima lembra que mesmo com a taxação de 20% do excedente do etanol de milho dos EUA que entra no Brasil, sobretudo na região Nordeste, sem nenhum critério, o seu preço continua alto, com ou sem a taxação, uma vez que a padronização é feita pelo preço da gasolina. "E esse etanol americano tem chegado ao NE em plena safra, retirando o mercado dos fornecedores da localidade e de outras regiões brasileiras, gerando prejuízo para toda cadeia nacional em benefício da estrangeira", frisa a Feplana.
As críticas se estendem ao antagonismo do governo americano que é contra tal taxação, enquanto, por outro lado, não retira a taxação do açúcar para entrar no seu mercado interno.
Em texto divulgado na terça-feira (16) a entidade destacou ainda a qualidade inferior do etanol de milho estadunidense e que ele é subsidiado pelo governo americano, diferente do etanol brasileiro à base de cana de açúcar.
"O governo dos EUA faz de tudo para proteger o seu produtor nacional, enquanto é bem agressivo nos mercados externos. Acredito que é dever do governo do Brasil defender também o seu produtor e que o ministro Blairo tem agido nesta direção. Portanto, é possível que ele tenha sido mal interpretado, ou induzido a algum erro no posicionamento adotado junto à mídia, já que anteriormente defendeu e ajudou o setor canavieiro na conquista da retomada da atual taxação, a qual foi decidida pela Camex em 2017”, finaliza.
A assessoria de imprensa do ministro irá se manifestar em breve.