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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Substâncias tóxicas e cancerígenas

Empresa nega água contaminada em cinco cidades de Mato Grosso e alega erro de digitação

Foto: Reprodução/Ilustração

imagem ilustrativa

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A empresa Aegea Saneamento-MT, concessionária responsável pela água nas cidades de Primavera do Leste, Campo Verde, Confresa, Paranatinga e Pedra Preta, contestou os dados divulgados pelo Repórter Brasil, que apontou presença de substâncias inorgânicas e elementos radioativos na água que é distribuída para a população.

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A concessionária esclareceu que houve equívocos no momento da digitação dos dados referentes a Primavera do Lestes e Paranatinga. Nos outros municípios citados, a empresa disse que os dados estão em conformidade com a legislação.
 
Em Primavera do Leste, onde foram detectadas três substâncias sendo uma (Benzo[a]pireno) que pode gerar doenças crônicas, como o câncer e outras duas (Mercúrio e Urano) que também geram riscos à saúde, a empresa explica que houve um equívoco no momento da digitação de dados.
 
“A concessionária esclarece que houve um equívoco no momento da digitação de dados sobre Urânio, Mercúrio e Benzo[a]pireno, inserindo no sistema o valor de 0,10mg/L enquanto o resultado correto é de 0,010mg/L de Urânio na amostra. O índice máximo permitido pela legislação é de 0,03mg/L. Para o parâmetro Mercúrio, foi inserido o valor de 0,005mg/L enquanto o resultado correto é de <0,0002 mg/L, sendo que o limite é de 0,001 mg/L. Para o parâmetro benzo[a]pireno, foi inserido o valor de 1µg/L enquanto o resultado correto é de <0,01µg/L, sendo que o limite é de 0,7µg/L. Uma carta de correção já foi enviada para a Vigilância Sanitária”, diz trecho da nota.
 
Já em relação a Paranatinga, onde foram encontrados Arsênio, Nitrito (como N), Cloreto de Vinila e Trihalometanos Total, o equívoco teria ocorrido no momento da digitação de dados sobre Cloreto de Vinila, inserindo no sistema o valor de 7,8µg/L enquanto o resultado correto seria de <0,06mg/L de Cloreto de Vinila, sendo que o limite é de 2µg/L.
 
“Todos os resultados para os parâmetros Arsênio e Nitrito estão conformidade com limites máximos exigidos pela portaria. Uma carta de correção já foi enviada para a Vigilância Sanitária”, pontua a empresa.
 
Já em relação aos outros municípios citados, a empresa pontua que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade.

Substâncias

Em Mato Grosso, os municípios com a presença de substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer e outras que geram risco à saúde, são: Cuiabá; Campo Verde; Primavera do Leste; Paranatinga; Campinápolis; Sorriso; Arenápolis; Tangará da Serra; Cáceres; Pedra Preta; Altos Garças; Pontal do Araguaia; Comodoro; Juína; Sinop; Marcelândia; Confresa e Guarantã do Norte.
 
Os dados foram levantados pelo Repórter Brasil a partir do Sistema de Informações da Qualidade da Água para Consumo (SISAGUA) do Ministério da Saúde. Os testes foram feitos entre os anos de 2018 a 2020. Os detalhes de cada município podem ser conferidos AQUI.

Cuiabá
 
Em Cuiabá, foi detectada, acima do limite, uma substância com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer. Trata-se de Nitrato, que é classificado como provavelmente cancerígeno para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde.
 
O nitrato e seus compostos são utilizados na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos vasodilatadores.

Paranatinga

Na cidade de Paranatinga, foram quatro as substâncias encontradas na água, sendo três (Arsênio; Nitrito e Cloreto de Vinila) com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer e uma (Trihalometanos Total) que também gera riscos à saúde.
 
O arsênio e seus compostos são classificados como cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. A exposição prolongada ao arsênio por ingestão de água está relacionada com aumento do risco para câncer de pele, pulmão, bexiga e rins, bem como outros problemas na pele e tecidos.
 
O ácido arsênico e o trióxido de arsênio, dois compostos inorgânicos desse elemento, são usados como descolorante, clareador e dispersante de bolhas de ar na produção de garrafas de vidro e outras vidrarias.
 
O nitrito é classificado como provavelmente cancerígeno para o ser humano. Ele é utilizado como conservante de carnes e embutidos, e também é encontrado na água potável, no solo, nos vegetais e em fertilizantes, o que aumenta a exposição dos humanos a essa substância.
 
O cloreto de vinila é classificado como cancerígeno, com base em estudos que mostraram que essa substância causa câncer de fígado. O seu principal uso é na produção da resina policloreto de vinila (PVC) na fabricação de tubos e outros plásticos, como revestimento e na manufatura de solventes clorados.
 
