Olhar Direto

Sexta-feira, 29 de março de 2024

Opinião

A Pandemia do Covid – 19 e a (des)igualdade de gênero

A Pandemia do Covid – 19 pegou de surpresa o mundo. Muitos têm perdido suas vidas em razão deste vírus fatal e outros tantos têm ficado com sequelas. O distanciamento social tem salvado vidas, porém, também, tem acarretado graves problemas emocionais e sociais. Nossos filhos têm que estudar de forma remota e ficam presos em casa, o que eleva o grau de ansiedade não só neles como também nos pais que trabalham em home office, os quais estão tendo que se adaptar à nova realidade e, ainda, que aprender a como gerenciar melhor o tempo.

O trabalho em home office fez com que o pai ficasse mais tempo em casa e, como isto, pudesse participar mais da vida dos filhos, dividindo, assim, as tarefas domésticas e cuidado dos filhos com a mãe, algo de muito positivo e belo. Quantos pais, antes da pandemia, perderam a primeira “papinha” do bebê, os primeiros passinhos e tantos outros maravilhosos momentos que a paternidade reserva. Contudo, nem todos os homens têm assumido este papel de companheiro e de colaborador. Ao contrário, muitos têm sido omissos e, ainda, têm se tornado violentos com a família, sobretudo com as mulheres. Os dados estatísticos demonstram que houve crescimento da violência doméstica no período da Pandemia do Covid – 19. No Estado do Pará, apenas para exemplificar, segundo notícia veiculada no site G1[1] com o título: “Casos de feminicídio no Pará aumentam 40% em 2020, aponta Segup”, houve, em 2020, um crescimento acentuado nos casos de violência doméstica, enquanto foi registrada uma queda em outras formas de criminalidade no mesmo período. A matéria afirma que o Governo do Estado considera o isolamento social, provocado pelo Covid – 19, como “fator crucial para o aumento da violência doméstica”.

De acordo com a diretora executiva da ONU Mulheres a” violência contra as mulheres e meninas é pandemia invisível”. Segundo a matéria veiculada no site da ONU Mulheres Brasil[2] “Mesmo antes da existência da Covid-19, a violência doméstica já era uma das maiores violações dos direitos humanos. Nos 12 meses anteriores, 243 milhões de mulheres e meninas (de 15 a 49 anos) em todo o mundo foram submetidas à violência sexual ou física por um parceiro íntimo. À medida que a pandemia da Covid-19 continua, é provável que esse número cresça com múltiplos impactos no bem-estar das mulheres, em sua saúde sexual e reprodutiva, em sua saúde mental e em sua capacidade de participar e liderar a recuperação de nossas sociedades e economia”.

A mulher, diante deste cenário, está se sobrecarregando e tendo que assumir o protagonismo.  Muitas têm que cuidar sozinha dos filhos, da casa e, ainda, trabalhar. A ONU Mulheres[3], sensível a esta situação, sugeriu, dentre várias ações que toda pessoa pode fazer na resposta à Covid-19 e eliminar a desigualdade de gênero dentro de casa, a seguinte:

1. Compartilhe os cuidados em casa

Desde cozinhar e limpar, buscar água e lenha ou cuidar de crianças e pessoas idosas, as mulheres realizam três vezes mais tarefas domésticas e trabalho não-remunerado do que os homens. Enquanto mais e mais pessoas e famílias estão isoladas em suas casas para impedir a propagação da Covid-19, as responsabilidades com os cuidados estão sempre em alta. Cabe a toda família compartilhar o cuidado: o apoio a crianças por meio de ensino à distância ou a pessoas idosas e vulneráveis, cozinhar, limpar e administrar as famílias.
 
Penso que o diálogo franco entre os membros da família e a conscientização de que cabe a toda a família a responsabilidade e não apenas à mulher, são fundamentais para que se inicie este processo de eliminação da desigualdade de gênero dentro de casa.

Oportuno destacar, ainda, que a ONU Mulheres anunciou, para este ano, como tema do Dia Internacional da Mulher: “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19″.  Segundo a matéria veiculada na página da ONU Mulher[4]:

“O tema celebra os enormes esforços de mulheres e meninas em todo o mundo na construção de um futuro mais igualitário e na recuperação da pandemia de COVID-19. Também está alinhado com o tema prioritário da 65ª sessão da Comissão sobre o Status da Mulher, “ Participação plena e efetiva da mulher e tomada de decisões na vida pública, bem como eliminação da violência, para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas ”, e o carro-chefe Campanha Geração Igualdade que visa engajar parcerias institucionais e da sociedade civil para realizar o direito das mulheres de protagonizar a tomada de decisões em todas as áreas da vida, remuneração igual, divisão igual de trabalho doméstico e de cuidados não remunerado, o fim de todas as formas de violência contra mulheres e meninas e serviços de saúde que atendam às suas necessidades.

Englobando todas essas áreas, nada melhor do que informar e conscientizar todas as mulheres sobre os seus direitos.

É preciso, informá-las que têm direitos, quais são e que elas podem exigir esses direitos e aonde ir para reivindicá-los! Quando a mulher está ciente sobre os seus direitos, ela se sente mais livre e assim se torna uma mulher mais empoderada. E isso que vou fazer por aqui!


Lívia Quintieri - Presidente da Comissão de Direito da Mulher da ABA-MT

[1] Fonte: https://g1.globo.com/pa/para/noticia/2021/02/04/casos-de-feminicidio-no-para-aumentam-40percent-em-2020-aponta-segup.ghtml. Acesso em: 05 Mar 2021.
 
[2] Fonte: https://www.onumulheres.org.br/noticias/violencia-contra-as-mulheres-e-meninas-e-pandemia-invisivel-afirma-diretora-executiva-da-onu-mulheres/ Acesso em: 05 Mar 2021.
[3] Fonte: https://www.onumulheres.org.br/noticias/onu-mulheres-sugere-nove-acoes-que-toda-pessoa-pode-fazer-na-resposta-a-covid-19-e-eliminar-a-desigualdade-de-genero-dentro-de-casa/. Acesso em: 05 Mar 2021.
[4] Fonte: Tema do Dia Internacional da Mulher de 2021 – “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19 ” – ONU Mulheres. Acesso em: 05 Mar 2021.
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet