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Presença de javalis em propriedades pode reconduzir febre aftosa ao Brasil, afirma veterinário ; veja fotos

Da Redação - Lázaro Thor Borges

Um pequeno estrago na plantação de milho aqui, outro na lavoura de soja lá, e assim vai. Por enquanto os produtores de Mato Grosso tratam as invasões de javalis como um problema de baixo impacto. Mas segundo o veterinário Ederson Viaro, dono de uma propriedade em Lambari D’Oeste, o javali pode trazer um antigo problema à tona novamente: a temida febre aftosa.

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O animal, que é natural da Ásia e da Europa, chegou no Brasil atravessando a fronteira com a Argentina e com o Uruguai, regiões onde ele foi introduzido para prática de caça esportiva. O javali é um dos vetores da aftosa e existe uma grande possibilidade do animal entrar em contato com o rebanho da Bolívia ou do Paraguai (onde o risco de aftosa ainda é grande) e voltar ao país infectando o gado brasileiro.

“A sorte é que os produtores brasileiros fazem um forte trabalho de vacinação, mas isso não exclui o fato de que o javali é um poderoso vetor de febra aftosa e hoje ele frequenta a zona livre (sem risco) e a zona tampão (risco médio) da doença no Brasil”, alertou Viaro. 

O veterinário é um dos controladores que integram o Cadastro Técnico Federal disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambieente (Ibama). Atualmente, 280 pessoas em Mato Grosso estão cadastradas no CTF e são autorizadas a caçar o javali. Para Viaro o número não é suficiente e é preciso que os órgãos responsáveis conscientizem os produtores do verdadeiro risco que os animais representam.

Caça

A principal forma de manejo do javali atualmente ainda é a caça, que foi autorizada pelo Ibama em 2013 por se tratar de um espécie invasora. Os produtores que não são autorizados a caçar o animal tentam minizar o impacto com o uso de cercas, mas o javali é um animal forte e acaba fazendo um estrago ainda maior. 

Atualmente somente o javali e o caramujo-africano tem a caça permitida no Brasil. Ainda assim, os controladores regulamentados precisam se registrar no CTF e conseguir junto ao Exército Brasileiro a permissão de uso de arma de fogo.

Viaro explica que os javalis se proliferaram principalmente porque a burocracia é muito grande e muitos produtores não conseguem se cadastrar para abater os animais. “Nós estamos há 50 anos sem o costume de caça no Brasil, somos o único país que proíbe terminantemente a caça de animais e dificilmente o Ibama vai fazer uma palestra de conscientização para que esses produtores entendam do verdadeiro risco do javali”, pontua.

Outro lado

A reportagem do Agro Olhar entrou em contato com a assessoria do Ibama para entender se de fato existe morosidade no processo de autorização do cadastro. Em resposta, o órgão afirmou que não vê possibilidade de flexibilizar o sistema  e que pode ser que alguns controladores tenham pequenas dificuldades com a interface do cadastro. 
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