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Com preço nas alturas, especialista explica que valor pago na carne depende principalmente do varejo

Da Redação - Airton Marques e Fabiana Mendes

Os amantes do churrasco ou aqueles que não descartam um bom corte de carne vermelha no prato têm enfrentado dificuldades para manter a tradição, já que o preço encontrado em mercados e açougues só aumenta. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, divulgados pelo O Globo, em média, o preço das carnes subiu 11,8% nos últimos 12 meses. Mas, de acordo com especialistas da área, engana-se quem acha que a culpa pela inflação desta mercadoria é culpa exclusiva do produtor.

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Segundo Cleiton Gauer, Superintendente no Instituto Mato-Grossense de Economia (Imea-MT), diversos fatores, principalmente o varejo, entram na formação de preço do boi gordo, que resulta no preço final da carne. Nessa cadeia, o produtor é apenas um tomador de preços, já que em condições normais, os preços são formados a partir da associação entre o ferta e demanda.

Na prática, quanto menor a oferta de um produto e maior a demanda, o preço tende a subir, pois falta produto no mercado.

"O produtor é um tomador de preço e o mercado define o quanto ele vai receber e o quanto ele vai colocar na gôndola. Olhando para o lado do produtor, a gente olha especificamente para os incentivos da atividade. Se existe um momento em que desestimula a atividade é um preço menor, acaba diminuindo a oferta de produto, o preço aumenta e o produtor precisa retomar a atividade, recupera e a gente tem o equilíbrio de oferta e demanda, que é o que acaba comandando o mercado e definindo os preços para o produtor, que está na ponta inicial da cadeia", explicou.

A demanda por qualquer produto é influenciada por diversos fatores, internos e externos. Entre eles estão os preços do produto, a renda e potencial de compra dos consumidores, a presença de produtos substituto, a preferência dos compradores, entre outros.

Apesar de tal dinâmica, em muitos momentos os frigoríficos (responsáveis pela compra do gado e repasse para o varejo) apontaram que apesar da redução do preço da carne no atacado, muitos açougues e mercados não repassariam novo valor ao consumidor.

Em outubro do ano passado, por exemplo, em meio ao embargo da China, houve quedas de 15% a 20% na arroba do boi e na carne da indústria para o atacado, mas no balcão não teve nenhuma queda.

Atual cenário

Sobre o atual cenário, Gauer ressalta que o preço alto é resultado de uma conjuntura global, envolvendo não só a pandemia, mas também a guerra da Rússia com a Ucrânia. "Há uma inflação generalizada de todos os produtos, desde a cadeia logística, produção e na ponta final. Reflexos da pandemia, do desestimulos, reestruturação". 

"Todo mundo está fazendo contas. Desde o consumidor, poupando, até o produtor, que teve o incremento de toda a cadeia de insumos, seja fertilizantes e a própria cadeia de recria e engorda. Então, os produtores buscam alternativas para tentar reduzir esse custo e manter a lucratividade", pontuou.

Por falar em custo de produção, dados recentes do Imea mostram que o custo total para produzir uma arroba, no primeiro trimestre de 2022, foi de R$ 280,27. Alta de 12,5% no comparativo com o 4º trimestre de 2021.

O maior impacto é o custeio da atividade, que envolve vacinas, medicamentos insumos, suplementação, custos com pastagem, compra de animais e mão-de-obra.

Ainda segundo o Imea, em abril, o preço da arroba reduziu 4,44% para os machos e 3,61% para as fêmeas, em relação aos valores do mês passado, ficando em R$ 293,61 e R$ 282,84, respectivamente.
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