Imprimir

Notícias / Geral

Comerciantes tentam manter lucro de espetinho a R$ 4 com alta da carne

Da Redação - Fabiana Mendes / Da Reportagem Local - José Lucas Salvani

A alta do preço da carne, além de afetar os consumidores do dia a dia, também atinge os pequenos comerciantes que quase não lucram com a venda de espetinhos. No Centro Sul de Cuiabá, os empreendedores contam como conseguem obter lucro e manter a família com o trabalho.

Leia também:
Prejuízos com suspensão da compra de carne pela China ultrapassam R$ 344 milhões em Mato Grosso

Isamara Magda Dennis de Arruda, 26 anos, se viu motivada a buscar renda na venda de espetinhos ao perceber que somente o trabalho do esposo não era suficiente para o casal e os filhos de quatro anos e nove meses.
 
Ela conversou com a mãe, pesquisou sobre os possíveis pontos até decidir a região próxima à avenida Tenente Coronel Duarte, perto da praça da Maria Taquara.  O antigo vendedor do ponto já teria deixado o local.  

“A gente arrumou aqui, conversou com o taxista, perguntou se tinha um senhor e falou que tinha saído daqui. A gente veio e ficou aqui para a gente tentar, né? E graças a Deus a gente está indo bem”, conta.



Atualmente, o preço do espetinho simples vendido por Isamara é R$ 4. Com arroz, farofa de banana e salada repolho sai por R$ 10.

Porém, ela já a visa que não será possível manter esse valor por muito tempo. “A questão é que por enquanto o espeto ainda está R$4, porque realmente a carne está realmente muito cara”, explica.



Para conseguir manter o preço, ela encontrou um açougue, onde fez uma parceria para obter carne mais barata. Ela e o marido terminam as vendas 20hpassam no açougue e vão para casa montar os espetinhos de carne para o dia seguinte. Os espetos de linguiça ela compra pronto.

Para montar o espeto, Isamara usa colchão mole e paga R$ 32 no quilo. No entanto, o preço normal é R$ 38. “É um valor mais barato porque a gente compra há muito tempo com ela. Mas ele já falou que vai aumentar futuramente”, diz.
 
Paralelo aos gastos para manter o empreendimento, ela ainda precisa pagar uma pessoa para cuidar dos filhos para que ela possa trabalhar.  “Não tinha condição nosso o salário, as coisas estão só aumentando e com dois filhos para criar e dar de comer”, cita. Antes de ficar desempregada, Isamara trabalhava como operadora de caixa.

As vendas são realizadas de segunda-feira a sábado. Nos dias de semana das 15h30 às 20h e aos sábados das 11h às 15h.

Há cinco anos, Marinete Delmondes, 49 anos, trabalha com a venda de espetinho. Diferente de Isamara, ela já compra os espetos junto da carne em um açougue de Várzea Grande. Quando começou no ramo pagava R$ 1. Mas neste ano, segundo ela, houve dois reajustes, sendo R$ 1,65 e uma semana depois, R$2.

“Eu vendia a R$2, passei a vender R$ 2,50 e depois R$ 3,5 e R$4. Continuo a quatro reais, mas dependendo do reajuste deles, eu aumento”, afirma.

O espetinho vem acompanhado de um copinho de mandioca e passado na farinha.

Com os reiterados aumentos, a empreendedora já pensou em desistir. “A gente pensa porque vai aumentando e com o lucro você precisa repor. Você vai lá [no açougue] e está um preço e de repente você vai lá comprar de novo, no outro dia está outro preço”, afirma.



Como alternativa para manter o lucro, ela teve que diminuir a quantidade da carne e acompanhamentos. Apesar disso, sentiu queda nas vendas.

Antes dos reajustes, chegava a vender 270 espetinhos e 16 quilos de mandioca diariamente.  Atualmente ela vende cerca de 150 diariamente.

Alta da carne 

A alta dos preços da carne havia sido provocada pelo aumento das exportações para China e aumento da demanda interna. Porém, no segundo semestre deste não, foram confirmados dois casos da doença da vaca louca, sendo um deles em uma fazenda de Mato Grosso. Com isso, houve veto da China à carne brasileira.

O prejuízo diário para Mato Grosso, decorrente da suspensão das vendas de carne bovina para China é de US$ 4,4 milhões por dia útil. Apenas em outubro os prejuízos ultrapassam US$ 60 milhões (R$ 344.618.580,00) no Estado. 

Atualmente, com maior oferta de carne no mercado interno, há perspectivas de que o preço da carne reduza no mercado local, caso as exportações não sejam retomadas em curto prazo. A arroba do boi e o preço da carne no atacada já estão sendo negociados em valores menores. 

O Sindicato das Indústrias das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo) informou que já houve redução de 15% a 20% na arroba do boi e na carne da indústria para o atacado, mas os supermercados e açougues não estariam repassando o novo valor. 
Imprimir