Olhar Direto

Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

Geopolítica do Brasil: declarações de Joe Biden e Macron sobre a soberania brasileira na Amazônia

Em debate contra o Republicano Donald Trump, Joe Biden afirmou que "começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia". Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de destruir a floresta. E se não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas". Demagogia de candidato? Provavelmente.

"A nossa casa está queimando”. Este foi o comentário de outro demagogo, agora o Chefe de Estado da França, Emmanuel Macron, sobre os incêndios na Amazônia, postado nas redes sociais junto a uma foto antiga.  Não satisfeito, o líder da eterna “revolucionária” França, atualmente incapaz de resolver seus próprios problemas (islamização, por exemplo), ainda cogitou o velho mito da internacionalização da Amazônia: “conveniência de conferir um status internacional à floresta caso os líderes da região tomem decisões prejudiciais ao planeta”. Poderíamos apenas relegar como pantominas de populistas, contudo, verifiquemos.

Em resposta a Biden, Jair Bolsonaro afirmou que o “Brasil é um país riquíssimo. Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de Estado dizer que se eu não apagar o fogo da Amazônia levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, né, Ernesto?”, disse, referindo-se ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que estava na plateia, na sequência, emendou: “Porque quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, se não, não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas precisa saber que tem”.

Pronto! O lide para a grande mídia mainstrean, progressista, domesticada pela “praga” do “politicamente correto”, antipatriótica, globalista e histérica, estava lançado. Como sempre, mais uma vez, reagiram com absoluto desconhecimento das regras básicas de geopolítica e relações internacionais. É importante observar, quando da ocorrência desses fatos, o comportamento contraditório e o duplo padrão moral da esquerda política e sua mídia amestrada. Democracia para essa gente é, simplesmente, que as vozes que destoam daquilo que já foi definido como aceitável ou moralmente correto, se calem. Acostumados a décadas com presidentes que falavam uma coisa, mas pensavam outra, não admitem a postura do atual Chefe de Estado.  

Mas, vejamos o que teria querido dizer Bolsonaro. “Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”, é uma máxima adaptada pelo Presidente e, simplesmente, traduz uma regra da geopolítica: um país ameaçado e mais fraco militarmente, para sobreviver, precisa ter capacidade de dissuasão. “Ultima racio regis”:  última razão dos reis, ou seja, a força será utilizada em circunstâncias de ataques inimigos em que só se utilizaria os canhões em último caso.

Isso quer dizer que JB vai declarar guerra aos EUA ou responder com força? Primeiro: é importante evidenciar que a fala de Biden e Macron indicam interferência em assuntos estrangeiros à soberania de outro país. Isso é grave! Esse é ponto que devia permear uma discussão honesta e não a fala de Presidente, que apenas respondeu com contundência a estúpidas declarações de um Chefe de Estado fraco e um candidato medíocre à presidência da maior potência do planeta. Ainda, o emprego da força contra nação estrangeira obedece aos ditamos da Constituição e envolver o Congresso Nacional.

A Amazônia é, precisa e deve ser preservada. O auxílio internacional para tal mister pode e deve ser aceito. Veja-se, por exemplo, o Fundo Amazônia,  gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que também se incumbe da captação de recursos, da contratação e do monitoramento dos projetos e ações apoiados. Recursos oriundos da Noruega já foram captados para este Fundo. Agora, a gestão e as decisões devem ficar EXCLUSIVAMENTE, sob os auspícios da soberania brasileira. Ponto final!

Podería-se perguntar, embora não seja da nossa conta, o que a França fez com sua cobertura vegetal? Também poderiamos afirmar que os EUA massacraram seus indígenas na marcha para oeste. Que as florestas da Califórnia, há décadas administrada pelos Democratas, inflamam-se todos os anos. Contudo, veja que lá o discurso, diferentemente da Amazônia, os incêndios florestais não têm como fato gerador a má gestão do governo californiano, mas é resultado das mudanças climáticas. Todavia, na Amazônia, o clima não influencia, apenas a má gestão do governo de direita. Hipocrisia e demagogia permeiam os editoriais midiáticos e falas de políticos esquerdopatas e dissociados da realidade local. A maioria, inclusive, só conhece a Amazônia pelo google maps.

O que está em jogo e foi ignorado pela maioria da mídia convencional é o fato de um país ameaçar outro país com sanções econômicas se este não seguir o que for DETERMINADO por estrangeiros.  Isto é grave e inadmissível; e foi isso exatamente o que Joe Biden e Macron fizeram: uma ameaça, a qual é óbvio, não foi bem recebida pelo governo brasileiro, como haveria de ser diferente?

A resposta ao demagogo Biden pelo Presidente do Brasil foi, nada mais, nada menos, aquilo que, em termos geopolíticos, denominamos de “marcar uma posição e não demonstrar submissão”. Tanto no mundo dos brutos (animal) como na geopolítica entre nações, aquele que demonstrar fraqueza ou submissão é atacado. Simples assim. Diante de uma ameaça com embargo econômico e comercial, caso o Brasil não se comporte de acordo com o que outros países ditarem, ficamos entre duas alternativas: mostrar fraqueza e submissão ou marcar uma posição. Perceba que o Brasil, e Biden e Macron o sabem, não é uma Venezuela, Irã ou Coreia do Norte. Muitos países precisam dos produtos brasileiros, notadamente as comodities agrícolas. Os EUA sabem disso. Em tal cenário, nossa economia seria destruída, mas também afetaria significativamente a economia das grandes potências industriais.

Particularmente, credito a fala de Biden como bravata e populismo de candidato, deixando-se arrastar pela onda dos ambientalistas de apartamento que impregnam a sociedade urbana atual.

Ambas as falas, de Biden e Macron, podem ser alocadas no contexto que diz respeito aos efeitos do processo conhecido como “securitização” do meio ambiente. O que é isto? É um processo intersubjetivo e socialmente construído. Para que uma questão seja securitizada é necessário que a opinião pública respalde o discurso de um ator “securitizador” (que pode ser um representante do governo ou um ator não-estatal, como, por exemplo, o membro de uma ONG) sobre a existência de uma ameaça que pode comprometer a sobrevivência de um determinado objeto de referência (o Estado, a cultura de uma sociedade, o meio ambiente, um grupo étnico, etc.) e a adoção de medidas emergenciais e fora dos parâmetros normais do procedimento político. Essa é a questão atual do meio ambiente.

Bolsonaro, para o escândalo da extrema imprensa, fez, simplesmente, o qualquer Chefe de Estado em juízo normal faz quando seu país é ameaçado por outra soberania: marcou uma posição e não demonstrou submissão. É óbvio que o Presidente conhece as limitações bélicas de defesa do Brasil. Quem é páreo em uma guerra convencional com os EUA hoje no mundo? Ninguém. O equilíbrio é mantido entre as potências militares por conta dos armamentos nucleares.

Parabéns Presidente! Causa espécie a ausência daquela esquerda que se dizia nacionalista. O que diria Leonel Brizola, ídolo de Ciro Gomes nessa situação? Ele que, no evento da renúncia de Jânio Quadros liderou uma resistência com armas para garantir a posse de Jango, quase levando o país a uma guerra civil? Pois é, esse é o retrato melancólico da esquerda brasileira e da americana. O partido Democratas do saudoso Presidente Jonh F. Kennedy não existe mais. Atualmente está na mesma linha do nosso PSOL e PSTU. Lamentável.
Corram para as colinas!
 
Julio Cezar Rodrigues é advogado e economista (rodriguesadv193@gmail.com)
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