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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Parlamentares querem ouvir pantaneiro para desenvolver marco regulatório do Pantanal

Parlamentares querem ouvir pantaneiro para desenvolver marco regulatório do Pantanal
Pela primeira vez na história, está sendo elaborado um projeto de lei em que o pantaneiro será ouvido sobre o Pantanal. A ideia é aproveitar o conhecimento local de quem vive aquela região no dia a dia para poder estabelecer leis ambientais específicas, salientando toda a diferença dos outros ecossistemas brasileiros. O projeto de lei foi discutido na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, numa realização da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, presidida pelo senador Blairo Maggi (PR), que foi representado pelo suplente Cidinho dos Santos (PR), com a presença dos senador Jayme Campos (DEM), do deputado estadual Emanuel Pinheiro (PR) e da palestrante Cátia Nunes da Cunha – pesquisadora UFMT e Centro de Pesquisa do Pantanal.

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A ideia é melhorar o PLS 750/11, do senador Delcídio Amaral, sem alterar a rotina do homem pantaneiro com foco na preservação do sistema. De acordo com a pesquisadora Cátia Nunes, o evento é uma oportunidade almejada por todos e deverá ser o marco regulatório para a região. Disse que faltam diretrizes para acabar com a situação agonizante do Pantanal.

Citou as bases legais para o aperfeiçoamento da lei, observando a identidade do Pantanal, que depende da inundação e vazante, diferindo da área de Cerrado. E a administração do uso do Pantanal. Uma lei federal para o Pantanal, segundo a pesquisadora, deve ser inovadora e baseada nos conceitos ecológicos. Ela anunciou que está previsto para o mês de agosto o 2º Congresso de Áreas Úmidas.

Cristovão Afonso da Silva – médico veterinário e diretor da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro foi taxativo ao lembrar que a população pantaneira é a responsável pela preservação do Pantanal, porém não é reconhecida. “O homem pantaneiro deveria receber as honras pelos cuidados que têm com esse bioma. Vamos reivindicar nossos direitos. É possível melhorar a pecuária, sem agredir o meio ambiente. Precisamos que a lei seja específica para a região. Essa lei 750/11 deve receber várias emendas”, alertou. Solicitou a participação de especialistas pantaneiros na formatação da nova legislação.

A preocupação com a fronteira também foi abordada, com a participação de caravanas de Cáceres e Poconé. A retirada da pauta da paralisação da pesca por cinco anos foi comemorada. Já a construção de usinas hidroelétricas nos rios que formam o Pantanal, como o Rio Jauru e a falta de investimentos para tratamento de esgoto que prejudicam a qualidade da água que chega ao Pantanal foram questionados. Assim, como o uso de agrotóxicos que acabam atingindo a bacia pantaneira.

De acordo com informações da assessoria de imprensa Assemgleia Ligislativa de Mato Grosso, a pesquisadora da Embrapa Pantanal e da Universidade Federal de Mato Grosso, Débora Calheiros chamou a atenção para as ações que prejudicam o bioma. Citou o desmatamento da parte alta, a hidrovia Paraguai-Paraná e, principalmente, as hidroelétricas. São 44 em operação. Segunda ela, a Bacia do Alto Paraguai já produz energia suficiente para o Estado. Contudo, objetivo é chegar a 135. Fato que vai alterar significativamente o Bioma Pantanal. Todos os rios formadores do Pantanal estão sendo impactados. “Se a proposta do senador é a de proteger o Pantanal e o homem pantaneiro, temos que contribuir”.

“Somos solidários para que essa lei venha beneficiar o homem pantaneiro. Pois, 58% de Cáceres fazem parte desse bioma”, destacou o prefeito dessa cidade, Francis Maris Cruz. Ao ler seu discurso, o secretário de Estado de Meio Ambiente, José Lacerda Filho, descreveu a região e sua importância.

O senador Cidinho dos Santos explicou que a intenção do Senado Federal é a de ouvir prefeitos, entidades para saber quais são as alternativas para garantir a política de gestão ideal para a preservação do Pantanal. “Como preservar o Pantanal sem engessar o desenvolvimento de Mato Grosso?”, questionou.

O ambientalista Roberto Klabim disse que o Brasil tem déficit de governança. Afirmou que o primeiro passo é o compromisso de preservar o Pantanal. “Hoje completa 50 anos da Revolução de 1964. Isso nos mostra que modelos autoritários não funcionam. Se fala muito em sustentabilidade, mas se pratica menos que o ideal. Espero que seja criado um modelo de proteção que capaz de deixar um legado importante para as gerações futuras”.

O evento foi conduzido pelo senador Jayme Campos e contou com as presenças dos deputados federais Julio Campos e Valtenir Pereira, o presidente do sistema Famato, Rui Prado e os deputados Wagner Ramos (PR) e Airton Português (PSD), dentre outras autoridades.

O coordenador do Centro de Pesquisas do Pantanal – CPP, Paulo Teixeira ressaltou que o Pantanal está fortemente ameaçado, apesar de relativamente preservado. Para ele, a lei é importante e vem em bom momento, mas precisa ser bem elaborada. Já está em prática um projeto do CPP para a criação de uma rede de municípios para atuar em conjunto com foco na preservação. Essa experiência obteve êxito na Argentina. “A lei precisa ser bem definida; normatizar a delimitação da área; propor o corpo d´água; abranger a moratória da pesca, com foco na qualidade da água e riscos da construção de hidroelétricas.

Para o presidente da Acrimat, José João Bernardes a atividade pecuária é extremamente relevante para o Pantanal. “O debate reúne o interesse de diversos grupos e não pode ser simplificado. A preocupação dos ribeirinhos é válida e deve ser tratada com exclusividade. Não adianta discutir os reflexos da pesca, antes de segmentar os interesses e aprofundar sobre a pecuária e outras atividades nesse bioma”. Ele garante que a nova lei deverá ser ajustada ao Código Florestal.
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