O tempo ensolarado e a trégua das chuvas intensas em Mato Grosso auxiliaram no impulsionamento da colheita de soja no estado nesta safra 24/25. Até o momento, cerca de 28,58% das áreas previstas já foram colhidas, mas o atraso para colher a oleaginosa ainda persiste.
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A região do Médio-Norte se destaca, com um avanço de 24,75 p.p. na última semana, alcançando 41,11% das áreas colhidas. Entretanto, segundo relatos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), algumas áreas estão colhendo soja com umidade acima do normal, o que pode impactar a qualidade dos grãos.
Para os próximos sete dias, a previsão do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) indica poucas chuvas na maior parte do estado, o que deve favorecer o ritmo da colheita.
Enquanto os números refletem o cenário geral, no campo, os produtores enfrentam desafios diários. Na Fazenda Lavínia, localizada no município de Vera, o produtor associado da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), Marcos Lorenzi, compartilha sua experiência com a safra atual. Aos 43 anos, Marcos cresceu no meio rural, seguindo os passos da família, que migrou do Rio Grande do Sul para Mato Grosso em 1986 em busca de oportunidades no agronegócio.
Este ano, a colheita na Fazenda Lavínia começou no dia 4 de fevereiro, cerca de dez dias depois do previsto, devido ao atraso das chuvas no início do plantio. A instabilidade climática, com chuvas intensas entre novembro e janeiro, trouxe dificuldades na aplicação de defensivos e atrasou as operações no campo.
Durante a colheita, cada dia de sol é valorizado pelos produtores, que concentram seus esforços para aproveitar ao máximo as condições favoráveis. Marcos Lorenzi vive essa rotina intensa ao lado da família, que permanece na fazenda durante todo o período.
"As chuvas atrasaram um pouco o plantio, mas agora o tempo está firme. A expectativa é boa, mas só saberemos o peso real do grão quando colocarmos a máquina na lavoura", explicou Marcos Lorenzi.
Perspectivas para a safra
Apesar dos desafios climáticos, a expectativa é que o ritmo da colheita continue acelerado nos próximos dias, graças às condições meteorológicas favoráveis. No entanto, os produtores seguem atentos à umidade dos grãos e à qualidade da soja, fatores que podem influenciar diretamente os resultados da safra.
Mato Grosso, o maior produtor de soja do Brasil, caminha para alcançar um novo recorde de produção na safra 2024/25. De acordo com projeções divulgadas pelo Imea, a colheita deve atingir 47,15 milhões de toneladas, um crescimento de 20,76% em relação ao ciclo anterior.
O bom desempenho é impulsionado pelo aumento da produtividade, que deve alcançar 62,07 sacas por hectare, um salto de 19,01% em comparação com a safra 2023/24 quando houve a média de 50 sacas por hectare. Se confirmada, essa será a segunda maior produtividade já registrada na série histórica do Instituto. Além disso, a área plantada também teve uma leve expansão, chegando a 12,66 milhões de hectares, um acréscimo de 1,47% em relação ao ciclo passado.