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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Opinião

O subprime à brasileira: O risco do imóvel para obtenção de crédito

Autor: Fernando Henrique da Conceição Dias

07 Jun 2022 - 08:00

A situação de miséria vivida por parcela considerável da humanidade e a estagnação na economia de vastas regiões da periferia do capitalismo têm tornado cada vez mais presente a retomada da questão do crédito a qualquer custo na economia. A discussão acerca desse tema perdeu terreno nas última década, pós crise do subprime.  Os efeitos dessa crise na economia brasileira são relativamente tardios, tendo iniciado em meados de 2011 no Brasil, como demonstra como por exemplo a redução da taxa de investimento e o aumento do desemprego. Essa crise econômica resultou em uma crise política, Observou-se a existência do enfraquecimento das políticas públicas de Estado diante de uma crise econômica no Brasil, como resultante de um movimento mundial pautado em decisões de medidas para “saída” da crise com base em políticas de austeridade fiscal. No contexto da economia brasileira, o movimento geral da crise econômica implicou com medidas de austeridade fiscal, as quais foram se consolidando no pós impeachment com a aprovação da reforma trabalhista e de uma institucionalização da redução com gastos sociais, e na imersão de uma agenda liberal com o novo governo federal (2019-2022).

Dessa forma, atualmente surgiu o Projeto de Lei 4188/2021, de autoria do governo de Jair Bolsonaro (PL), que, entre outros pontos, permite que bancos e instituições financeiras possam penhorar o único imóvel de uma família para quitar dívidas. De acordo com a legislação brasileira atual, esse único bem não pode ser perdido por dívidas, salvo exceções definidas em lei. Agora, segundo o projeto, as instituições bancárias poderão realizar a penhora em qualquer situação na qual o imóvel seja dado como garantia real. O texto, aprovado por 260 votos favoráveis e 111 contrários, segue para o Senado.

 Como consequência, caso seja aprovada, o que veremos é daqui uma década uma classe média endividada e principalmente um risco de redução considerável de renda e principalmente inadimplência, já que o fantasma da inflação juntamente com fatores exógenos que fazem com que a moeda Brasileira seja extremamente desvalorizada frente ao dólar, característica de moeda periférica. Ainda por cima, é provável que o números de pessoas procurando esse tipo de crédito seja em grande escala, fazendo com que seus imóveis sofram desvalorização, já que com a alta procura e o gatilho do juros baixos, fará com que essas pessoas procurem esse crédito justamente para sobreviver ou tentar empreender com a esperança de algum lucro.

Esse tipo de crédito é extremamente perigoso para um país subdesenvolvido. O desenvolvimento não vem somente com crédito disponível, aliás crédito caro disponível e para piorar com garantia de um bem que é muito importante para os Brasileiros. SUA CASA.....

As cenas dos próximos capítulos devem ser aguardadas assim como demonstra a história econômica. Por enquanto, vivemos de um curto passado de prosperidade ou pseudoprosperidade, um presente de desigualdade social e a beira de um colapso político e econômico, com um futuro duvidoso acerca das políticas econômicas e sociais e das inúmeras reformas que nunca dão o resultado esperado. Um subprime á Brasileira.......
 

Fernando Henrique da Conceição Dias é Economista, Mestrando em Economia pela UFMT, Pós graduado em Gestão de Projetos, Gerente Comercial e Especialista em crédito imobiliário e Graduando Superior em tecnologia de Gestão de cooperativas.
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