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Coordenador da FAO no Brasil defende fortalecimento da dignidade através do cooperativismo

Emater

 "O Ano Internacional das Cooperativas: O papel do cooperativismo no combate à pobreza" foi tema do primeiro painel do Seminário Internacional de Cooperativismo, que aconteceu nesta quarta e quinta-feira (17 e 18/10), no hotel Embaixador, em Porto Alegre.

Com um público de mais de 500 pessoas, e tendo como tema central O Cooperativismo e o Desenvolvimento Sustentável, o coordenador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Helder Muteia, palestrou sobre Dia Mundial da Alimentação – Cooperativas Agrícolas Alimentam o Mundo. O painel teve como debatedor o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Ivar Pavan, e foi coordenado pelo presidente da Emater/RS, Lino De David. O seminário é promovido pela SDR e Emater/RS-Ascar.

O painel foi prestigiado pelo vice-governador Beto Grill que, representando o governador Tarso Genro, reafirmou o compromisso do Governo do Estado no fortalecimento do cooperativismo. Segundo ele, o Governo tem procurado se adequar à realidade mundial no desenvolvimento de políticas públicas para estimular e ampliar a base produtiva do RS. “Cada vez mais, a produção primária e o cooperativismo se fortalecem a contribuem, através da troca de experiências, para aperfeiçoar e qualificar o sistema produtivo”, observou o vice-governador, ao salientar a importância “de acreditarmos na pujança e nas
potencialidades do RS”.

Situação

O ano de 2012 foi instituído pela FAO como o Ano Internacional das Cooperativas com o objetivo de fortalecer a inclusão sócio-produtiva das comunidades rurais e dos agricultores familiares. Muteia diz considerar o cooperativismo como uma ferramenta que resgata a dignidade humana, empodera as mulheres (já que 52% dos cooperados são mulheres) e dá perspectivas de participação e organização aos jovens.

Ao lamentar a fome, que atinge mais de 868 milhões de pessoas no mundo, de acordo com dados lançados pela FAO há cinco dias (em 1992 eram mais de 1 bilhão de famintos), Muteia destacou, como desafios da segurança alimentar os preços e o baixo estoque de alimentos, e a mudança do padrão de consumo, que atualmente apresenta alto índice de desperdício e de obesidade, “pois pouco diversificamos nossa alimentação”, observou.

No combate à fome, Muteia elogiou o progresso do Brasil, “acelerado nos últimos ndez anos e um dos poucos países que já cumpriu as Metas do Milênio, de reduzir a fome pela metade”, ao antecipar “a grande responsabilidade brasileira, pelas expectativas geradas no mundo, de compartilhar seu saber fazer,não só de tecnologias produtivas,mas sociais”.

Como tendências ao cooperativismo, Muteia citou o combate à pobreza, os ganhos sendo entendidos como lucro mais dignidade, o acesso à terra, à água, ao mercado, às tecnologias e ao crédito, e o conceito de bem comum sendo
transferido para a natureza. “As cooperativas agrícolas são capazes de alimentar o mundo, com dignidade e geração de emprego e renda, por isso devem ser fortalecidas”, defendeu o representante da FAO no Brasil.

Diversificação

Os números da fome também foram lamentados pelo secretário Ivar Pavan, ao destacar que das quase 870 milhões de pessoas que dormem com fome no mundo (uma em cada oito pessoas), 75% vivem no meio rural. “É inaceitável que a fome hoje mate mais do que a aids, a malária e a tuberculose juntas”, criticou o secretário, ao citar que um terço das mortes de crianças com até cinco anos de idade ocorre por desnutrição.

No Brasil, a situação não é diferente, já que das 16,2 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, 47% estão no meio rural. No RS, das 307 mil pessoas que vivem em situação de pobreza extrema, 107 mil (ou 35%), estão no meio rural. “O aumento da diversificação de alimentos passa pelo fortalecimento do cooperativismo e da agricultura familiar”, afirmou Pavan, ao citar dados do IBGE de que 85,7% dos estabelecimentos rurais no RS são da agricultura familiar.

Para o secretário, as cooperativas são importantes porque o modelo de negócio se baseia em princípios e valores, possui uma economia descentralizada e que valoriza o contexto local, fortalecendo a cidadania. “As cooperativas geralmente trabalham com as populações mais pobres e muitas vezes cumprem o papel do Estado”, destacou Pavan, ao citar as cooperativas como fundamentais na produção, industrialização e distribuição de alimentos, tanto para o mercado convencional, quanto para o institucional, através de programas como PAA e Pnae.

“Diante deste potencial, o Governo do Estado criou, em 2011, a SDR, com o propósito de organizar e fortalecer política e economicamente o setor”, salientou o secretário Pavan. Ele citou os diversos programas elaborados pela Secretaria, como o Programa Gaúcho de Revitalização das Cooperativas; o Fundo de Aval para Cooperativas Agropecuárias, que aguarda a liberação de R$ 10 milhões para entrar em execução; o Programa de Extensão cooperativa, desenvolvido em parceria com a Emater/RS-Ascar na gestão e organização das atuais 55 cooperativas atendidas; a Regulamentação do Fundopem para as cooperativas; a Isenção de ICMS nas compras institucionais da agricultura familiar; e o programa Qualidade de Energia no Campo, que até o momento possui 2.141 processos encaminhados para a melhoria da energia no meio rural.

O painel 2, que encerra os debates do seminário na tarde desta quarta-feira (17/10), abordou Globalização e Cooperativismo. Após as apresentações, os participantes visitam a Feira da Agricultura Familiar, realizada até o próximo sábado (20/10) na Praça da Matriz, em frente ao Palácio Piratini. O Seminário prossegue amanhã, quinta-feira (18/10), às 8h30, com painel sobre Marco Regulatório e a Nova Lei Cooperativa, Papel do Cooperativismo no Desenvolvimento Local/Regional, e Desenvolvimento e as cooperativas de trabalho: potencialidades e limites. O encerramento está previsto para às 17h.
Informações no www.sdr.rs.gov.br.
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