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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Opinião

Parentalidade e relacionamentos abusivos: qual a relação?

 COMO REFLETIR SOBRE A PARENTALIDADE NA INFÂNCIA PODERIA AJUDAR EM UM FUTURO COM MENOS RELACIONAMENTOS ABUSIVOS?

Quando pensamos em nossa infância, as principais lembranças remetem a família, isso ocorre porque ela é o primeiro “lugar” no qual somos inseridos e, através dessa relação que conhecemos o mundo e nos formamos como pessoas.

É nessa interação durante os primeiros anos de nossa vida que construímos comportamentos, atitudes, hábitos, valores, costumes que podem caminhar pela vida conosco. Resumindo, é quando a nossa personalidade começa a ser desenvolvida, essa que nos torna tão únicos no mundo. Vivemos em uma sociedade que tem como foco o adulto, e não a criança.

Sociedade que prioriza as necessidades e preferências dos adultos acima das necessidades e preferências das crianças; sociedade que espera que as crianças se adaptem e cumpram as agendas, horários e expectativas dos adultos, esquecendo que na infância se torna tão importante a formação de uma personalidade autônoma, essa que implica diretamente na autoestima e senso moral do ser humano.

Superestimamos o conceito de obediência, esquecendo que esse comportamento pode silenciar a voz interior da criança, no qual leva a possibilidade de um baixo critério autônomo, implicando diretamente em seu modo de interação onde pode acarretar: ser controlado por outros, baixa autoestima e insegurança.

Crianças extremamente obedientes, que nada se opõe, que sempre fazem o que o adulto lhe pede podem ser crianças que são facilmente influenciadas posteriormente pois foram ensinados a obedecer como um meio de se relacionar com quem se ama e isso leva a que seu julgamento moral não seja construído, logo, dependerá do outro (seja controle ou julgamento) para realizar seus feitos.As crianças precisam da proximidade de pessoas que as fazem se sentirem seguras, entendendo que não precisam ser o que nós adultos queremos que elas sejam para se ter um relacionamento conosco.

Nosso papel não é treiná-las para não precisarem das pessoas, nosso papel é fornecer o suporte emocional para que sejam mais capazes de compreender suas emoções e conflitos a fim de que não sejam confundidos ou oprimidos por eles, compreendendo que nossas palavras e ações têm uma profunda influência em nosso relacionamento com elas e em como se sentem a respeito de si mesmos.

A maneira como agimos diante da criança pode construir um forte relacionamento ou lentamente destruí-lo. Um relacionamento forte entre pais e filhos é um presente que continua sendo oferecido após os anos, pois promove melhores habilidades de comunicação, autoestima e confiança.

Com essa base segura, a criança saltará para o mundo sabendo o seu valor, e conseguindo enxergar suas prioridades e possibilidades de ser, assim podendo evitar estar em situações pessoais vulneráveis e de violências.

A maioria dos pais são cuidadosos com a saúde física de seus filhos, levando-os para consultas de saúde, oferecendo alimentos nutritivos, mantendo-os ativos, mas com que frequência você pensa em cuidar da saúde emocional de seu filho?

Rayra Costa, Psicóloga Clínica Infantil CRP 18/06176, formada pela UFMT
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