Os trihalometanos são um grupo de compostos químicos e orgânicos que derivam do metano. A exposição oral prolongada a esta substância pode produzir efeitos no fígado, rins e sangue.

Os trihalometanos são utilizados como solvente em vários produtos (vernizes, ceras, gorduras, óleos, graxas), agente de limpeza a seco, anestésico, em extintores de incêndio, intermediário na fabricação de corantes, agrotóxicos e como fumigante para grãos. Alguns países proíbem o uso de clorofórmio como anestésico, medicamentos e cosméticos.


Primavera do Leste
 
Em Primavera do Leste, foram detectadas três substâncias sendo uma (Benzo[a]pireno) que pode gerar doenças crônicas, como o câncer e outras duas (Mercúrio e Urano) que também geram riscos à saúde.
 
O benzo[a]pireno é classificado como cancerígeno para humanos. Além disso, é classificado como mutagênico, ou seja, substância que pode causar dano ao DNA, pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Ele pode ser encontrado na fumaça de cigarro e na combustão de veículos automotores e da madeira.
 
O cloreto de mercúrio é classificado como possivelmente cancerígeno, devido ao aparecimento de tumores de estômago, na tireoide e renais em animais. Além disso, a exposição prolongada ao mercúrio afeta os rins e pode alterar o tecido testicular, aumentar as taxas de reabsorção e gerar anomalias no desenvolvimento.
 
Os compostos inorgânicos de mercúrio são utilizados em alguns processos industriais e na produção de outras substâncias químicas. Também são usados em rituais e para fins medicinais. O metilmercúrio, um dos compostos de mercúrio orgânico frequentemente usado em garimpos para extração de ouro, é o mais tóxico e apresenta danos principalmente ao sistema nervoso e pode causar até a morte.

A ingestão de urânio em altas concentrações pode causar efeitos na saúde, como câncer ósseo ou hepático, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. O urânio é utilizado em reatores nucleares comerciais que produzem eletricidade e para fins medicinais, industriais e militares em todo o mundo.


Confira abaixo a lista das substâncias detectadas em cada cidade:
 
  1. Cuiabá: Nitrato
  2. Campo Verde: Níquel
  3. Primavera do Leste: Benzo[a]pireno; Mercúrio e Urano
  4. Paranatinga: Arsênio; Nitrito (como N); Cloreto de Vinila e Trihalometanos Total.
  5. Campinápolis: Trihalometanos Total
  6. Sorriso: Nitrato (como N)
  7. Arenápolis: Acrilamida
  8. Tangará da Serra: Atividade alfa total (radioativa); Cádmio e Urânio
  9. Cáceres: Chumbo; Selênio e Mercúrio
  10. Pedra Preta: Arsênio
  11. Alto Garças: Lindano (gama HCH) e Benzo[a]pireno
  12. Pontal do Araguaia: Cloreto de Vinila
  13. Comodoro: Rádio-228 e Nitrato (como N)
  14. Juína: Níquel
  15. Sinop: Atividade alfa total
  16. Marcelândia: Aldrin + Dieldrin e Mercúrio
  17. Confresa: Ácidos haloacéticos total
  18. Guarantã do Norte: Clordano e Endrin
Estudo
 
Todas as substâncias químicas e radioativas listadas oferecem risco à saúde se estiverem acima da concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde. Elas foram detectadas ao menos uma vez nas águas que abastecem estes municípios entre 2018 e 2020.
 
Quando essas substâncias estão acima do limite, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo.
 
Para facilitar o entendimento sobre os riscos dos casos de contaminação, foi criada uma divisão entre as substâncias, separando-as em dois grupos de periculosidade:
 
As “substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer” são as que têm maior evidência de risco à saúde. Elas são listadas como “reconhecidamente” ou “provavelmente” cancerígenas, disruptoras endócrinas (que desencadeiam problemas hormonais) ou causadoras de mutação genética. Essas classificações de risco são da Organização Mundial da Saúde ou das agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
 
Já o segundo grupo “substâncias que geram riscos à saúde” reúne todas as outras que também oferecem risco, segundo a literatura internacional e o Ministério da Saúde. Entre elas estão as "possivelmente" cancerígenas", além das que podem causar doenças renais, cardíacas, respiratórias e alteração no sistema nervoso central e periférico.

Os critérios para fixar os limites de segurança para cada substância na água são do Ministério da Saúde, assim como a lista de substâncias que devem ser testadas na água de 2 a 4 vezes por ano.

 
Os riscos são maiores para quem bebe a água imprópria de forma contínua, ou seja, diversas vezes ao longo de meses ou anos. Casos em que a mesma substância aparece acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020) foram destacados com o alerta máximo no topo da página.
 
Os testes são feitos pelas empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), banco de dados do Ministério da Saúde que reúne informações de todo o país.
 
Veja a nota na íntegra:

AEGEA MT – NOTAS DAS CONCESSIONÁRIAS

Primavera do Leste

A Águas de Primavera garante a qualidade da água distribuída para a população de Primavera do Leste. A concessionária assegura que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. 

A concessionária esclarece que houve um equívoco no momento da digitação de dados sobre Urânio, Mercúrio e Benzo[a]pireno, inserindo no sistema o valor de 0,10mg/L enquanto o resultado correto é de 0,010mg/L de Urânio na amostra. O índice máximo permitido pela legislação é de 0,03mg/L. Para o parâmetro Mercúrio, foi inserido o valor de 0,005mg/L enquanto o resultado correto é de <0,0002 mg/L, sendo que o limite é de 0,001 mg/L. Para o parâmetro benzo[a]pireno, foi inserido o valor de 1µg/L enquanto o resultado correto é de <0,01µg/L, sendo que o limite é de 0,7µg/L. Uma carta de correção já foi enviada para a Vigilância Sanitária. 

A Águas de Primavera tem um rigoroso monitoramento da qualidade e realiza o controle de qualidade em laboratórios acreditados, lá são realizados semanalmente exames bacteriológicos e físico-químicos em amostras coletadas em vários pontos da cidade. Por ano, a empresa analisa em média 104 amostras de água bruta (poços e represas) e 39.934 amostras de água tratada. O controle de qualidade realiza coletas semanais, mensais, semestrais e anuais, de acordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde.

Confresa

A Águas de Confresa garante a qualidade da água distribuída para a população de Confresa. A concessionária assegura que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. Entre os anos de 2018 e 2020, todos os resultados para o parâmetro ácidos haloacéticos estão conformidade com limites máximos exigidos pela portaria. 

A Águas de Confresa tem um rigoroso monitoramento da qualidade e realiza o controle de qualidade em laboratórios acreditados, lá são realizados semanalmente exames bacteriológicos e físico-químicos em amostras coletadas em vários pontos da cidade. Por ano, a empresa analisa em média 44 amostras de água bruta (represas) e 26.960 amostras de água tratada. O controle de qualidade realiza coletas semanais, mensais, semestrais e anuais, de acordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde.

Campo Verde

A Águas de Campo Verde garante a qualidade da água distribuída para a população de Campo Verde. A concessionária assegura que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. Entre os anos de 2018 e 2020, todos os resultados para o parâmetro Níquel estão conformidade com limites máximos exigidos pela portaria. 

A Águas de Campo Verde tem um rigoroso monitoramento da qualidade e realiza o controle de qualidade em laboratórios acreditados, lá são realizados semanalmente exames bacteriológicos e físico-químicos em amostras coletadas em vários pontos da cidade. Por ano, a empresa analisa em média 22 amostras de água bruta (poços) e 3.997 amostras de água tratada. O controle de qualidade realiza coletas semanais, mensais, semestrais e anuais, de acordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde.

Paranatinga

A Águas de Paranatinga garante a qualidade da água distribuída para a população de Paranatinga. A concessionária assegura que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. 

A concessionária esclarece que houve um equívoco no momento da digitação de dados sobre Cloreto de Vinila, inserindo no sistema o valor de 7,8µg/L enquanto o resultado correto é de <0,06mg/L de Cloreto de Vinila, sendo que o limite é de 2µg/L. todos os resultados para os parâmetros Arsênio e Nitrito estão conformidade com limites máximos exigidos pela portaria. Uma carta de correção já foi enviada para a Vigilância Sanitária. 

A Águas de Paranatinga tem um rigoroso monitoramento da qualidade e realiza o controle de qualidade em laboratórios acreditados, lá são realizados semanalmente exames bacteriológicos e físico-químicos em amostras coletadas em vários pontos da cidade. Por ano, a empresa analisa em média 46 amostras de água bruta (poços e represas) e 25.058 amostras de água tratada. O controle de qualidade realiza coletas semanais, mensais, semestrais e anuais, de acordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde.

Pedra Preta

A Águas de Pedra Preta garante a qualidade da água distribuída para a população de Pedra Preta. A concessionária assegura que em nenhuma análise realizada pela empresa foram detectados resultados em desacordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. Entre os anos de 2018 e 2020, todos os resultados para o parâmetro Arsênio estão conformidade com limites máximos exigidos pela portaria. 

A Águas de Pedra Preta tem um rigoroso monitoramento da qualidade e realiza o controle de qualidade em laboratórios acreditados, lá são realizados semanalmente exames bacteriológicos e físico-químicos em amostras coletadas em vários pontos da cidade. Por ano, a empresa analisa em média 16 amostras de água bruta (poços) e 3.575 amostras de água tratada. O controle de qualidade realiza coletas semanais, mensais, semestrais e anuais, de acordo com as normas da Portaria 888/2021 do Ministério da Saúde.

 
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