A produção de grãos dos Estados Unidos pode ser mais baixa do que o projetado pelo Departamento de Agricultura do país (USDA, na sigla em inglês), no último dia 10. A constatação é baseada nas informações divulgadas pela equipe de técnicos de uma renomada consultoria norte-americana, a Pro Farmer, que está rodando o cinturão de produção agrícola no Hemisfério Norte para conferir os estragos causados pelo clima.
Segundo a expedição, em alguns estados, os índices de produtividade do milho chegam a ser 50% abaixo do registrado no ano passado. Este é o caso de Dakota do Sul, estado em que os trabalhos de colheita cobrem menos de 1% da área do cereal e onde os rendimentos aferidos foram de 78,75 sacas por hectare, contra quase 150 sacas retiradas no ano passado.
Em Ohio, um dos cinco maiores produtores norte-americanos, a situação é menos severa, mas igualmente preocupante. A produtividade média do cereal no estado tem sido de 116 sacas por hectare, 20% abaixo do ciclo 2011/12, quando a produtividade foi de 165 sacas por hectare.
Já os agricultores de Indiana, outro grande estado produtor dos Estados Unidos, calculam que vão retirar o mais baixo volume do grão por hectare dos últimos 17 anos.
Tendência - Os números publicados pelos relatórios técnicos da Pro Farmer jogaram as cotações da soja e do milho para as alturas nesta semana. Apesar do fechamento misto de nessa quarta-feira (22), a tendência é que os dois produtos se mantenham valorizados na Bolsa de Chicago e também no Brasil. O analista de mercado da Futures Internacional, de Chicago, Pedro Dejneka, afirma que os próximos suportes do contrato novembro/12 da soja estão no patamar de US$ 16,75 por bushel e US$ 17 por bushel. Mas, mesmo que recuem a esse nível, a expectativa dos traders é de que os traders voltarão às compras, elevando os valores internacionais.
Com a renovação de recordes nas cotações da soja e do milho, os preços no Brasil seguiram a onda internacional e aumentaram a preocupação da cadeia de carnes, que vê os preços do farelo de soja – principal ingrediente da ração que alimenta os animais – mais de 100% acima do registrado há um ano em algumas regiões.
Somadas, as perdas decorrentes da pior seca dos últimos 56 anos nos Estados Unidos são equivalentes a uma safra cheia de grãos do Brasil, incluindo arroz e feijão, além de soja e milho. De acordo com a última estimativa do Usda, publicada no início do mês, o país deve colher 73,2 milhões de toneladas de soja, quase 14 milhões de toneladas abaixo do potencial identificado no início da temporada e 10 milhões de toneladas aquém do registrado no ciclo passado. No caso do milho, a quebra será ainda mais pesada e ultrapassar os 100 milhões de toneladas em relação às expectativas iniciais. Se o número apontado na última estimativa for confirmado, a produção norte-americana deverá totalizar 273,7 milhões de toneladas do cereal.