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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Opinião

Anne, a heroína de sua própria história

A série “Anne with an E”, lançada pela Netflix em 2017, foi inspirada no livro “Anne of Green Gables, de Lucy Maud Montgomery, publicado no ano de 1908. Ela nos conta a história de Anne Shirley, uma menina órfã que foi enviada para a fazenda Green Gables a fim de ajudar os irmãos Matthew e Marilla Cuthbert com as tarefas locais. Os irmãos esperavam que lhes fosse enviado um menino, mas quem chega lá é Anne, uma menina inteligente, falante, sonhadora e corajosa.

A série aborda o feminismo em diversos episódios, tanto que uma das falas mais memoráveis de Anne é: “Meninas podem fazer tudo o que os meninos fazem e ainda mais”. Isso num contexto de uma pequena vila localizada na fictícia Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, no século XX, onde a função das mulheres era ser donas de casa, sem perspectiva de poder estudar.

No desenrolar da história, as jovens meninas se tornam cada vez mais empoderadas, unidas e com vontade de entrar numa faculdade, o que acaba por “chocar” muitos adultos, que estão acostumados com mulheres pensando apenas em casamento, filhos e cuidar de casa enquanto seus maridos trabalham.

A senhora Josephine Barry é a tia da melhor amiga de Anne e durante muitos anos foi casada com uma mulher, até a morte de sua companheira. Ela se torna inspiração para Anne, que a vê como símbolo de força e independência por não se importar com o que os outros vão pensar. Anne diz para a senhora Barry que sempre quis ser uma noiva, mas nunca uma esposa, e assim ela responde: “Eu posso lhe dar dois conselhos. Primeiro: poderá casar a qualquer momento da sua vida, se assim desejar; segundo: tendo uma carreira, poderá comprar um vestido branco, fazer do seu gosto e usar quando bem entender. Sou a favor de trilharmos nosso caminho no mundo”.

Anne, por diversos momentos, possui traumas com a sua própria aparência, devido a um padrão imposto pela sociedade na época, de que mulheres ruivas e com sardas não eram bonitas. Hoje, não existindo mais isso, percebemos que muitas vezes, achamos o conceito de bonito e feio o que a sociedade nos impõe e não exatamente o que realmente temos como nossa verdadeira opinião. Anne é extremamente linda, bem como você também é.

Outra forte mulher na série é a senhorita Stacy, professora de Anne. Ela é criticada por usar calças, andar de motocicleta e vista como uma ameaça por continuar sem um companheiro após a morte de seu marido, tanto que uma das personagens, a senhora Rachel Lynde, tenta a qualquer custo arranjar um novo companheiro a senhorita Stacy, mesmo esta não querendo.

A doce Anne nos deixou vários ensinamentos, inclusive quando disse: “Serei heroína da minha própria história”. Mulheres corajosas como ela sempre serão. Alguém duvida?




Michelle Leite de Barros é Advogada em Cuiabá-MT
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