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Emprego formal frustra expectativas

O Estado de S. Paulo

 A economia brasileira deve encerrar o ano com um volume de empregos criados menor do que o governo estimava. O diretor do departamento de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego, Rodolfo Torelly, afirmou ontem que o saldo este ano deve ficar em 1,47 milhão, abaixo dos 1,7 milhão previstos desde o fim do ano passado.

A reavaliação, segundo as explicações do secretário, se dá em um contexto de crise econômica mundial. "Todos os indicadores estão refletindo uma desaceleração e o mercado de trabalho reflete a economia", considerou.

Se confirmada a projeção do governo, o saldo de empregos este ano será um quarto menor do que as 1,944 milhão de vagas geradas em 2011. O recorde foi em 2010, de 2,54 milhões de novos postos de trabalho.

A nova perspectiva leva em conta que, ao longo deste ano, o saldo de novos empregos, já descontadas as demissões, apresentou apenas em março um resultado maior do que em igual período do ano passado.

Além disso, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro, divulgado ontem, frustrou o Ministério. Foram criadas no mês passado 150.334 vagas formais ante uma média para setembro de 219 mil postos.

O resultado foi 40% menor do que o visto no mesmo período do ano passado e também é o mais baixo para meses de setembro desde 2001, quando o saldo tinha sido de 80.028 postos.

Vigor. Mesmo assim, Torelly fez questão de enaltecer o vigor do mercado de trabalho brasileiro. "Em relação ao cenário mundial, o resultado de setembro ainda foi positivo", comparou o secretário. Para outubro, a expectativa é de novas 140 mil vagas.

No acumulado do ano até o mês passado, o saldo de empregos gerados já atinge a marca de 1,514 milhão de postos. Com base na nova projeção para 2012, isso significa dizer que, até o final do ano, o Brasil perderá vagas formais.

É que tradicionalmente o mês de dezembro costuma devolver ao mercado um grande contingente de trabalhadores que conseguiram emprego temporário durante as festas de fim de ano. Nos últimos três anos, a dispensa nesse mês foi, em média, de 400 mil de trabalhadores.

Setores. Em setembro, a indústria superou o setor de serviços e foi a que mais contratou. Segundo o Caged, 66 mil trabalhadores conseguiram um novo emprego nas fábricas, enquanto 55 mil foram para o setor de serviços.

O comércio foi responsável pela geração de 36 mil postos e a construção civil, que já vem demonstrando perda de fôlego, criou 10 mil empregos.

Apenas a agricultura registrou um volume de demissões maior do que contratações ao fechar 19 mil vagas.

O movimento, no entanto, não preocupa porque essa área costuma apresentar mais volatilidade por causa dos períodos de safra e entressafra no decorrer do ano.
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