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Sexta-feira, 11 de outubro de 2024

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SUINOCULTURA

Ano foi de resgate dos prejuízos anteriores, declara presidente da Acrismat

Foto: Assessoria e Reprodução/Internet

Ano foi de resgate dos prejuízos anteriores, declara presidente da Acrismat
Após cerca de dois anos em crise o setor da suinocultura em Mato Grosso começa a dar sinais de recuperação de fôlego em 2014. Embargos, em especial por parte da Rússia, e mercado oscilativo foram os principais motivos que levaram o segmento a amargar prejuízos nos últimos anos. Segundo o setor produtivo, hoje o custo de produção é de aproximadamente R$ 2,70 por quilo do animal vivo, enquanto preço pago ao produtor oscila na casa dos R$ 3,88 o quilo vivo.


A expectativa para 2015, de acordo com o presidente da Associação de Criadores de Suínos em Mato Grosso (Acrismat), Raulino Teixeira Machado, é que o consumo de carne suína cresça ainda mais e a cadeia produtiva tenha boa rentabilidade.

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Em entrevista ao Agro Olhar, Raulino comenta que o consumo de carne suína per capta saltou de 6 quilos em 2001 para 11,5 quilos. Ele comenta que diversas ações realizadas pela Acrismat auxiliaram para este incremento, em especial nas escolas municipais.

Confira a entrevista com o presidente da Acrismat:

Agro Olhar - Como o setor da suinocultura avalia o ano de 2014 em Mato Grosso e no Brasil?

Raulino Teixeira Machado - Tendo em vista que saímos de crises acentuadas lá atrás, o ano de 2014 foi um ano muito próspero para a suinocultura. Desde meados de 2013 e ao entrar em 2014 os preços já estavam acima do custo de produção. Isso fez com que o produtor se animasse consideravelmente, trabalhasse de uma maneira diferente e o mercado promissor, a partir de maio, veio dar esse alento aos produtores visto que os preços subiram consideravelmente em função do mercado internacional. Tendo em vista a tudo isso tivemos um ano bastante interessante de resgate dos prejuízos anteriores para o custo, pelo menos esse ano. No Brasil se observou essa mesma sistemática, com bom volume de carne suína no mercado. O que a gente observa é que os produtores animaram, a tendência desse ano com muito pé no chão é que os produtores comecem a alojar algumas matrizes, isso quer dizer aumentar a sua produção, em função desse mercado consistente que encontramos agora, mesmo ele caindo um pouco no final do ano. O mercado a nível de Brasil também foi bastante salutar, visto que todo mundo vendeu suíno acima dos custos de produção.

Agro Olhar - Como está o setor hoje? Está conseguindo recuperar-se da crise verificada há cerca de dois anos?

Raulino Teixeira Machado - O setor não está totalmente recuperado ainda. O que houve foi um belo fôlego, mas lembrando que o produtor passou um ano e meio, dois anos em crise. E essa crise com sérios prejuízos. Tanto é que várias pessoas saíram da atividade. Podemos dizer que os suinocultores estão começando a se recuperar, alguns deles começam a alojar mais matrizes, aqueles que saíram da atividade começam a alojar poucas matrizes de novo, tentando inserir-se novamente no mercado da suinocultura. Precisamos ressaltar, e é isso que todas as associações pelo Brasil tem feito, que o produtor preste muita atenção nessa tendência de júbilo da suinocultura. De repente sai à Rússia ou entra alguma doença no país e o suinocultor pode ter uma queda grande na produtividade. Então a indicação é se trabalhar com muita cautela, principalmente quando se fala em grandes investimentos.

Agro Olhar - O que agravou a crise no setor da suinocultura em Mato Grosso? Preços, custo de produção ou o embargo por parte da Rússia?

Raulino Teixeira Machado - Basicamente o que causou tamanho prejuízo foram os embargos e o mercado que oscila consideravelmente. E para nós que estamos longe dos mercados consumidores, dentro do Centro-Oeste, especificamente o Mato Grosso, por ter que levar longe os nossos produtos, com uma logística extremamente deficitária, com frete alto e todos aqueles problemas que os produtores enfrentam, então temos mais dificuldade do que outros estados. Quando se tem um volume maior de carne no mercado, uma oferta muito maior do que a procura, tendenciosamente os Estados que estão mais próximos dos centros consumidores levam vantagem. Nós que ficamos distantes, temos que criar oportunidades e possibilidades, isso faz com que Mato Grosso sinta muito mais as crises do que outros Estados.

Agro Olhar - Como está hoje o preço do quilo do suíno vivo? E o custo de produção? O que o produtor recebe hoje dá para cobrir o custo de produção e obter rentabilidade para novos investimentos no setor?

Raulino Teixeira Machado - O preço do suíno vivo já esteve melhor, já chegou a quase R$4,50 em média aqui no Estado. Hoje a nossa média está em torno de R$3,88, mas tem produtores vendendo a R$3,50 até R$3,40. Já esteve melhor, mas ainda se mantém acima dos custos de produção, que oscila em média de R$2,70 o quilo. O custo de produção depende do produtor, se ele também for produtor de milho ou farelo de soja, ele terá o custo um pouco mais baixo. Hoje esse preço está bom, visto que o preço de venda é em torno de 3,50 e o custo de produção em 2,70, você tem 0,80 centavos de lucro por quilo. Para exemplificar, um produtor que vai vender um animal de 100 quilos, se ele tem o lucro de 80 centavos por quilo, o total é de 80 reais de lucro líquido por cabeça. Porém, temos que lembrar que esse lucro de hoje está sendo para bancar os prejuízos que tiveram na crise. Sendo assim, os investimentos no setor ainda estão muito tímidos.

Agro Olhar - Aos poucos verifica-se que as exportações de carne suína estão crescendo, apesar de ainda seguirem abaixo do ano passado. Como o setor vê a recuperação das exportações?

Raulino Teixeira Machado - Enxergamos isso com bastante otimismo, apesar de as exportações ainda serem bastante restritas, pelo percentual de exportações serem basicamente Ucrânia, Rússia, Honk Kong. Então é o seguinte, o que exportamos, o grosso está nesses países. Então precisamos tentar melhorar as questões sanitárias, adequação às novas regras da OIE, para que possamos melhorar esse mercado. Nós precisamos do mercado internacional, acredito que pode melhorar no ano que vem seguindo o mesmo patamar, porém o mercado continua restrito, com grande volume para poucos países.

Agro Olhar - Como está o consumo de carne suína em Mato Grosso?

Raulino Teixeira Machado - Nós saímos nos meados de 2001 de 6 kg per capta e hoje estimamos o consumo de 11,5 Kg per capta. Com os trabalhos que a associação realiza melhorou muito o consumo da carne suína, um resultado considerável. Para exemplificar isso, fechamos uma parceria com a Secretaria Municipal Educação de Cuiabá, para capacitar mais de 600 técnicas em nutrição escolar, com teoria sobre a carne suína e com curso de gastronomia, ensinando novas receitas e cortes da carne para serem inseridas na merenda escolar. O programa prevê também teatros de fantoches e história em quadrinho sobre a carne suína para as crianças de toda a rede municipal, o que engloba ai mais de 60 mil crianças. As ações começam no final de janeiro.

Agro Olhar - Como está a negociação do PGPM da carne suína?

Raulino Teixeira Machado - No início de dezembro recebeu voto desfavorável em Brasília. Na realidade, mesmo com esse voto estaremos firmes na luta para a aprovação porque entendemos que ele garante e dá sustentabilidade à cadeia nos momentos de crise. Para que o preço não caia a baixo do custo de produção. É necessário que se levante um preço mínimo, a nível de Estado, para que em base futuramente o Governo colocar a inserção do PGPM especificamente à carne suína.

Agro Olhar - Quais as expectativas do setor para 2015?

Raulino Teixeira Machado - São as melhores possíveis. Entendemos e os números vêm mostrando que a carne suína está se firmando no mercado, as pessoas estão conhecendo as vantagens do consumo, que é uma carne saudável, apetitosa e com preços bons para o consumo. Esperamos que no ano que vem o consumo aumente ainda mais. E para a cadeia produtiva e para o suinocultor seja um ano de boa rentabilidade, principalmente trazendo divisas para o Estado de Mato Grosso.
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